Nessa edição da coluna, José Roberto nos apresenta a segunda estrela mais próxima do Sol que foi estudada pelo astrônomo Edward E. Barnard
Estrelas são sóis distantes. Gigantescas bolas de gás, sobretudo hidrogênio, brilhando com a energia de reações nucleares que ocorrem constantemente em seu interior.
Muita gente confunde estrela com meteoro – a popular “estrela cadente” – que risca o céu numa fração de segundo ao penetrar em nossa atmosfera, queimando com seu rastro de luz.
Mas, as estrelas de verdade não ficam tão perto. A mais próxima, o Sol, brilha a 150 milhões de quilômetros de nossa pele. E isso não é nada perto dos 40 trilhões de quilômetros que nos separam da segunda estrela mais próxima, Alfa do Centauro.
Vistas assim, de tão longe, as estrelas acabam sendo chamadas de “fixas”, dada a grande dificuldade em percebermos seu movimento próprio. No entanto, elas se movem. Embora boa parte delas se desloque muito sutilmente, alguns segundos de arco em séculos.
Pequena notável
Mas, existe uma estrela cujo movimento próprio é notável, extraordinário em termos astronômicos. É a estrela de Barnard, que fica na constelação de Ofiúco, o serpentário.
Barnard é a segunda estrela mais próxima do Sol, perdendo, portanto, apenas para Alfa do Centauro. Ela foi estudada em detalhes pelo astrônomo estadunidense Edward E. Barnard (1857-1923), que detectou seu rápido deslocamento no céu: mais de 10 segundos de arco por ano.
Do nosso ponto de vista na Terra nenhuma estrela se move mais depressa. Essa velocidade aparente é resultado da trajetória atual desse astro, viajando na direção do nosso Sistema Solar a 140 quilômetros por segundo.
Mas nada de pânico! O que vai acontecer é que por volta do ano 11.800 a estrela de Barnard roubará a posição de Alfa do Centauro, tornando-se a mais próxima do Sol. Um bom momento para lembrarmos que ainda estamos no ano 2017.
Barnard é pequena e “fria” em termos estelares. Tem apenas 15% do diâmetro do Sol e um colorido superficial predominantemente vermelho, característico de sua idade: 10 bilhões de anos (o Sol tem 5 bilhões).
Durante algum tempo pensou-se que ela tinha planetas, fiéis companheiros desse velho astro, girando obedientemente ao seu redor. Mas nada foi detectado até hoje.
Não é possível acompanhar a olho nu o movimento próprio da estrela de Barnard, pois leva 175 anos para ela se deslocar o equivalente ao diâmetro da Lua Cheia. Parece pouco, mas a maioria das estrelas se desloca absurdamente menos – não é à toa que são ditas “fixas”. Mas dê tempo suficiente e todas se movem, e até as constelações que visualizamos no céu hoje deixam de existir, dando lugar a outras formas e figuras.
Imaginação fértil
Recentemente a estrela de Barnard ocupou uma posição de destaque na imaginação de algumas pessoas. É que elas cismaram, por algum motivo, que Barnard era um planeta vindo colidir com a Terra.
Lembram-se do “fim do mundo” que era para ter acontecido no último sábado? Tudo um grande mal entendido (somada a uma boa dose de má fé) com o rápido movimento dessa estrelinha admirável. O fato é que a estrela de Barnard não ameaça ninguém, e até encoraja o intelecto humano ao revelar um universo ainda mais incrível que nossa mais fértil imaginação.
Do site Astronomia no Zênite – www.zenite.nu
Gostou da coluna? Do assunto? Quer sugerir algum tema? Queremos saber sua opinião. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag #HojeeDiadeCiencia.
Se você ainda não leu a coluna da semana passada, leia agora.
José Roberto de Vasconcelos Costa