Na última coluna de 2017, o astrônomo José Roberto de Vasconcelos Costa descreve os tipos de movimento feitos pela Terra no sistema solar, que variam em duração e complexidade.
A Terra se move, nós sabemos disto. Mas essa não é, de modo algum, uma conclusão óbvia. Amanhece o dia e vemos o Sol se erguer ao Leste. Depois ele cruza o céu e se põe sobre o horizonte oposto.
É quando surge a escuridão da noite e então as constelações se deslocam em arcos de um lado para o outro do céu. Bandos de estrelas que nos saúdam noite após noite, junto com a Lua, que segue o mesmo caminho do Sol e muitas vezes divide o dia com ele.
Não sentimos a Terra girar, embora ela o faça a mais de 450 metros por segundo, na altura do equador. No entanto, do ponto de vista astronômico, a Terra executa 3 (três) movimentos, todos eles periódicos. Vamos conhecê-los.
Translação
Um deles é o movimento orbital, ou seja, movimento de revolução (termo mais correto que translação) em torno do Sol, cuja duração é de aproximadamente 365 dias – ou um ano.
A velocidade orbital sofre uma pequena variação ao longo desse período. Isso está de acordo com as chamadas Leis de Kepler. Primeiro, a órbita da Terra (ou de qualquer planeta) não é um circulo perfeito, mas uma elipse.
Numa elipse existe não um, mas dois “centros”, que são chamados focos. O Sol fica num dos focos (o outro é vazio). Quando está mais perto do Sol a Terra avança mais rapidamente que quando está mais afastada.
Na prática a elipse da órbita terrestre é muito pouco alongada – parecendo mesmo com uma circunferência.
Rotação
Nosso planeta também gira em torno de seu próprio eixo (o que proporciona o efeito do nascer e do pôr do Sol, por exemplo). Este é o movimento rotacional, cuja duração é de aproximadamente um dia, ou mais precisamente 23 horas e 56 minutos.
Com respeito à rotação, porém, a velocidade da Terra é praticamente a mesma. Curiosamente há uma variação bem pequena que faz com que nosso planeta gire mais devagar durante o verão austral (inverno no hemisfério norte).
Precessão
A Terra ainda apresenta um último movimento, o movimento de precessão, equivalente ao balançar de um pião enquanto gira. E, de fato, este é um movimento do eixo de rotação da Terra em relação ao plano da sua própria órbita.
É também o mais longo dos três movimentos da Terra, sua duração é de aproximadamente 26.000 anos.
Cada um desses movimentos ainda pode ser dividido em componentes – que não constituem movimentos distintos, apenas uma maneira de representar um movimento complexo através da sobreposição de movimentos mais simples, como se você dividisse o seu movimento
ao correr ou caminhar, por exemplo, no movimento quase circular do sobe e desce dos pés, na oscilação para a direita e para a esquerda dos quadris, no deslocamento do corpo para frente, etc.
Por último, ainda se pode pensar num quarto movimento, a revolução da Terra em torno do centro da Via Láctea, a nossa galáxia. Mas este não é um movimento próprio da Terra. Nesse caso quem se move é o Sol.
Nosso planeta (e demais corpos do Sistema Solar) apenas acompanha obedientemente o astro-rei, que leva não menos que 250 milhões de anos para dar uma volta completa em volta do centro da Via Láctea. Considerando esse “ano cósmico” somos, todos, muito jovens!
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José Roberto de Vasconcelos Costa