Recursos para pesquisa do RN é tema de debate Políticas de C&T

quinta-feira, 8 junho 2017

Reitores e representantes das universidades públicas do estado se reúnem com deputados na Assembleia Legislativa em busca de soluções

Resgatar os investimentos para a pesquisa científica do Rio Grande do Norte. Esse foi o foco do encontro que levou reitores e representantes das universidades públicas do Estado (UFRN, IFRN, UERN e Ufersa) e o presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (Fapern) à Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Social da Assembleia Legislativa do RN (ALRN). A equipe do Nossa Ciência acompanhou a reunião realizada na manhã dessa quarta-feira, 7, na sede do poder legislativo.

A reunião foi conduzida pelo deputado estadual, Fernando Mineiro, que apresentou dados preocupantes. Segundo ele, de 2011 a 2016 foram orçados 224 milhões de reais para o setor, mas somente 27 milhões foram executados. “Isso significa que, em média, apenas 12% do que foi orçado é realmente executado. É um percentual muito baixo, o que demonstra a gravidade da situação”, declarou.

O deputado Mineiro lembrou ainda que dos 12 milhões previstos para ciência e tecnologia no orçamento deste ano, até agora nada foi executado. “Esse encontro é para que haja aporte de recursos para que os projetos não fiquem parados nem o Estado perca seus cientistas para outros estados”, ressaltou.

Perda de competitividade

“A ciência e tecnologia é o combustível do desenvolvimento. No entanto, a sociedade brasileira ainda não reconhece o valor da C&T. Em pleno século XXI, permanecemos com essa dificuldade”. Em seu relato, o presidente da Fapern, Uílame Umbelino reforçou que o país vem perdendo competitividade internacional por não investir adequadamente nas áreas científicas e tecnológicas.

Ele ressaltou que sem orçamento, a Fapern está com dificuldades de cumprir as contrapartidas dos recursos federais. “Desde 2012 todos os recursos foram integralmente devolvidos por falta de contrapartida”, lamentou.

A reitora Angela Maria Paiva Cruz, destacou que o RN tem 2 mil doutores, 82% deles titulados pela UFRN e muitos deles presentes no interior do estado. “Precisamos dessas capacidades distribuídas pelo estado, isso ajuda na correção de assimetrias e desigualdades”, afirmou. Quanto à necessidade de recursos ela alertou: “A falta de investimento em pesquisa no Rio Grande do Norte gera perda para a produção do conhecimento científico e retarda, mais ainda, o desenvolvimento do estado”.

Fixação de doutores

Apesar de um orçamento crescente nos quatro últimos anos, o vice-reitor da UERN, professor Aldo Gondim expôs que não há recursos para expandir. “Isso tem nos trazido dificuldades. Não temos como cumprir nosso planejamento de expansão com novos cursos se não há orçamento”, disse. Segundo ele, em 2016 o orçamento da instituição foi de R$ 700 mil.

Para o pró-reitor de Pesquisa da Ufersa, professor Vander Mendonça, a questão orçamentária também atinge a formação de novos doutores. “Temos mais de 400 doutores que estão formando novos doutores e que ficam no estado. Há aqueles doutores de outros estados que querem vir para cá, mas como apoiá-los?”, questionou. “Apelamos aos deputados que apoiem as universidades do nosso estado”, reforçou Mendonça.

Presente ao encontro, o pró-reitor de Pós-graduação da UFRN, professor Rubens Marimbondo ressaltou a importância da Fapern no fomento aos cursos de pós-graduação, no que se refere a bolsas. “Temos cursos de doutorado, por exemplo, cujos alunos estão desistindo por falta de bolsas. Com isso, corremos o risco de termos cursos cancelados por total falta de alunos. É preciso dar condições à Fapern de honrar seus acordos”, ponderou.

Próximas ações

Propositor da audiência sobre recursos para os programas de desenvolvimento tecnológico, o deputado estadual Hermano Morais pontuou: “O nosso Estado está perdendo recursos pela falta de contrapartida das parcerias com instituições que financiam projetos na área de ciência e tecnologia. O orçamento para o setor não é cumprido. Queremos reverter esse quadro, pois o Rio Grande do Norte tem um potencial muito grande para ser desenvolvido. Através do conhecimento se consegue riquezas”.

Ao final do encontro três ações foram definidas: Uma audiência pública na próxima quinta-feira (22), para aprofundar as discussões sobre a liberação de recursos; uma reunião com o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), deputado José Dias, para a colocação de emendas, e a inclusão de recursos na Lei Orçamentária para 2018, que ainda está em discussão.

Participaram também da reunião a deputada Cristiane Dantas; o vice-reitor da UFRN, José Daniel Diniz Melo; o vice-reitor do IFRN, Marcos Antônio de Oliveira; e o diretor administrativo da FAPERN, Paulo Waldemiro.

Mônica Costa

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