Nossa Ciência relembra as matérias mais significativas de 2017
Diariamente, o DNA de cada pessoa sofre milhares de lesões. São danos ocasionados tanto pelo contato com agentes químicos ou radioativos como por pequenos problemas resultantes do próprio metabolismo celular. Essas lesões são corrigidas por um sofisticado mecanismo de autorreparo: um conjunto de genes identifica os erros e aciona outro grupo para corrigi-los. Com isso, previnem-se mutações e o desenvolvimento de cânceres.
Duas pesquisas recém-concluídas no Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal do Ceará (UFC) investigaram a expressão desses genes de reparo em agricultores cearenses da região da Chapada do Apodi expostos ao uso de agrotóxico. Ambas constataram que alguns genes de reparo estão menos presentes nesse grupo e que há uma relação entre o tempo de contato com os agrotóxicos e essa redução.
“Este é o primeiro trabalho da literatura mundial a demonstrar que os genes de reparo do DNA estão down regulated em agricultores expostos a agrotóxicos”, diz uma das autoras, a pesquisadora Marília Braga Costa. “Essas pesquisas são elementos importantes em sugerir os efeitos maléficos da exposição a agrotóxicos. Elas alertam para a necessidade urgente de proteção dos agricultores que lidam diária e diretamente com esses agentes químicos”, avalia o professor Ronald Feitosa, orientador dos trabalhos.
A Chapada do Apodi foi escolhida por ser um dos principais produtores agrícolas do Estado e uma área em que há forte uso de agrotóxicos. Com exceção dos trabalhadores da agricultura ecológica, todos já haviam tido algum tipo de contato com o produto, 48% dos quais tiveram contato direto.
A primeira pesquisa concentrou-se nos genes que reparam lesões ocorridas em uma das fitas do DNA. A segunda no mecanismo de correção de lesões nas duas fitas do DNA.
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