E-book terá informações sobre cerca de 100 espécies usadas tradicionalmente por comunidades do sertão de Pernambuco
Com o objetivo de preservar o conhecimento das mulheres da Caatinga, conhecidas como curandeiras, pesquisadores do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), entidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), criaram um catálogo com cerca de 100 plantas da região tradicionalmente usadas pelas comunidades do sertão de Pernambuco no combate a doenças. O material, que ainda está em construção, reúne plantas usadas como anti-inflamatórios, cicatrizantes e antibióticos.
A ideia é fazer um e-book desse catálogo e disponibilizá-lo na internet para o acesso de toda população. O poder medicinal das plantas foi comprovado cientificamente em laboratório. O estudo, no valor de R$ 750 mil, foi financiado pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Para coletar informações, um grupo de 30 cientistas de diferentes universidades e institutos de pesquisa do país, incluindo o Núcleo de Prospecção e Conservação da Caatinga do Insa, viajou cerca de 30 mil quilômetros. Foram aplicados mais de 200 questionários etnobotânicos sobre o uso das plantas em 50 comunidades tradicionais e quilombolas, localizadas nos municípios de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, Petrolina, Buíque, Tupanatinga e Ibimirim – os três últimos no Parque Nacional do Catimbau.
Biodiversidade
“O perfil dessa população é frágil porque são mulheres, idosas e analfabetas. A gente tem questionários respondidos por senhoras de 80, 90 e 102 anos. É um saber idoso que está se perdendo. A situação é preocupante porque o jovem pouco sabe e nem tem interesse nesse conhecimento”, alertou a pesquisadora Márcia Vanusa da Silva, coordenadora do Núcleo de Bioprospecção e Conservação da Caatinga e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Segundo ela, a comprovação do uso terapêutico dessas plantas, até mesmo na fabricação de defensivos agrícolas, poderá gerar toda uma cadeia de produção no semiárido brasileiro. “Essas plantas do bioma Caatinga são as menos estudadas na sua biodiversidade. Ele é o menos protegido legalmente. O que a gente quer mostrar é que existe uma riqueza de compostos bioativos ainda não explorada”, disse.
O próximo passo é conseguir a patente dos produtos desenvolvidos. No Brasil, a patente da biodiversidade é proibida, mas é possível patentear o produto e a tecnologia, como um novo cosmético, fármaco ou inseticida. Já estão em estudo as patentes de uma pomada ginecológica, um inseticida contra o mosquito da dengue e um novo antibiótico contra bactérias hospitalares.
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