Por mais mulheres na área tecnológica Geral

quarta-feira, 28 junho 2017

Estudantes do RN participam de comunidade internacional que busca estimular participação feminina na área tecnológica

“Precisamos desfazer a ideia que existe sexo no conhecimento, um quase mantra que as garotas escutam muito na universidade e que desestimula. Por isso é importante trabalhar também no ensino médio”, afirma Gabriela Cavalcante da Silva uma das fundadoras do grupo de pesquisadoras potiguares que buscam, por meio da participação colaborativa em eventos da área ou através de capacitações, instigar as garotas a conhecerem melhor a área tecnológica.

A participação feminina em cursos da área tecnológica é, historicamente, escassa. Especificamente, em Tecnologia da Informação (TI) esse cenário acentua-se. Vivendo estas situações, um grupo de meninas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Instituto Federal de Educação do Rio Grande do Norte (IFRN) se associaram ao Pyladies, comunidade mundial criada com o propósito de estimular as mulheres a entrar na área tecnológica.

O grupo é pioneiro entre os mais de 20 grupos que existem atualmente no Brasil. Gabriela cursa Bacharelado em Tecnologia da Informação (BTI), com ênfase em Ciências da Computação, e acredita que se a oportunidade for dada para que as mulheres conheçam a área, elas podem enxergar que é um setor possível para qualquer pessoa que tenha interesse.

Estratégia de atração

Ela explica que uma das ferramentas para atrair as meninas é a realização de minicursos, tutorias, palestras e sprints, onde são ministradas noções básicas de como programar. E foi justamente em um destes minicursos que Monnaliza Medeiros bateu o martelo para a escolha da área de tecnologia da informação como primeira opção no Enem.

“Em 2015, quando cursava o ensino médio e técnico em Administração no IFRN, eu fui apresentada ao conceito de Startups e, consequentemente, da tecnologia. De imediato despertou em mim uma curiosidade para saber como algo tão simples, um programa de computador, era capaz de impactar positivamente tanta gente. Ao pesquisar sobre a TI e conversar com pessoas da área, notei que o segmento é, em sua maioria, composto por homens, o que me fez ficar receosa de trocar de área naquele momento.

Alguns meses depois, conheci grupos e movimentos de garotas que incentivam e capacitam mulheres a iniciarem no mundo da programação, desconstruindo os conceitos de que as mulheres não podem programar. Participei de dois minicursos promovidos pelo Pyladies e, a partir daí, consolidou minha motivação”, afirmou a estudante do curso de Tecnologia da Informação, vinculado ao Instituto Metrópole Digital (IMD).

Presença feminina

Dados atuais da UFRN mostram que a Escola de Ciência e Tecnologia (ECT) possui 2.913 alunos dos quais 714 mulheres; no Centro de Tecnologia (CT), são 2.901 matriculados, sendo 1.017 mulheres; já no Instituto Metrópole Digital (IMD), dos estudantes da graduação, apenas 95 são mulheres.

Segundo Gabriela Cavalcante, entrar em uma sala de aula com 100 pessoas e contar nos dedos de uma mão a quantidade de meninas é uma situação comum, assim como ouvir depoimentos de que simplesmente a Tecnologia da Informação não é uma área para mulheres. Para ela, o foco é mostrar que não há limites para a capacidade intelectual delas.

“Se o desejo delas é escrever linhas de código, elas podem fazer. Se quiserem desenvolver sistemas embarcados, elas também podem desenvolver. Se querem só brincar fazendo algumas linhas de script python, mais uma vez, elas podem brincar. Porque elas são capazes. A gente quer mostrar para as garotas que é possível e se elas quiserem a gente vai estar lá para dar suporte”.

Pyladies

O PyLadies é uma comunidade mundial iniciada nos Estados Unidos e que foi trazida ao Brasil com o propósito de instigar mais mulheres a entrarem na área tecnológica, fomentando, assim, um espaço, debates sobre a representatividade da mulher na ciência e as dificuldades encontradas dentro do ambiente acadêmico.

O nome é fruto da aglutinação de Python, uma linguagem de programação usada como ferramenta de instigar o interesse pela área, e Ladies, plural da palavra inglesa Lady, usada igualmente para referir-se a uma mulher que usufrua dos seus próprios direitos. Em Natal, o primeiro evento aconteceu em 2014 e foi organizado pelo grupo potiguar Ana Clara Nobre, Katyanna Moura e Gabriela Cavalcante da Silva, todas estudantes da UFRN.

Nascia ali um movimento que busca não segregar, pelo contrário, criar o ambiente para que mais meninas sejam atraídas pela tecnologia. Informações sobre a comunidade em Natal podem ser obtidas através do site, onde os interessados acessam relatos, materiais e informam-se a respeito dos eventos próximos.

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