Pesquisadores da UFERSA, UFRN e UERN desenvolvem pesquisa que aplica modelos matemáticos para monitoramento e uso sustentável de reservatórios
Determinar a quantidade de peixes que poderão ser cultivados de forma sustentável nos reservatórios do semiárido potiguar, no que se refere à criação da espécie Tilápias do Nilo. Essa é uma das aplicações práticas a partir dos resultados do projeto intitulado “Determinação da Capacidade de Suporte e Zoneamento de Áreas Aquícolas como Base para o Desenvolvimento Sustentável da Piscicultura nos Reservatórios de Santa Cruz e Umari – RN”. O projeto envolve as três universidades públicas do Rio Grande do Norte – Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) sob a coordenação geral do professor Dr. Gustavo Henrique Gonzaga da Silva (foto), ecólogo e limnólogo vinculado ao Departamento de Ciências Animais da – UFERSA. A Limnologia é o estudo das reações funcionais e produtividade das comunidades bióticas de lagos, rios, reservatórios e região costeira em relação aos parâmetros físicos, químicos e bióticos ambientais. Os trabalhos foram iniciados em 2012 e irão se prolongar até o final de 2015.
O projeto tem outros objetivos em três frentes diferentes. Na primeira fase, analisou a qualidade da água e a composição e estrutura das comunidades aquáticas (bentos, plâncton, macrófitas, peixes) dos reservatórios de Santa Cruz (122 km de Natal) e Umari (489 km de Natal), visando compreender o funcionamento destes ecossistemas. Em um segundo momento, possibilitou subsidiar o desenvolvimento de um sistema compartilhado e participativo para a gestão da atividade de criação de peixes em tanques rede, bem como avaliar a sustentabilidade das atividades de piscicultura em ambos os reservatórios por meio de indicadores ambientais, sociais e econômicos. Já na sua fase de conclusão, o objetivo é aplicar e validar modelos matemáticos para determinar a capacidade de suporte dos reservatórios do semiárido potiguar no que se refere à criação da espécie Tilápias do Nilo.
De acordo com o coordenador, além das informações científicas e da aplicação prática dos conhecimentos obtidos para o gerenciamento dos recursos hídricos e da aquicultura em tanques rede, o projeto conta com a participação de dezenas de alunos de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado, proporcionando a capacitação de jovens pesquisadores do Estado. Dissertações de mestrado já foram defendidas com êxito e outras estão em andamento assim como algumas teses de doutorado.
O professor Gustavo Henrique Gonzaga da Silva destaca que “com base nos resultados desta pesquisa, por meio dos modelos matemáticos e de acordo com legislação ambiental vigente, pretende se determinar a quantidade de peixes que poderão ser cultivados de forma sustentável nos reservatórios do semiárido potiguar, no intuito de minimizar os impactos ambientais e visando otimizar o aproveitamento dos usos múltiplos destes ambientes aquáticos”. Outro aspecto de suma importância trata da modelagem matemática dos reservatórios estudados que será realizada com o auxílio do software IPH-ECO, desenvolvido e distribuído pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UF do Rio Grande do Sul.
O projeto financiado pela FAPERN/CNPq também foi importante para dar maior visibilidade às pesquisas desenvolvidas no Rio Grande do Norte. Neste contexto, em 2013, o Limnoaqua foi convidado para participar da Rede Nacional de Sustentabilidade na Aquicultura que é constituída por 38 pesquisadores de 15 instituições de pesquisa das regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte. Esta rede foi formada a partir do Grupo de Trabalho em Sustentabilidade, constituído pelo Ministério da Pesca e Aquicultura e é coordenada pelo Prof. Dr. Wagner Valenti, do Centro de Aquicultura da UNESP, tendo como objetivos principais desenvolver um conjunto de indicadores de sustentabilidade adequados para avaliar a aquicultura brasileira e formar pessoal qualificado para atuar nesta avaliação. Iniciativas semelhantes vêm sendo feitas em vários países da Comunidade Europeia. Desta forma, avaliações da sustentabilidade dos sistemas de produção podem se tornar obrigatórios para colocar os produtos aquícolas brasileiros em mercados diferenciados.
Ainda segundo o professor Gustavo Henrique “o incentivo à criação de tilápia é o foco dos governos estadual e federal no Semiárido do Estado. Neste contexto, é extremamente importante a utilização de indicadores ambientais, sociais e econômicos, além da aplicação de modelos confiáveis para avaliar as atividades de piscicultura nos reservatórios do RN. Além disto, o monitoramento físico, químico e biológico destes ambientes aquáticos também é essencial no intuito de compreendermos e preservarmos a diversidade biológica local”.
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