Em carta ao presidente Michel Temer, cientistas protestam contra cortes nos recursos do MCTIC e alertam para prejuízos ao futuro do país
Circula na internet a carta assinada por 23 ganhadores de Prêmios Nobel que foi enviada ao presidente Michel Temer, na última sexta (29). O documento expressa a preocupação dos cientistas com o desmantelamento de grupos brasileiros de pesquisa internacionalmente reconhecidos por seus trabalhos. O motivo da carta são os cortes orçamentários que vêm sendo realizados pelo governo federal no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) em 2017, com expectativa de mais cortes em 2018.
Reconhecendo que o Brasil passa por grave crise financeira, os laureados lembram que outros países com o mesmo problema chegaram a fazer cortes na ordem de 5% a 10%, mas que o contingenciamento superior a 50%, como o que está proposta para o MCTIC “é impossível de acomodar e vai causar sérios prejuízos ao futuro do país”.
SBPC RN
Para o coordenador regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência no Rio Grande do Norte (SBPC-RN), John Fontenelle, a repercussão nacional e internacional gerada a partir da divulgação da carta pode levar o governo a reconsiderar o atual corte em 2017 e o de 2018. “Isto é mínimo que um chefe de Estado poderia fazer neste momento”, acredita.
A expectativa da SBPC-RN é que a divulgação da carta também funcione como instrumento de pressão da comunidade científica para convencer deputados e senadores a manterem recursos suficientes para a ciência e tecnologia no orçamento de 2018. “Esperamos que este documento sensibilize o presidente e a equipe econômica a reconsiderar os atuais cortes no orçamento na área de ciência e tecnologia”, afirmou o coordenador.
Signatários
Estão entre os signatários da carta, quatro ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina, oito de Química e 11 de Física. Saiba quem são os cientistas estrangeiros que estão pedindo ao governo brasileiro que reconsidere a decisão de manter os cortes, antes que seja tarde demais.
MEDICINA: Harold Varmus, Nobel 1989, Weill Cornell Medicine, New York, EUA; Jules Hoffmann, Nobel 2011, França; Tim Hunt, Nobel 2001, Institute Francis Crick, Reino Unido; Torsten Wiesel, Nobel 1981, The Rockfeller University, EUA.
QUÍMICA: Martin Chalfie, Nobel 2008, Columbia University, New York, EUA; Johann Deisenhofer, Nobel 1988, University of Texas Southwestern Medical Center EUA; Robert Huber, Nobel 1988, Max Planck Institute of Biochemistry, Alemanha; Ada Yonath, Nobel 2009, Weizmann Institute of Science, Israel; Dan Shechtmann, Nobel 2011, Technion-Israel Institute of Technology, Israel; Venkatraman Ramakrishnan, Nobel 2009, MRC Laboratory of Molecular Biology, Reino Unido; Jean-Marie Lehn, Nobel 1987, França; Yuan T. Lee, Nobel 1986, Academia Sinica, Taiwan.
FÍSICA: Albert Fert, Nobel 2007, Unité Mixte de Physique CNRS-Thales, França; David Gross, Nobel 2004, University of California, EUA; Professor Serge Haroche, Nobel 2012, Ecole Normale Supérieure, França; Claude Cohen-Tannoudji, Nobel 1997, Ecole Normale Supérieure, França; Andre Geim, Nobel 2010, University of Manchester, Reino Unido; Robert B. Laughlin, Nobel 1998, McCullough blg-Stanford University; Frederic Duncan M. Haldane, Nobel 2016, Princeton University, EUA; Klaus von Klitzing, Nobel 1985, Max Planck Institute for Solid State Research, Stuttgart-Alemanha; Arthur McDonald, Nobel 2015, Canadá; Takaaki Kajita, Nobel 2015, The University of Tokyo; Jerome Friedman, Nobel 1990, Sequoia Hall-Stanford University.
Veja a carta na íntegra em inglês.
Mônica Costa
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