Natal, Fortaleza, Recife e Petrolina estão mobilizadas e convocam toda a sociedade para seus eventos. O objetivo da marcha é a valorização das pesquisas na manutenção de políticas públicas e o incentivo para o desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis
Neste sábado, dia 22 de abril, Dia Internacional da Terra, mais de 400 cidades em todos os continentes estarão participando da Marcha pela Ciência. No Brasil, mais de 15 cidades estão organizadas em torno da realização do evento. No nordeste Natal (RN), Fortaleza (CE), Recife e Petrolina (PE) estão mobilizadas nessa ação internacional. Toda a comunidade científica está convocada para marchar em defesa da ciência. A expectativa é que a participação brasileira tenha adesão massiva em todos os estados.
Organizada por cientistas e entusiastas que reivindicam maior reconhecimento da sociedade e dos governantes, a mobilização teve início nos Estados Unidos e terá marchas satélites em diversos países, envolvendo instituições de ponta em ciência e educação. Apesar de unificadas pelos propósitos principais do movimento, cada uma das marchas satélites brasileiras tem sua temática e suas pautas individuais.
Em Natal, a questão do seminário brasileiro estará presente, mas voltada a sustentabilidade. A iniciativa está sendo coordenada pelo diretor de Inovação da Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte (Fapern), Julio Rezende, que é professor do Departamento de Engenharia da Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para ele a participação da capital potiguar na marcha mostra, entre outras coisas, a contemporaneidade da cidade. “Mostra também o interesse em buscar perceber a ciência produzida em Natal como integrada a um contexto maior e universal, permitindo-se realizar benchmarking não só dos resultados científicos, como também do modo como a sociedade vive a ciência e identifica nela oportunidades de resolver os problemas relacionados à sustentabilidade social, ambiental e econômica”, destaca.
Além da marcha propriamente dita, que será realizada a partir das 16 horas, no Parque da Cidade, a programação em Natal inclui palestras e um evento internacional simultâneo, o Mars Hackathon, onde os participantes irão propor orientações para o funcionamento de uma estação em Marte. A equipe que apresentar as melhores proposições será premiada com um kit de divulgação científica da Agência Espacial Brasileira – AEB.
Rezende reforça que este movimento é importante para o Brasil pois é para ajudar a mídia e a sociedade a perceber a importância da sociedade para a superação de dificuldades. E de se pensar novas fronteiras e possibilidades de inovação. “Esperamos que o evento se fortaleça ao longo dos anos e que sirva de oportunidade de debate sobre a política de ciência, tecnologia e inovação no estado do Rio Grande do Norte. Algumas atividades propostas são excelentes momentos para os participantes desenvolverem novos conhecimentos”, afirma.
Petrolina
Em Pernambuco, a marcha passará pela cidade de Petrolina e reforçará a vulnerabilidade do semiárido brasileiro frente aos cortes de investimento. O responsável é o professor Helinando Pequeno de Oliveira, coordenador do Grupo LEIMO – Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos, do Instituto de Pesquisa em Ciência dos Materiais, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Segundo ele, ter o apoio da população na marcha mostra ser uma importante ação para o fortalecimento das raízes da ciência básica no sertão.
“Esta marcha visa consolidar o sentido de pertencimento de pesquisadores e da população em geral com a problemática e o potencial da caatinga brasileira. Estamos mobilizando os estudantes, professores e pesquisadores da comunidade acadêmica de todas as instituições de ensino e pesquisa na região para juntos construirmos um momento importante para a ciência no Vale do São Francisco. Para tanto constituímos um comitê formado por servidores de diferentes instituições que estão mobilizando os setores para o ato do dia 22”, conta.
Ainda de acordo com ele, a Univasf, assim como grande parte das demais instituições de ensino e pesquisa no interior do nordeste brasileiro vem consolidando a sua estrutura de pesquisa e pós-graduação, como pode ser visto pelo crescente número de mestrados. No entanto, por ainda serem não consolidados [os mestrados], estão situados em uma zona crítica (conceito 3 na Capes) em que grande apoio institucional/ governamental se faz necessário.
O professor Helinando reforça a importância do evento no Brasil diante dos momentos críticos vividos no país. “Tivemos a fusão do Ministério da Ciência e Tecnologia com o Ministério das Comunicações e cortes muito fortes no investimento (o mais recente da ordem de 44%), o que pode inviabilizar a pesquisa no Brasil. É importante alertar a população da importância da pesquisa como ferramenta de soberania nacional e que a manutenção e fortalecimento dos investimentos é fundamental para que continuemos a formar mestres e doutores, estruturando uma massa crítica de pesquisadores no país”, ressalta.
Ele está otimista quanto aos resultados dessa iniciativa. “Espero que tenhamos uma maior integração entre instituições de pesquisa do Vale do São Francisco e que possamos sensibilizar a população para a causa da ciência, mostrando que as barreiras que separam a academia do mundo podem ser apenas imaginárias”, resume.
Pela valorização da ciência
A data escolhida para o manifesto, 22 de abril, coincide com o Dia Internacional da Terra, e representa a união dos cientistas e da sociedade em geral pela valorização das pesquisas na manutenção de políticas públicas e o incentivo para o desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis.
Reunindo o maior número possível de instituições e parceiros, a Marcha pela Ciência pretende disseminar a ideia de que a ciência é fundamental para a construção de políticas e regulamentos de interesse público.
Mais informações da Marcha em Natal, também na página do evento.
Vejam mapa com as cidades brasileiras que participarão da marcha, os locais de concentração e os horários dos eventos.
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