Dos cadernos aos automóveis, a química e a história da borracha #HojeÉDiadeCiência

terça-feira, 4 abril 2017

Artigo indispensável dos desenhistas, peça que revolucionou a automobilística, a borracha está presente em nosso dia-a-dia em diversas formas, tamanhos e utilidades. Descubra sua importância econômica, científica e como sua extração impulsionou o desenvolvimento da região Norte do Brasil.

Descobrimento

Um dos primeiros relatos do mundo ocidental sobre a borracha foi do naturalista francês Charles Marie de La Condamine que no século XVIII publicou um relato na academia de ciências francesa sobre um misterioso material utilizado pelos habitantes nativos da floresta amazônica:

Os índios fabricam garrafas, botas e bolas ocas, que se achatam quando apertadas, mas que tornam a sua primitiva forma desde que livres.”

Química

O látex era o material extraído do caule da planta popularmente conhecida como seringueira (Heveabrasiliensis), que consiste em uma mistura complexa de gorduras, açúcares, resinas, alcalóides, proteínas e taninos que quando exposta ao ar, forma uma substância pegajosa. Seu uso para a planta faz parte de um mecanismo de defesa contra animais herbívoros, característica notável e decisiva na perpetuação da espécie, afinal, plantas não podem fugir!

Porém, o látex in natura é um material de pouca utilidade, torna-se pegajoso quando exposto ao calor, enrijece e torna-se quebradiço quando exposto ao frio, seu amplo uso só foi possível com a descoberta do processo de vulcanização.

Descoberto por Charles Goodyear, em 1839, a vulcanização consiste em aquecer o látex na presença de enxofre e óxido de chumbo, o enxofre forma ligações entre as longas cadeias carbônicas da borracha, tal ligação é catalisada pelo óxido de chumbo, isso torna a borracha maleável e resistente a mudanças de temperatura, permitindo seu uso em pneus, correias, mangueiras, sapatos…

O ciclo da borracha

Com a vulcanização e toda a nova gama de usos para a borracha a região amazônica, maior produtora de borracha da época, foi diretamente impactada. Entre os anos de 1830 e 1860 as exportações de látex foram de 156 para 2.673 toneladas, atraindo trabalhadores principalmente da região Nordeste.

A exportação da borracha permitiu um intenso crescimento econômico da região, iniciado na cidade de Belém, com seu projeto arquitetônico inspirado em referências estéticas europeias, seguida por Manaus. Ambas possuíam luz elétrica, rede de esgoto e até tecnologias pioneiras para a época como bondes elétricos. Todo esse requinte contrastava com as outras regiões da Amazônia, onde os seringueiros tornavam-se reféns do sistema patronal, sem nenhuma possibilidade de saudar suas dívidas.

A queda do mercado brasileiro da borracha se iniciou quando o cultivo da seringueira, com sementes levadas da própria Amazônia, foi estabelecido em colônias da Ásia e África com uma produção maior e mais eficiente, deixando para trás a borracha brasileira.

Fontes 


Gostou da coluna? Do assunto? Quer sugerir algum tema? Queremos saber sua opinião. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos e-mail (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag# HojeéDiadeCiencia 

Os comentários estão desativados.

Site desenvolvido pela Interativa Digital