Estudos são desenvolvidos pelo Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo do Instituto de Geociências, da UFBA
A busca por produtos tecnológicos eficientes, economicamente viáveis e de fácil aplicação para remediar áreas costeiras afetadas por derramamentos de petróleo e seus derivados, e que também aumentem a qualidade de vida das comunidades e ecossistemas desses ambientes, norteia os estudos desenvolvidos pelo Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo do Instituto de Geociências (IGEO), da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
As pesquisas do grupo d UFBA serão apresentadas no capítulo “Investigation of Hydrocarbon Sources and Biotechnologies Applications in Todos os Santos Bay, Brazil” (Investigação de Fontes de Hidrocarbonetos e Aplicações de Biotecnologias na Baía de Todos os Santos, Brasil), do livro Oil Spill Environmental Forensics Case Studies (Estudos de Casos Forenses Ambientais de Derrames de Petróleo), cujo lançamento é previsto para o final desse mês de outubro.
“Figurar nessa obra – organizada pelos cientistas Scott Stout e Zhendi Wang, que são altamente especializados em técnicas forenses utilizadas em investigações de derrames de petróleo – demonstra o reconhecimento das nossas pesquisas nessa área e que nossa experiência também será utilizada como um recurso valioso em todo o mundo”, afirma a diretora do IGEO/UFBA, professora Olívia Oliveira.
O capítulo que tem como coautores, os pesquisadores Antônio Fernando de Souza Queiroz, Ícaro Thiago Andrade Moreira, Danúsia Ferreira Lima, Carine Santana Silva e Claudia Yolanda Reyes, relata mais de uma década de trabalho do Grupo de Pesquisa “Remediação de Áreas Impactadas por Petróleo”, credenciado pelo Conselho Nacional de Pesquisa, que atualmente é chamado de Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e liderado pela professora Olívia. Ela informa que “o foco são estudos geoquímicos marinhos que embasam e fundamentam processos a fim de desenvolver bioprodutos de remediação, a nível laboratorial e de bancada”.
Técnicas biotecnológicas
O maior objetivo é promover procedimentos práticos de recuperação de áreas afetadas por derramamentos de petróleo e/ou seus derivados, pois segundo Olívia, “espera-se que, se as técnicas biotecnológicas forem utilizadas de uma forma sequenciada, aumentará significativamente a degradação das diferentes concentrações e composições do petróleo, em menores tempos”.
As vantagens dessas biotecnologias desenvolvidas é que elas “são únicas no mundo, podendo ser aplicadas em diferentes matrizes ambientais, provenientes de ambientes costeiros, utilizando diferentes tipos de petróleo, destaca Oliveira, explicando que podem ser usadas em diferentes condições, nas quais os sistemas desenvolvidos são controlados e redimensionados para situações ambientais distintas”. Desse modo, os resultados alcançados “trazem retorno e soluções importantes para auxiliar na resolução de problemas ambientais relacionados à poluição por petróleo nos ambientes costeiros da Baía de Todos os Santos, por conta de sua infraestrutura analítica única e da expertise já adquirida no desenvolvimento de técnicas de remediação”, diz a professora, citando que tais avanços tornam os pesquisadores do Instituto de Geociências da UFBA, uma referência mundial na área de Geoquímica do Petróleo e Ambiental.
A relevância dos estudos, que estarão no livro lançado pela Editora Butterworth–Heinemann do grupo Elsevier, pode ser compreendida porque leva em conta a Baía de Todos os Santos (BTS), que é considerada a maior e mais importante baía navegável ao longo da costa tropical do Brasil e tem grande importância socioeconômica e ambiental para as comunidades do recôncavo baiano. Além disso a BTS está cercada por uma das maiores áreas metropolitanas do país, onde vivem cerca de 3,6 milhões de habitantes que desenvolvem atividades de pesca, culturais e desportivas, em meio a uma densa industrialização, que impacta na degradação dos ecossistemas costeiros. Atualmente, a BTS abriga também, o maior complexo petroquímico do hemisfério sul; indústrias associadas com produtos químicos, metais, alimentos e fertilizantes, além de grandes portos para exportação de produção nacional, explicou a professora.
