Técnica que usa pele de tilápia para tratar queimaduras testada no Brasil é aplicada em animais após incêndio florestal nos Estados Unidos
Veterinários do Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califória (CDFW, sigla em inglês) usaram uma técnica desenvolvida no Brasil por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará para salvar a vida de dois ursos e um puma feridos em incêndio florestal que atingiu o estado norte-americano em dezembro do ano passado. Os animais foram resgatados com graves queimaduras, grande parte na região das patas, e precisavam de um tratamento para sobreviver. A saída encontrada por Jamie Peyton, da Universidade da Califórnia, foi testar bandagens de pele de tilápia
Peyton criou um processo de esterilização das peles de tilápia e uma pomada caseira para as patas dos ursos. As peles, ricas em colágeno, em umidade e resistente à doenças, promovem a cicatrização com melhores resultados. No Brasil, vem sendo usada em substituição à pele de porco para o tratamento de queimadura em humanos. Já nos Estados Unidos, o procedimento ainda não é aprovado pela FDA (Agência sanitária estadunidense) e não tinha sido testada em pacientes veterinários.
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O primeiro urso encontrado foi uma fêmea adulta de 90 quilos, que apareceu em 9 de dezembro no quintal de uma casa abandonada. Sedada, foi transportada por sete horas entre as cidades Ojai e Rancho Cordova, onde está baseada a equipe da veterinária Deana Clifford, do CDFW. Algumas semanas depois, mais dois pacientes chegaram com queimaduras: um segundo urso adulto fêmea e um leão da montanha, todos tratados com a pele da tilápia. Para manter o material no local do ferimento, Jamie Pyton cortou peças da pele do tamanho exato das patas e as suturou sobre os ferimentos enquanto os animais estavam anestesiados. Bandagens adicionais de papel de arroz também foram colocadas.
Em poucas semanas, a pele dos três animais se recuperou e eles estavam prontos para a voltar à natureza. No dia 18 de janeiro, as duas ursas foram liberadas na região vizinha do incêndio, para que elas continuassem no mesmo habitat de antes. Os dois animais foram soltos a 8km de distância um do outro, anestesiados e colocados em tocas construídas pela equipe do Departamento de Vida Selvagem da Califória. Já o filhote de leão da montanha foi levado para um santuário de vida selvagem. Eles receberam colocares de monitoramento e câmeras foram instaladas nas proximidades do abrigo.
Redação com informações de O Globo
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