Programa de pós-graduação em Psicobiologia da UFRN completa 30 anos realizando a II Conferência e VII Simpósio de Psicobiologia
Completar 30 anos recebendo nota 6 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes é apenas um dos méritos alcançados em 2015 pelo programa de pós-graduação em Psicobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Nos últimos 15 anos, foram mais de 220 dissertações de mestrado e 94 teses de doutorado defendidas. Ao chegar à maturidade, esse “trintão” está bem estabelecido e pronto para novos desafios, como bem afirmou a coordenadora do programa, Fívia de Araújo Lopes.
Um resumo de toda a história do programa será contado na II Conferência e VII Simpósio de Psicobiologia “De Natal para o mundo: 30 anos de Psicobiologia”, que ocorre de 24 a 27 de novembro, no campus da UFRN, explicou a vice coordenadora, Ana Carolina Luchiari. Em 1976, numa mesa de bar, foi realizada a primeira reunião de um grupo de professores e alunos com a intenção de começar a formar a pós-graduação em Psicobiologia, mas o mestrado institucionalizado seria implantado somente em 1985. “O programa era pequeno, era uma área pouco conhecida no Brasil, ainda é, mesmo atualmente só temos outro programa de Psicobiologia em Ribeirão Preto, são só esses dois com essa denominação no Brasil e alguns programas semelhantes na Universidade Federal do Pará e na Universidade de São Paulo. É muito tempo, se a gente considerar a realidade do fazer científico no Brasil, é realmente uma história longa pra ser contada. Não é fácil você manter um programa de pós-graduação ativo”, contou Fívia.
Ela lembra que a fundação do programa seria originalmente em Psicofarmacologia pela própria formação dos professores. “Mas a construção do programa foi uma espécie de intervenção, digamos assim, de professores de São Paulo que viram um empreendedorismo nos professores daqui que faziam parte do Departamento de Fisiologia. Eles avaliaram que os professores tinham garra e disseram ‘esse pessoal merece um apoio para eles montarem o próprio programa de pós-graduação’. Então esses professores [de SP] que faziam parte da formação dos professores daqui da UFRN, acreditaram muito nos professores da casa”, detalhou a professora.
Já na avaliação da professora Ana Carolina, o evento vai ajudar a trazer de volta alguns fatos importantes que contam a história da criação do programa. No ano passado, a primeira conferência foi dedicada principalmente a palestras com pesquisadores internacionais. Esse ano, o evento terá a presença de vários professores que fazem parte da história do programa que vão dar palestras conjuntas. “A ideia para a primeira mesa do simpósio é reproduzir a mesa de bar, onde ocorreu a reunião de 76, onde eles conversaram sobre montar o programa. Alguns professores que eram alunos naquela época e hoje são referência dentro do programa estarão presentes”, explicou.
Ideia de aluno
Segundo a professora Fívia, desde sua criação, esse evento não é organizado pela coordenação da pós, e sim pelos alunos. “Essa é a sétima edição, e os alunos sentiram a necessidade de realizá-lo, pediram autorização da coordenação na época e o evento tomou proporções nacionais. Era um evento local, só para a comunidade da UFRN e hoje vem gente do Brasil inteiro”, explicou. Ainda de acordo com ela, o evento antecede um pouco a seleção para o mestrado, então muitos candidatos chegam antes, participam da programação e se inteiram sobre as linhas de pesquisa, por exemplo. “O evento acaba sendo uma vitrine para quem está interessado em ingressar na pós, a conhecer mais o programa. E isso tem mantido uma renovação muito bacana de alunos, nossos alunos não são só daqui de Natal, do RN, temos alunos do Brasil inteiro. Temos alunos da Colombia, da Argentina, de Portugal, da África do Sul, estamos começando a abraçar o mundo”, orgulha-se.
