Contos de uma noite estrelada #HojeÉDiadeCiência

sexta-feira, 8 dezembro 2017
A noite estrelada é uma das telas mais famosas do pintor Van Gogh

Remetendo à noite estrelada, de Van Gogh, o colunista lembra que nos dias 13 e 15 de dezembro, a Lua servirá de guia para ver Júpiter e Marte brilhando na madrugada.

Num dos trabalhos mais impressionantes de Van Gogh, o firmamento é retratado com pinceladas fortes, onde as estrelas são manchas num céu tumultuado, com um halo sombrio contornando a Lua. A “Noite estrelada”, de 1889, é considerada uma das obras de arte mais importantes do século XIX, mas é apenas um dos feitos do célebre pintor holandês que exalta aspectos do céu.

O Sol, a Lua e as estrelas são presença constante na história da arte, como elemento inspirador de pintores, poetas, escritores e toda a sorte de artistas deste mundo. Também pudera; há algo tão vasto e fascinante quanto um céu estrelado? Talvez, somente o mar, outra imensidão exaltada freqüentemente nas artes.

Porém – verdade seja dita – o espaço é infinitamente maior que a soma de todos os oceanos do mundo. E também é “habitado” por uma variedade imensa de “criaturas”, entre planetas e nebulosas, galáxias e quasares, buracos negros e outros personagens exóticos.

Tesouros à mostra

Para sabermos que esses objetos existem, nem sempre é preciso mergulhar os olhos nos telescópios mais poderosos. Às vezes, basta contemplar o mesmo céu estrelado de Van Gogh – a olho nu. Bem ali, diante de nossa vista erguida, entre os milhares de pontinhos brilhantes que acreditamos serem sempre estrelas, estão os planetas, por exemplo.

Para começar, todos os planetas que podemos ver a olho nu (alguns se destacam mais que a estrela mais brilhante) estão em órbita do Sol, assim como a Terra. Mas são apenas cinco os que podem ser vistos no céu sem auxílio de uma luneta. Então, como identificá-los em meio as estrelas?

Por incrível que pareça, não é difícil. Planetas não piscam. Seu brilho é estático, e não cintilante como o das estrelas. Isso porque o piscar – a intermitência luminosa de um objeto no céu – é resultado da turbulência constante em nossa atmosfera.

Planetas vistos a olho nu

A luz que vem das estrelas é praticamente pontual porque, de tão distantes, seus tamanhos acabam sendo desprezíveis. O piscar acontece porque a atmosfera é estratificada, dividida em camadas, e porque o objeto em questão está muito longe ou é muito pequeno, sendo observado com um ponto.

É a diferença de refração de cada camada que faz com que os raios de luz desses objetos sejam desviados continuamente antes de chegar aos nossos olhos. Por isso sua imagem escapa continuamente e ele pisca. No fim, tudo não passa de uma ilusão (no espaço, onde não existe atmosfera, os astronautas não veem o cintilar das estrelas).

Com os planetas é diferente. Como estão muito mais perto, seus tamanhos devem ser considerados. Planetas não são vistos como pontos, mas como pequenos discos. É por causa disso que no mesmo instante em que um raio de luz vindo de um planeta foge dos seus olhos, outro ocupa o lugar.

Portanto, na pior das hipóteses (atmosfera poluída e muito turbulenta) um planeta “se sacode” por um instante ou outro, mas não cintila.

Outra dica: os planetas estão sempre ao longo da mesma trajetória aparente que o Sol percorreu durante o dia, que é também o mesmo caminho da Lua no céu (o zodíaco). Assim, não espere ver um planeta perto da constelação do Cruzeiro do Sul, por exemplo.

Melhor que isso só sabendo que entre a próxima quarta-feira e sexta-feira (13 e 15) a própria Lua lhe servirá de guia para encontrar Júpiter e Marte, no final da madrugada, brilhando em sua vizinhança daquele modo inconfundível que só os planetas brilham. Não pisque e encontre dois planetas de uma só vez na sua própria noite estrelada!

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José Roberto de Vasconcelos Costa, de Astronomia no Zênite - www.zenite.nu

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