Neith, a misteriosa lua de Vênus #HojeÉDiadeCiência

sexta-feira, 27 outubro 2017

Nessa edição da coluna HojeÉDiadeCiência os relatos de diferentes astrônomos sobre um pequeno astro girando próximo ao planeta Vênus

Durante o ano de 1672, Giovanni Domenico Cassini, um dos mais proeminentes astrônomos de seu tempo, relatou ter visto um pequeno astro girando em companhia do planeta Vênus.

Mas até então Vênus, a exemplo de Mercúrio, não tinha satélites. Cassini agiu com prudência e decidiu não anunciar publicamente sua observação. Passaram-se 14 anos até 1686, quando ele viu novamente o misterioso objeto e decidiu falar.

Em sua observação, o suposto satélite mostrava-se com a mesma fase que o planeta Vênus e parecia ter cerca de 1/4 de seu diâmetro.

Lua ou planeta?

O astro também foi observado por outros astrônomos, como James Short, em 1740, Andreas Mayer, em 1759 e ainda J. L. Lagrange, em 1761, que relatou que o plano orbital do satélite era perpendicular ao plano da órbita terrestre.

Durante o ano de 1761, o objeto foi visto num total de 18 vezes, por cinco diferentes astrônomos. Em junho desse ano ocorreu um trânsito de Vênus, isto é, a passagem de Vênus diante do disco solar… E ele estava em companhia de sua lua!

Nos anos seguintes as observações continuaram. Afinal, não era difícil ver a “lua de Vênus”. Porém, em 1766, o diretor do Observatório de Viena publicou um artigo onde declarava que todas as observações do suposto satélite não passavam de uma ilusão de ótica – a imagem de Vênus era tão brilhante que refletia no olho do observador, voltando ao telescópio e criando uma imagem secundária em menor escala.

A misteriosa deusa Neith

Em 1884 o diretor do Royal Observatório de Bruxelas, M. Hozeau, sugeriu uma explicação diferente. Analisando os dados de observações recentes, Hozeau concluiu que o objeto não era uma lua de Vênus, mas um planeta em si, orbitando o Sol em 283 dias, e dessa forma aparecendo próximo a Vênus a cada 1080 dias.

Hozeau deu ao objeto o nome de Neith, a misteriosa deusa egípcia dos céus, cujo véu nenhum mortal poderia retirar.

Sem deixar pistas

Três anos mais tarde a Academia de Ciências da Bélgica publicou um longo artigo onde cada observação anterior de Neith era analisada em detalhes. Algumas, de fato, acabaram se revelando meras estrelas que aparentavam estar na vizinhança de Vênus (quando, na realidade, estavam anos-luz mais distantes).

Depois disso apenas mais um artigo foi publicado em 1892. Foi quando Edward E. Barnard  (de que já falamos numa coluna anterior – A incrível estrela de Barnard) relatou um objeto de brilho fraco próximo a Vênus. Não havia nenhuma estrela na posição apontada por Barnard – e ele era um excelente observador.

Até hoje ninguém sabe o que era. Poderia ser um asteróide não catalogado ou uma estrela nova de vida curta, que ninguém mais observou. Neith nunca mais foi vista.

Do site Astronomia no Zênite – www.zenite.nu

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Se você ainda não leu a coluna da semana passada, leia agora.

 

José Roberto Costa

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