Planeta água #HojeÉDiadeCiência

sexta-feira, 19 janeiro 2018

Vivemos no fundo de um oceano de ar (nossa atmosfera) e às margens de um oceano líquido, muito mais denso, turvo e desafiador. Nas águas do planeta navegam nossa origem, vida e história

Vivemos no terceiro planeta a partir do Sol. Visto do espaço distante, nosso mundo é como um singelo ponto de luz azulada. Nem parece que todas as pessoas de que já ouvimos falar estão somente ali. Foi graças à transparência de nossa atmosfera que pudemos contemplar o firmamento e aprender com ele – sobre nós mesmos.

Mas há outro universo tão belo e misterioso quanto o próprio céu – e ao alcance de nossos pés. Um vasto manto de água salgada cobre mais de 70% de toda a superfície desse mundo, que apenas pela conveniência humana passou a ser chamado de Terra.

Fotografia intitulada “Pálido ponto azul”, feita pela sonda Voyager 1 em 1990 a uma distância de 6 bilhões de km da Terra.

Vivemos no fundo de um oceano de ar (nossa atmosfera) e às margens de um oceano líquido, muito mais denso, turvo e desafiador. Não conseguimos transpassá-lo com um simples olhar, como fazemos ao descobrir algumas maravilhas do universo do quintal de nossas casas. Nossa origem, nossa história e nossa vida, porém, está profundamente ligada aos mares.

Fogo e água

Bem abaixo de nossos pés existe ainda outro mar, mil vezes mais terrível que o pior pesadelo de um marujo. Elementos radioativos transportados para as profundezas do planeta durante sua formação são a principal fonte de calor dos oceanos de lava que percorrem furiosos as entranhas deste aparentemente sólido planeta Terra.

A espessura da crosta sólida sobre a qual vivemos nossas vidas não tem mais que uns 5 km de espessura no fundo dos oceanos, e algumas dezenas de quilômetros nos continentes. É como se vivêssemos orgulhosos sobre uma casca mais fina que a de uma maçã comparada ao restante da fruta.

Camadas da Terra (Google imagens)

Boa parte dos gases vulcânicos contém vapor d’água e as condições de pressão e temperatura da Terra fizeram-no passar para o estado líquido. Foi assim que pouco a pouco as depressões da antiga crosta terrestre se transformaram nos oceanos, há mais de 3,5 bilhões de anos.

O desenvolvimento da vida na Terra se deve a uma faixa de pressões e temperaturas favorável à química dos compostos de carbono e, sem dúvida alguma, à abundância de água no estado líquido, rigorosamente indispensável à vida tal qual a conhecemos.

Cada um de nós é uma prova viva da importância da água. Nossos corpos contêm 2/3 desse líquido. Sem água não existiríamos.

Bacia hidrográfica do Rio Amazonas, cujo volume interfere na gravidade terrestre. (Foto: Google imagens)

Ao sabor da maré

A água líquida exerce ações físicas importantes no mundo. As chuvas erodem o solo e a água se infiltra nele, dissolvendo e alterando os minerais. Mais profundamente, a água alimenta os lençóis subterrâneos e as nascentes dos rios.

O pesado rio Amazonas, por exemplo, que supera o Nilo tanto em volume de água quanto em extensão, chega a influenciar a gravidade terrestre.

A profundidade média dos oceanos é de 3,6 km. Todos eles estão interligados formando uma grande massa global de água, para a qual os continentes não passam de ilhas.

Os oceanos em movimento criam “protuberâncias” correspondentes aos estados da maré, produzidos pela ação gravitacional conjunta da Lua e do Sol. A fricção das águas no fundo dos mares reduz a velocidade de rotação da Terra, prolongando a duração do dia em um milésimo de segundo a cada 50 anos.

É o planeta água seguindo seu curso no espaço, como uma garrafa boiando ao sabor das correntes marítimas. Dentro dela, a história de cada um de nós.

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Leia o texto A estrela mais próxima do sol, do mesmo autor

José Roberto de Vasconcelos Costa, de Astronomia no Zênite - www.zenite.nu

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