Artigo de Maria Bernardete Cordeiro de Sousa* para o Nossa Ciência
As origens da divulgação científica são referidas a partir da realização das Exposições Universais, cuja primeira ocorreu em 1851, na cidade de Londres, e que hoje correspondem, dentro de outros critérios, às Expo (exposições mundiais), mais voltadas para cultura, artes e economia . Neste evento pioneiro compareceram mais de 6 milhões de pessoas e o conteúdo desta e das demais exposições subsequentes, até os anos de 1950, trouxe ao público em seus pavilhões, produtos de divulgação de ciência, tecnologia, arte, cultura e elementos da natureza, muitos deles associados às atividades econômicas dos diferentes países participantes. Assim, a divulgação científica de grande proporções, a partir de eventos transitórios, data de mais de 160 anos!
Pesquisas recentes publicadas em 2014 referentes aos indicadores de Ciência e Engenharia do governo americano (http://www.nsf.gov/statistics/seind14), mostram que as fontes primárias de informações sobre novidades em Ciência e Tecnologia, bem como em tópicos científicos específicos, no período de 2001 -2012, passaram de fontes televisivas e impressas (jornais), para fontes virtuais utilizando a internet, com um crescimento deste último de 420% e redução média dos dois anteriores de 39 e 60% respectivamente. A divulgação científica requer que eventos complexos de domínio acadêmico sejam disponibilizados e colocados ao alcance da população de uma maneira geral, como forma de democratizar e viabilizar sua utilização pelo indivíduo, gerando ganhos pessoais de formação e atitude diante da sociedade; para elaboração de políticas públicas específicas para resolução de problemas do seu entorno, bem como pelos setores empresariais para que estes disponibilizem novos bens de consumo, mais avançados e a um menor custo, para permitir um acesso amplo da população.
Esta sintonia entre o conhecimento gerado e sua socialização, hoje ocorrendo muitas vezes em tempo real, permite, ou possui um potencial alto de permitir, um impacto de curto prazo, pois gera expectativas e tem a possibilidade de mobilizar o público e apresentar repercussões em ações governamentais e mudanças de paradigmas na gestão pública. Portanto, é importante que a divulgação científica seja cada vez mais ampliada, favorecendo, inclusive, o compartilhamento de informações entre populações vizinhas, uma vez que estas possuem um enlace regional de demandas comuns de bens e serviços.
Portanto, se faz necessário e urgente, que a sociedade se dê conta de que a ciência e tecnologia e seus desdobramentos em produtos e/ou processos inovadores, constituem um dos itens da pauta de forte investimento financeiro das nações mais desenvolvidas e, consequentemente, mais ricas e industrializadas. Um outro aspecto relevante é que as informações que chegam à população por meio da divulgação científica, desde que sejam ativamente assimiladas, têm o potencial de gerar na sociedade, um sentimento de identidade com o seu país-nação e com a comunidade científica, desde que esta se dê conta de que os problemas da sociedade, além de serem geridos pelas políticas sociais, compõem a pauta de atuação dos seus cientistas.
Maria Bernardete Cordeiro de Sousa é Titular do Instituto do Cérebro e Secretária Regional da SBPC-RN
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