Por intermédio da Fapeal, empresas têm utilizado recursos de editais para impulsionar a sua capacidade empreendedora. Materiais inovadores como o couro de tilápia e jacaré vem sendo cada vez mais utilizados
Alagoas vive uma nova etapa em seu potencial tecnológico e inovador. O estado redescobriu talentos e passou a estimular seu aproveitamento em negócios. Estas iniciativas são mobilizadas por órgãos de fomento como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).
Um exemplo exitoso é a empresa têxtil Parisotto, que existe desde 1999. A sua interação com a Fapeal começou a partir do programa PAPPE Integração, aportado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para estimular a capacidade inovadora em micro e pequenas empresas. O programa teve fim, mas o resultado garantiu impactos positivos, tanto que culminou num novo formato: o Tecnova Alagoas.
O programa Tecnova selecionou 13 micro e pequenas empresas de Alagoas, por meio de edital do programa, para receber recursos de subvenção econômica (não reembolsáveis), a serem investidos no desenvolvimento de processos e produtos inovadores. Os resultados são prêmios de inovação nacionais e internacionais para empresas participantes.
“O Tecnova forneceu possibilidade e subsídios, além de apoio com instituições parceiras. Nós pensávamos de que maneira isto poderia ocorrer, então submetemos o projeto e fomos contemplados. Isso foi um grande avanço para a empresa”, cita a gestora.
O apoio da Fapeal possibilitou ampliar a visão de pesquisa e desenvolvimento dentro da empresa, como explica Maria Parisotto: “A equipe faz parte do projeto de gestão da inovação, isso possibilitou um benefício importante, porque não é só o empregador que pode ter a ideia do mecanismo, os colaboradores também devem ser instigados e treinados a ter esta percepção”. O recurso concedido viabilizou trabalhos de aperfeiçoamento de pessoal, que acontecem por intermédio de reuniões, cursos, palestras, momentos que despertem novas habilidades.
Diferencial
Atualmente a maior parte da matéria-prima da Parisotto são os couros de tilápia, jacaré, carneiro e pelica.
Assumindo um rumo diferenciado do mercado convencional, foi desenvolvida a técnica do quebra-cabeça, a partir das peles de animais exóticos, primeiro, o jacaré e posteriormente, a tilápia. A finalidade era ousar no uso do couro do peixe, pensando na conivência da proximidade com o Rio São Francisco.
Além da viabilidade do material, há muitas comunidades ribeirinhas que utilizavam o peixe na pesca comercial, e passaram a reaproveitar a pele. O que estava destinado ao lixo, começa a ter um novo aproveitamento de praticamente 100%, revelando ao povo a nobreza dos couros.
Técnicas inovadoras
A gestora explica que a introdução dessa mudança de hábitos oportunizou a criação de peças únicas. O intuito era aprofundar os procedimentos de forma tecnológica, que não utilizasse muitas costuras nem emendas, diferente dos padrões já existentes, unindo pedaços do tecido. Baseado em testes foi executada a junção do quebra-cabeça, que é basicamente reproduzir uma manta-mãe, a partir da qual se consegue fazer várias peças pequenas com pouca utilização de costura.
Os materiais após serem trabalhados resultam em bolsas, carteiras, calçados, etc. A partir da manta-mãe, as possibilidades se estendem inclusive a peças de decoração, mas o foco são as bolsas, produtos mais comerciais.
Maria explica que o essencial para manusear esta arte é possuir uma percepção de acabamento, visualizar os detalhes e dispor de um olho clínico para perceber o que deve ser feito para agregar ao item trabalhado. Apesar de ser o mesmo material, cada pele tem um ponto único. Não sendo completamente iguais, rendem peças diferenciadas.
Inserção da Parisotto
Através das feiras foram realizados experimentos de enviar produtos para o exterior e testar a sua aceitabilidade. A fase atual do projeto compreende o final das avaliações de mercado. Os testes promovidos têm evidenciado um substancial apelo da marca, onde consumidores compram os artigos e demonstram interesse por mais peças do acervo.
O único entrave torna-se o custo, porque o produto final envolve gastos em sua confecção, devido às peles utilizadas e o tempo de trabalho manual que endossa uma peça classe A. Para se produzir uma bolsa, por exemplo, são necessárias inúmeras peles de tilápia, justificando o material, empenho dos artesãos e horas de dedicação. No entanto, este padrão de consumo limita o público das peças.
Crescimento
A expansão da marca é um ganho produtivo não somente a empresa, mas para Alagoas, que emplaca em contribuição financeira gradual, arrecadação de impostos e fortalecimento da economia criativa.
O processo é ponderado, a equipe vai a feiras, faz demonstrações dos produtos e imprime um conceito da Parisotto. Os artigos são levados e avaliados.
Estes critérios representam um progresso ao projeto, porque neste momento o país enfrenta uma fase de contingenciamento de recursos, e a equipe ultrapassa estas barreiras graças ao apoio fomentado pela Fapeal.
“O Tecnova Alagoas foi um divisor de águas para nós, porque conseguimos segurar os colaboradores, treiná-los, auxiliando em cursos. Trabalhar com couro é diferente de outros tipos de confecção, e em técnicas como esta manta quebra-cabeça é necessário mecanismos precisos e isto, nós temos recebido com o apoio gigantesco da Fapeal”, frisa Maria Parisotto.
A instituição tem investido seus esforços para introdução em novos mercados e conquista de parceiros. O objetivo é disponibilizar os artigos em locais atrativos com profissionais experientes em exportação.
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