UFCG discute possibilidades e perspectivas de sustentabilidade no semiárido brasileiro Meio Ambiente

quarta-feira, 2 dezembro 2015

Semiárido ocupa 56% do território nordestino e tem população de quase 24 milhões de pessoas, representando 12% da população brasileira.

Na última década, a região Nordeste tem apresentado condições econômicas significativamente superiores às encontradas anteriormente. Comparada à situação anterior à década de 1950, a antiga base produtiva nordestina foi completamente alterada.

“O PIB do Nordeste, entre 1960 e 1990, passou de US$ 8,6 bilhões para US$ 91,4 bilhões. Os investimentos produtivos (públicos e privados) na Região elevaram seguidamente sua participação no PIB nacional, saltando de 12%, em 1960, para 17%, em 1990. Esse crescimento do Nordeste em relação ao País teve outra característica importante, a radical transformação no perfil de sua estrutura produtiva. No espaço de três décadas, o setor agropecuário – que representava 41% da riqueza regional em 1960 – ficou reduzido a somente 14,4% dessa participação. O setor industrial, que tinha 12% do PIB regional, alcançava 28,2%, em 1990. E o setor de serviços cresceu de 47% para 57,4%.” Os números são apresentados por Cícero Péricles de Oliveira Carvalho, professor do Programa de Mestrado em Economia Aplicada da Universidade Federal de Alagoas.

Metade do nordeste

Apesar da região como um todo ter alcançado condições econômicas mais favoráveis, a região do Semiárido brasileiro ainda apresenta indicadores sociais e econômicos inferiores às médias nacional e regional. Profundamente marcada pelo fenômeno da seca, é na região semiárida onde vive uma população de quase 24 milhões de pessoas, representando cerca de 43% do total nordestino e 12% da população brasileira.

A degradação ambiental, que tem marcado a convivência humana com a natureza, também tem colocado em risco as potencialidades da sociobiodiversidade regional. A extensão territorial de quase 1 milhão de quilômetros quadrados, ocupando 56% do território nordestino, tem sentido grande pressão sobre seus recursos naturais, notadamente solo, água, vegetação e atmosfera.

Definição

O semiárido nordestino é definido por Carvalho, como uma região onde há ocorrência do bioma caatinga e sujeita a períodos cíclicos de seca, fenômeno marcado pelo regime de chuvas com baixo volume e com sua distribuição irregular no tempo e espaço. “A seca, uma característica do semiárido, é parte da história do sertão nordestino, existindo registros de sua ocorrência desde o século XVI.”

A seca que tem se prolongado desde 2011 no Nordeste é considerada pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), como a mais intensa das quatro décadas recentes.

Semiárido: possibilidades e perspectivas

Com o tema Sustentabilidade do Semiárido brasileiro: possibilidades e perspectivas, será realizado nos dias 15 e 16 de dezembro o Workshop de Recursos Naturais do Semiárido (WRNS 2015), promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Segundo os organizadores, o evento visa debater e analisar as principais alternativas de ações baseadas em um novo paradigma de desenvolvimento para o Semiárido brasileiro, capazes de contribuir para melhorar as condições de vida das pessoas e a promoção da cidadania, por meio de iniciativas sociais, econômicas, tecnológicas e ambientais apropriadas para a geração de novas e melhores formas de convivência com as características da região.

Nove eixos temáticos referentes ao semiárido comporão o workshop. Pesquisadores, professor e estudantes irão discutir Sensoriamento Remoto e geotecnologias, trocas energéticas e gasosas entre biosfera-atmosfera, variabilidade climática, degradação ambiental/Desertificação, desenvolvimento, Sustentabilidade e Competitividade, gestão de recursos naturais, manejo de Bacias Hidrográficas, saúde e meio ambiente e energias renováveis.

Na programação consta a palestra sobre “Reuso de água no Semiárido”, pelo presidente do Instituto Nacional do Semiárido/MCTI, Salomão Medeiros. Os outros palestrantes são os professores Claúdio Moíses Santos e Silva e Paulo Sérgio Lúcio, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Humberto Alves Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite da Universidade Federal de Alagoas; e Rafael Albuquerque Xavier, do Centro de Educação da Universidade Estadual da Paraíba.

O WRNS 2015 será realizado no Centro de Extensão José Farias da Nóbrega, campus sede da UFCG, em Campina Grande. Os interessados ainda podem se inscrever no site  do evento.

O artigo do professor Cícero Péricles de Oliveira Carvalho publicado na Revista Econômica do Nordeste está disponível na íntegra.

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