Óleo extraído de erva cidreira pode auxiliar agricultores no combate a pragas Pesquisa

quarta-feira, 11 outubro 2017
Erva-cidreira-brasileira, planta utilizada como matéria-prima da pesquisa

Componente encontrado na planta potencializa ação formicida, afirmam pesquisadores

O óleo essencial extraído da erva-cidreira-brasileira (Lippia alba) está se revelando um eficiente inseticida. Utilizado por pequenos produtores na agricultura orgânica, o óleo tem uma rica presença de carvona, composto que potencializa a ação inseticida dos óleos essenciais, como aponta a pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Sergipe (UFS).

A pesquisa é realizada pelos estudantes José Carlos Freitas de Sá Filho, Luís Fernando de Andrade Nascimento, Vanderson dos Santos Pinto, Alisson Marcel Souza de Oliveira e pelo orientador Arie Fitzgerald Blank. O grupo fez testes no gorgulho do milho e carrapato bovino, que demonstraram a ação inseticida da carvona, um dos compostos presentes no óleo essencial extraído da erva-cidreira-brasileira. A ideia era que houvesse melhoramento e obtenção de uma progênie que apresentasse maior concentração de carvona no óleo essencial da planta.

Metodologia

De acordo com José Carlos, foi feito um cruzamento natural de quatro acessos, código das plantas identificadas pelo Banco de Germoplasmas da UFS, através da estaquia da planta. “Sete de cada uma formaram 28. Desses 28, a gente dispôs no campo de maneira que um não ficasse ao lado do outro. Ao final, quando as sementes atingiram o ponto de maturação, a gente recolheu com cuidado para não misturar essas sementes, identificamos com o número da planta-mãe e colocamos em vasos”, explica o pesquisador.

Pesquisador José Carlos. Foto: Adilson Andrade – Ascom/UFS.

As sementes que germinaram foram nomeadas e das que se desenvolveram o grupo de pesquisa obteve progênies. A partir daí foi feita uma competição de clones em experimento de campos para saber quais eram as melhores progênies de acordo com a morfologia (maior e menor porte, quais eram mais enramadas, tamanho da folha), agronomia (quantidade de folhas recolhidas e que foram secas) e a quantidade de óleo essencial que cada planta rendeu. “Dentro desse rendimento, a gente relaciona a quantidade de massa seca com o rendimento do óleo. Quando a gente obteve o óleo, avaliamos quimicamente quais são os compostos dele”, completa José Carlos.

Banco de Germoplasma

Atualmente, a pesquisa está focada na utilização do óleo essencial rico em carvona para as formigas cortadeiras. De acordo com o orientador da pesquisa Arie Fitzgerald Blank, já existem atividades com óleo essencial destinadas a carrapatos e pragas, mas como formicida é diferente. “Alguns progênies que a gente testou demonstraram uma grande mortalidade das formigas. Então, é bastante promissor que no futuro possa ter um produto que controla formigas cortadeiras através do óleo essencial dessa planta [erva-cidreira-brasileira]”, destaca o professor.

De acordo com o orientador Arie Blank, o foco atual da pesquisa é a utilização do óleo para formigas cortadeiras.

Localizado no campus Rural da UFS, o Banco de Germoplasma é um espaço de armazenamento do material genético das plantas medicinais aromáticas. De acordo com Arie, após serem identificadas, cada planta recebe um código (acesso) e é colocada em coleções que facilitam a busca para utilização. “A gente tem o processo de conservação dessas espécies, que podem ser perdidas pela especulação imobiliária. São mais de dez anos de trabalho de conservação do material genético dessas plantas do país”.

Trabalho premiado

Após apresentações em eventos científicos realizados na UFS, a pesquisa foi indicada para a Jornada Nacional de Iniciação Científica da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC). “Eu esperava esse prêmio porque a gente acredita no potencial do trabalho. Foi uma honra para mim estar representando o grupo de pesquisa e a UFS. Para gente, isso é uma vitrine para expor o trabalho e para que isso aguce a curiosidade de outras pessoas”, ressalta José Carlos.

Para o orientador, o foco da pesquisa é oferecer oportunidades para os pequenos produtores e o prêmio “vem para coroar uma linha de pesquisa que é única no país”. “Esse programa de melhoramento, no futuro, vai poder favorecer os pequenos produtores de agricultura orgânica, ou seja, não pensar em algo para quem é rico, mas para os pequenos [agricultores] que podem usar uma planta medicinal para controlar as pragas na cultura dele. A universidade tem a obrigação de oferecer possibilidades para os pequenos produtores conseguirem produzir também é de forma orgânica”, afirma Arie Blank.

 

Redação com informações da Ascom/UFS

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