Pesquisadores do Labomar publicam estudo sobre medidas de conservação para os mangues do litoral brasileiro
Yara Schaeffer Novelli define um manguezal como um “ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés”. De acordo com mapeamento de 2009 do Ministério do Meio Ambiente (MMA), os manguezais abrangem cerca de 1.225.444 hectares em quase todo o litoral brasileiro, desde o Oiapoque, no Amapá, até a Laguna em Santa Catarina, constituindo zonas de elevada produtividade biológica.
Considerando a importância desses ecossistemas e as recentes ameaças decorrentes das mudanças de legislação e da falta de dados espaciais e socioeconômicos para planejar a conservação dos manguezais no Brasil, pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar – Labomar, em parceria com Rebecca Borges, da Universidade de Bremen (Alemanha), publicaram o artigo “Systematic planning and ecosyste-based management as strategies to reconcilie mangrove conservation with resource use” (Planejamento sistemático e gerenciamento baseado em ecossistemas como estratégias para reconciliar a conservação de manguezais com uso de recursos), na revista Frontiers in Marine Sciences, do Nature Publishing Group.
No artigo, os pesquisadores mencionam que cerca de 120 milhões de pessoas em todo o mundo vivem em áreas muito próximas (cerca de 10 km) de grandes manguezais e muitas delas dependem diretamente dos bens e serviços fornecidos por esses ecossistemas. Todavia, a influência do contexto socioeconômico das populações humanas nas políticas de conservação de manguezais, bem como os desafios associados à incorporação dessa influência, são subestimados ou, muitas vezes, ignorados. Os pesquisadores buscaram, então, entender quais são as estratégias mais eficientes para a conservação, visando a sua adoção pela sociedade.
Os resultados indicaram que as melhores estratégias para conservação dos manguezais consistem em entender suas conexões com outros ecossistemas vizinhos (como praias, dunas e rios) e adotar uma perspectiva ampla que proteja de fato esses sistemas.
O professor do Labomar Luiz Drude de Lacerda, um dos autores do artigo e também pesquisador 1A do CNPq, explica que a conservação insatisfatória contribui para a degradação ambiental, da saúde pública e da qualidade de vida das comunidades que dependem do mangue. “No artigo comparamos as estratégias adotadas no Brasil e em outras regiões do mundo para ver semelhanças e diferenças e as medidas mais eficientes. Observamos que a vulnerabilidade das leis e a falta de adoção de aspectos sociais e ecológicos nas estratégias de conservação são um fator limitante para a eficiência dessas medidas. É um desafio do poder público, privado e da sociedade cuidar melhor dessas áreas para evitar a degradação dos manguezais”, comenta.
Leia o artigo Systematic planning and ecosystem-based management as strategies to reconcile mangrove conservation with resource use pode ser lido na íntegra (em inglês).
* Com informações da Universidade Federal do Ceará (UFC).
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Giselle Soares