Nossa Ciência reuniu alguns bons exemplos que se destacam em suas áreas, como a pesquisadora potiguar Helenice Vital que embarca numa expedição oceanográfica internacional no navio Joides Resolution
Cada vez mais o nordeste brasileiro vem despontando como um celeiro de talentos nas áreas científicas e tecnológicas. Casos de sucesso são divulgados praticamente todos os dias. O Nossa Ciência reuniu nessa matéria alguns bons exemplos nordestinos. Prêmios, viagens, publicações internacionais estão entre os méritos alcançados por professores e alunos de diferentes universidades da região.
A professora Helenice Vital, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é um exemplo. Ela será representante do Brasil na School of Rock 2017 (SOR), uma expedição que reúne professores de todo o mundo entre os dias 09 e 27 de julho para vivenciar pesquisas científicas com dados obtidos por meio de perfurações do assoalho oceânico.
Estudiosa do mar profundo desde 2011, a pesquisadora vê nesse projeto internacional uma importante oportunidade para a formação de recursos humanos. “A Escola das rochas permite a formação de pessoal em uma área de importância mundial, mas ainda muito pobremente explorada no Brasil, especialmente na margem nordeste brasileira. A minha formação é em geologia marinha, mas minha experiência é com águas rasas (até 50 – 100 metros de profundidade), entre a linha de costa e o talude da plataforma continental. Comecei a estudar o mar profundo somente em 2011”, conta.
De acordo com Helenice Vital, o fundo marinho adjacente ao Brasil é ainda muito pouco conhecido; sendo bem marcada a ausência de profissionais especializados em estudos dos oceanos no país. “Por causa desta lacuna, nós fomos aceitos como participantes da Escola das Rochas 2017 assim podem aprender, ensinar e expandir nossos conhecimentos. Esta experiência nos permitirá, após o embarque, divulgar e expandir o conhecimento do fundo do mar para os brasileiros em diferentes níveis de educação”, ressalta.
A bordo do navio de pesquisas oceanográficas Joides Resolution, o grupo fará um percurso das Filipinas (Subic Way) até a Austrália (Townsville), e durante o deslocamento participará de cursos e workshops com cientistas especilizados para compreender como o material da perfuração pode ser trabalhado em laboratórios.
Versão brasileira
A pesquisadora irá acompanhada do graduado em Geologia e mestre pela UFRN, Miguel Evelim Borges, que atualmente é professor do curso técnico em Geologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB). Todo o custo da viagem será arcado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), gerenciadora brasileira do Programa Internacional de Perfuração dos Oceanos (IODP), do qual a expedição faz parte.
A professora Helenice Vital enxerga nessa viagem uma oportunidade de, no futuro, realizar uma versão brasileira do projeto. “Nosso interesse principal é replicar ao longo da margem brasileira, a experiência adquirida no navio Joides Resolution, usando navios brasileiros ou navios financiados pelo governo brasileiro, para criar uma Escola das Rochas Brasileiras. Esta escola tem como objetivo a preparação de cientistas e alunos brasileiros em diferentes níveis, para participar das expedições do Programa Internacional de Perfuração dos Oceanos (IODP) que serão realizadas ao longo do Atlântico Sul, programadas para iniciar em 2019-20120”, planeja. Ela espera com isso aumentar a diversidade dos talentos que serão aplicados para velejar no IODP e expedições relacionadas no futuro, “especialmente quando levamos em conta o aumento esperado das propostas IODP para estudar o Oceano Atlântico”, completa.
A pesquisadora espera ainda criar parcerias locais para estabelecer uma melhor conexão e cooperação entre a Universidade, o ensino médio, e o fundamental também. “Após o retorno ao Brasil, pretendemos desenvolver um projeto de extensão para divulgar as ciências marinhas em diferentes escolas públicas dos Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba”, afirma Helenice.
Alagoanos se destacam na área de Exatas
O professor Krerley Irraciel Martins Oliveira, referência em avançados estudos científicos o Instituto de Matemática (IM), que sempre por onde passa destaca o nome da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) no cenário nacional e internacional venceu, junto com sua equipe, o maior prêmio científico da Franca, o Grand Prix Scientifique Louis D, concedido pela primeira vez a um projeto matemático.
O projeto vencedor é centrado nos sistemas dinâmicos, conhecidos como Teoria de Caos, que estuda a evolução dos fenômenos ao longo do tempo, conta com a participação de Kreley Oliveira na pesquisa sobre formalismo termodinâmico. Ele diz ter orgulho de participar da equipe, assim como representar a Ufal em tão importante estudo que culminou com a conceituada premiação para a ciência matemática.
O outro talento alagoano está cursando o 8° período do curso de Engenharia da Computação na Ufal, Israel Vasconcelos (à esquerda na foto) foi o segundo melhor colocado no prêmio Beatriz Neves da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC). Monitoramento ambiental utilizando redes de sensores sem fio tolerantes a atrasos foi o título do trabalho premiado na categoria Iniciação Científica do prêmio, orientado pelo professor André Aquino do Instituto de Computação (IC), à direita na foto.
“Essa premiação é especialmente gratificante, e o fator de maior importância é o reconhecimento de que é palpável desenvolver trabalhos de alto nível e com relevância na comunidade acadêmica dentro da nossa Universidade. E isso não é um caso isolado, já que temos excelentes grupos de pesquisa e muitas pessoas atuantes dentro de suas áreas”, declarou o estudante. E complementou: “Isso é algo que considero motivador, e não apenas para mim, pois espero também que essa visão se torne cada vez mais difundida entre os colegas estudantes, e assim, mais trabalhos vindos da Ufal ganharão relevância”.
Da Paraíba para o mundo
O professor Rafael Trindade Maia, do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (CDSA), campus de Sumé da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), juntamente com ex-aluno do curso de Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos, Vinícius Costa Amador, foram selecionados para a composição de um capitulo de um livro internacional sobre Docking Molecular, uma importante técnica da área de Bioinformática. A UFCG é a única universidade brasileira a fazer parte da obra.
“O Docking Molecular, também chamado de atracamento, acoplamento ou ancoragem molecular é uma técnica da Bioinformática Estrutural que visa estudar detalhes das interações entre moléculas”, explica Maia.
Também da UFCG, a aluna de Computação tem trabalho premiado fora do Brasil. A tese de doutorado de Melina Mongiovi Cunha Lima Sabino, do Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação da UFCG, conquistou o terceiro lugar no III Concurso Latinoamericano de Tesis de Doctorado (CLTD).
Intitulada “Scaling Testing of Refactoring Engines”, a pesquisa propõe uma técnica escalável para encontrar defeitos em ferramentas que ajudam na evolução do software. A tese foi orientada pelo professor Rohit Gheyi.
O CLTD acontecerá em conjunto com a XLIII Conferencia Latinoamericana de Informática (CLEI 2017), em Córdoba, na Argentina, entre os dias 4 e 8 de Setembro de 2017. Os trabalhos vencedores serão publicados nas atas do evento.
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