O aumento nos casos da Síndrome Guillain-Barré durante o surto do Zika Vírus e Chikungunya entre 2014 e 2015 foi ponto de partida para a pesquisa
Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em parceria com a universidade britânica Imperial College London, deu o primeiro passo para compreender mais a Síndrome de Guillain-Barré (SGB). A doença, que já era relacionada ao Zika Vírus, foi relacionada, pela primeira vez, ao Vírus Chikungunya. Os resultados foram divulgados na revista científica norte-americana The Lancet.
A SGB é uma doença autoimune que ocorre quando o sistema imunológico do corpo ataca parte do próprio sistema nervoso por engano. Isso leva à inflamação dos nervos, que provoca fraqueza muscular. Os sintomas se manifestam inicialmente nos membros inferiores até se espalhar para o restante do corpo.
Após a análise de dados epidemiológicos da Polinésia Francesa, em que 42 pacientes foram diagnosticados com a Síndrome de Guillain-Barré, percebeu-se que todos apresentavam anticorpos para o Zika Vírus. Isso serviu de base para que também fosse feita uma associação entre o Zika Vírus e o aumento dos casos de SGB durante o surto ocorrido no Brasil entre os anos de 2014 e 2016.
Segundo Roque Pacheco de Almeida, chefe do laboratório de biologia molecular do Hospital Molecular da UFS, foi percebido um aumento nos casos de SBG quando houve aumento nos casos de Zika. A síndrome, que tinha uma quantidade estável de afetados no país, teve aumento em vinte vezes nos casos, quando comparados os dados do sudeste e nordeste.
O tratamento é feito com a retirada desses anticorpos que estão causando a doença, por meio físico, ou dando para o paciente uma elevada quantidade de anticorpos de pessoas sadias, que vai repor esse ambiente e impedir que ambos convivam no mesmo espaço.
Sobre as principais vítimas da síndrome, Roque Pacheco lembra que toda doença infecciosa depende de fatores ambientais e genéticos, por isso é difícil determinar em quem ela irá se manifestar.
Ineditismo
Na parceria com a universidade britânica, foram analisados os casos da Paraíba e de Sergipe, depois a publicação foi feita como um relato de caso. A pesquisa é inédita porque antes a síndrome era associada apenas ao Zika e hoje ela pode ser associada também à Chikungunya. Até então, não havia sido feita qualquer relação entre esta e a síndrome.
Os dados brasileiros revelaram que durante o ano de 2016 a Paraíba apresentou 9.479 casos de Chikungunya e 1.223 casos de Zika. Também foram registrados 13 casos de SGB na mesma região, sendo que dentre esses, 10 foram em decorrência de infecção com Chikungunya, dois por dengue e um por Zika. Segundo Roque Pacheco, essas estatísticas revelam uma situação preocupante.
Próximos passos
O pesquisador conta que agora os estudos buscarão entender porque as pessoas infectadas pelo Zika tiveram microcefalia ou SGB. Através de um estudo genético, tentarão detectar alterações que tenham permitido que essas pessoas- no caso, crianças – fossem diagnosticadas com microcefalia.
Redação com Informações do Portal UFS
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