Mais de dez anos de pesquisa
Os resultados delineados no capítulo Investigation of Hydrocarbon Sources and Biotechnologies Applications in Todos os Santos Bay, Brazil” refletem estudos de mais de uma década de investimento em pesquisas desenvolvidas no Centro de Excelência do IGEO/UFBA. Assim como os demais cientistas que, na obra, abordam estudos de casos com apresentação de técnicas para identificação, caracterização e recuperação de áreas impactadas por derrames de petróleo, além de apresentar pesquisas forenses ambientais, os pesquisadores do Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo do IGEO/UFBA expõem as principais soluções biotecnológicas desenvolvidas, patenteadas, testadas e publicadas pelo grupo, que mantém uma “intrínseca relação dos pesquisadores com os Programas de Pós-Graduação em Geoquímica: Petróleo e Meio Ambiente e em Geologia do IGEO/UFBA, como destaca a professora Olívia.
A titulação “Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo” foi dada ao complexo instrumental/analítico do Laboratório de Estudos do Petróleo (LEPETRO) do Instituto de Geociências, em 2014, conta a professora lembrando que as pesquisas que embasam a publicação começaram a ser desenvolvidas desde 2001 na infraestrutura laboratorial. Naquele ano, a viabilidade das pesquisas se consolidaram a partir da concessão de recursos para a execução de projetos, direcionadas para a área da Geoquímica do Petróleo, quando integrou cientistas das Regiões Norte-Nordeste e Sudeste, que estiveram reunidos entre 2001 e 2014 na Rede Cooperativa em Recuperação de Áreas Impactadas por Atividades Petrolíferas-RECUPETRO, custeada pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP-CT-Petro-CNPq), contando ainda com apoio financeiro da Petrobras.
Multidisciplinaridade
A RECUPETRO reuniu mais de 200 pesquisadores de diversas instituições científicas e tecnológicas do país, o que favoreceu sua articulação em nível nacional e internacional. Em 2007, a Petrobras, reconhecendo a competência técnica do grupo de pesquisadores, do Instituto de Geociências da UFBA, apoiou a construção de um espaço que permitiu ampliar o parque analítico do núcleo, tornando-o um centro de apoio técnico e científico às atividades da empresa na Região Nordeste. Em 2009, o grupo foi credenciado junto à ANP, ratificando a competência relacionada com “Temas Transversais”, e evidenciando seu caráter multidisciplinar.
Em 2010, foi firmado um convênio para desenvolvimento do projeto “Ampliação e Implementação de Infraestrutura do Laboratório de Estudos do Petróleo (LEPETRO), Região Nordeste do Brasil”, permitindo ampliação da sua área física. Recursos oriundos de Projetos financiados pelo CNPq, a exemplo do “Desenvolvimento de multibioprocesso de remedição aplicável em áreas costeiras impactadas por atividades petrolíferas – DEMBPETRO” têm gerado pesquisas especializadas e direcionadas às temáticas de exploração e meio ambiente. Em 2011, foi firmado convênio para desenvolvimento do Projeto PETROTECMANGUE-BASUL. Tais projetos geraram dissertações de mestrado, teses de doutorado, livros, patentes e etc., a exemplo daquelas divulgadas no capítulo que será publicado.
Em 2014, foi assinado outro convênio para o desenvolvimento do projeto “Formação do Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo do IGEO/UFBA-GEOQPETROL”, que permitiu a ampliação de pesquisas na área de exploração, notadamente voltadas para os estudos geológicos, de geoquímica orgânica e da modelagem geoquímica de sistemas petrolíferos, em bacias sedimentares brasileiras. Parte desses estudos tiveram uma vertente de investigação em parceria com o Centre for Offshore Oil and Gas Environmental Research (COOGER) do Governo Canadense, em forma de parceria estabelecida com fins de integração e cooperação técnica / acadêmica.
Redação com informações da Ascom/UFBA
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