Pesquisa comprova potencial biopesticida de planta da Caatinga Saúde

quarta-feira, 19 julho 2017

Licuri pode contribuir para a eliminação dos mosquitos transmissores da dengue, febre amarela, zika vírus e febre chikungunya

Em busca de alternativas para contribuir no combate ao mosquito, pesquisadores do Núcleo de Bioprospecção e Conservação da Caatinga (NBioCaat) realizaram um estudo que utilizou o Licuri (Syagrus coronata) como alternativa para combater as larvas do Aedes aegypti.

Atualmente, a única forma de prevenção da doença é o combate aos mosquitos, eliminando os criadouros de forma coletiva, com participação comunitária, e o estímulo à estruturação de políticas públicas efetivas para o saneamento básico e o uso racional de inseticidas. Esse esforço coletivo é para diminuir os cerca de 50 milhões de casos de dengue que são registrados no mundo todos os anos. Desses, 500 mil são considerados graves e 21 mil resultam em morte (OMS 2016).

O NBioCaat é uma rede articulada pelo Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI) e Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). Uma das principais linhas de pesquisa do grupo é a utilização de compostos de plantas da Caatinga no controle de pragas.

Biopesticida da Caatinga

Os estudos do NBioCaat concluíram que a ação de óleos essenciais extraídos da semente de Syagrus coronata, conhecida como licuri, uma espécie da família Arecaceae (família das palmeiras), foi considerada moderada.  Os óleos demostraram ser capazes de exterminar até 50% (dose letal 50) das larvas dos mosquitos nos testes, com uma dose de 21,07 ppm (parte por milhão).

Na pesquisa também foram testados os componentes majoritários do óleo essencial: os ácidos octanoico, decanoico e dodecanoico, os quais mostraram uma atividade larvicida (DL50) de 51,78, 24,01 e 19,72 ppm, respectivamente.

De acordo com um dos pesquisadores do NBioCaat, Alexandre Gomes os próximos passos serão elaborar uma formulação estável contendo o óleo essencial das sementes do licuri e do ácido dodecanoico e testá-los novamente. Além de avaliar estas formulações contra outros organismos, tais como peixes, insetos e contra células animais, para garantir a seguridade da formulação. “A ideia é desenvolver um biopesticida com compostos de plantas endêmicas da Caatinga”, afirmou.

Nesta pesquisa foram utilizadas plantas coletadas no Parque Nacional do Catimbau, em Buíque (PB), mas o licuri pode ser encontrada também nos estados da Paraíba, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais, além de ser uma espécie endêmica do Brasil.

O controle químico com inseticidas é uma das metodologias mais adotadas para o controle do Aedes aegypti, porém o seu uso indiscriminado tem favorecido a resistência dos mosquitos ao procedimento. Neste contexto, um biopesticida ainda não explorado pode contribuir significativamente para a eliminação dos mosquitos transmissores e, consequentemente, na redução dos casos de doenças como a dengue, a febre amarela, o zika vírus e a febre chikungunya.

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