Programa nível 6 na Capes
Desde o ano passado, a pós-graduação de Psicobiologia da UFRN entrou para o rol dos programas de excelência do país. No sistema de avaliação da Capes, que varia de 3 a 7, o programa da federal do Rio Grande do Norte recebeu nota 6. Para Ana Carolina foi uma trajetória muito rápida. “Avaliando esses 30 anos, foram passos muito rápidos e largos para atingir esse conceito. Em comparação a outros programas no Brasil que demoraram muito mais para conseguir uma nota dessas”, resumiu.
As professoras consideram que essa avaliação positiva tem muito a ver com algumas características das pesquisas que são realizadas nesse programa na UFRN, sobretudo em termos de internacionalização. O programa tem colaboração de professores do Canadá, Japão, Inglaterra, Holanda, EUA, Noruega, entre outros. “É uma rede muito ampla e bem estabelecida com cooperação tanto de profissionais nossos, entre professores alunos que algumas vezes vão para essas instituições e nós também recebemos essas visitas internacionais dentro dessas parcerias. De fato é um programa agora, um “trintão” bem estabelecido, motivo de orgulho. Se fossemos comparar com uma pessoa seria autoconfiante, desenrolado, bem articulado. Ele pode melhorar ainda, mas é um programa maduro”, comparou Fívia.
Analisar o que ocorre no cérebro sob efeito de drogas, pesquisar o comportamento humano diante da escolha de parceiros, estudar a orientação espacial das formigas são exemplos de alguns trabalhos de pesquisa realizados dentro do programa de pós-graduação em Psicobiologia da UFRN. Muitos desses estudos utilizam animais e no início desse programa o grande foco dos trabalhos era com o sagui. “A gente tinha esse trunfo muito importante, que era o sagui. Temos uma espécie que é endêmica do nordeste, tínhamos talvez a “joia” principal de interesse dos professores daqui para trabalhar e o interesse dos professores do sudeste para dar o suporte para o andamento do programa daqui. Durante muitos anos o sagui foi a ‘menina dos olhos’ do programa e não é a toa que a logo da Psicobiologia é o sagui. Várias pesquisas utilizaram esse animal como modelo para estudos médicos, porque se entendia a fisiologia e parte do comportamento. Isso servia como base para a pesquisa em outros estágios, durante muito tempo foi assim. Hoje a gente tem uma série de espécies que são trabalhadas aqui, indo de insetos até o ser humano, passando por formigas, peixes, lagartos, vacas ….. Expandimos, mas a gente continua sendo referência nos estudos feitos com sagui”, explicou Fívia.
Planos para o futuro
De acordo com a coordenadora Fívia Lopes, 2015 foi um ano difícil, mesmo sendo um programa nível 6, o que significa ter um outro tratamento pelas agências de fomento. “Nesse nível o dinheiro será gerenciado por nós, não passa mais pela instituição. Só que este ano, o recurso de 2015 chegou em final de agosto, então nós tivemos oito meses de caixa zerado. A UFRN deu todo o suporte, dentro de suas possibilidades, pois ela também sofreu cortes, para manter a gente funcionando minimamente, principalmente na realização de bancas, participação de alunos em eventos, taxas de publicação, revisão de tradução de artigos, alimentação de animais que é um gasto enorme. Enfim, coisas que não podem parar. A redução de repasses foi pesada”, lamentou.
A dupla de professoras que está na coordenação há quatro meses afirma que o desafio de todo programa de pós-graduação é levar para a comunidade a informação de uma forma a não dar todas as respostas, mas a instigar que sejam feitas perguntas. Para o futuro elas sonham em ver construído seu prédio sede até 2020. “A perspectiva de crescimento do programa está diretamente relacionada com quanto o governo federal vai dar de aporte para investimento. Temos esse prédio que está aprovado há três anos, já temos o espaço e será um prédio da Psicobiologia. Esse é o nosso sonho, quem sabe poderemos comemorar esse feito nos 35 anos. Nós teremos salas de aulas, laboratórios, anfiteatro, tudo concentrado lá. Isso também reflete a importância que o programa tem para a instituição, você tem um programa de pós-graduação que terá um prédio próprio”, avaliou Ana Carolina.
Veja aqui a programação completa da II Conferência e VII Simpósio de Psicobiologia.
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