Trabalho foi elaborado pela UFC em parceria com o Instituto Maria da Penha e apresentado no fim de agosto
Mulheres de Fortaleza têm perda salarial de até 34% devido à violência doméstica. É o que revela o segundo relatório da Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (PCSVDFMulher), apresentado no fim de agosto na Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC). O município de Aracaju (SE) aparece em segundo lugar, com impacto negativo de 26%. O estudo foi elaborado em parceria com o Instituto Maria da Penha.
A violência doméstica produz maior instabilidade na dinâmica do mercado de trabalho. As vítimas alternam períodos de curta duração de emprego com períodos de curta ou longa duração de desemprego. Além disso, há impactos consideráveis na produtividade e no salário. Mulheres que sofrem violência doméstica recebem, em média, 10% a menos que mulheres que não sofrem violência.
Tabela de salário médio por situação de violência doméstica x cidade (em R$/hora)
A pesquisa constatou, ainda, que em Teresina (PI), 48% das mulheres vítimas de violência doméstica dizem ter a saúde afetada pelo comportamento violento do parceiro. Em Aracaju e Natal, as proporções são de 42% e 40%, respectivamente. Já em Fortaleza, 38% das mulheres são afetadas.
O gráfico mostra a proporção de mulheres com impacto na saúde mental por capital nordestina.
Cerca de 23% das mulheres vítimas de violência doméstica afirmaram que já recusaram ou desistiram de oportunidades de emprego porque o parceiro era contra, enquanto 10% das mulheres que não sofrem violência doméstica dizem que recusaram emprego. De acordo com o professor José Raimundo Carvalho, coordenador da pesquisa, “esse resultado fornece ainda mais respaldo à hipótese de que a violência doméstica deteriora a autonomia da mulher”.
Segundo dados obtidos na pesquisa, as ocupações com maior prevalência de violência doméstica são:
Foram ouvidas 10 mil mulheres das nove capitais nordestinas, entre março e julho de 2016. Elas foram entrevistadas por cerca de 250 mulheres que passaram por capacitação, com aulas sobre questões de gênero, étnico-raciais e ética.
Além de afetar a autoestima e a saúde mental das mulheres, a violência doméstica impacta também em dimensões relacionadas à capacidade laboral e produtividade. Os reflexos vão além das vítimas, havendo consequências também à economia do País. Os pesquisadores sugerem iniciativas nas áreas pública e privada, como o Projeto de Lei nº296/2013, que cria auxílio-transitório decorrente de risco social provocado por situação de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Um resumo com os principais resultados da pesquisa pode ser acessado no site da UFC.
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Referências
Relatório da Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
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