Equipe da Unidade de Conservação coletou cerca de 90 plantas de diferentes espécies entre elas bromélias (foto)
Conhecer para cuidar e preservar. Esse é o objetivo do levantamento que está sendo feito das espécies existentes no Parque Estadual Dunas do Natal “Jornalista Luiz Maria Alves”. Neste ano, foram feitas três trilhas para realizar coletas florísticas na Unidade de Conservação (UC). Nesse trabalho foram coletadas cerca de 90 plantas e entre as espécies levantadas, estão o pau-brasil, maçaranduba, guabiraba de pau, sucupira, até plantas mais delicadas como orquídeas e bromélias.
O trabalho é realizado por uma equipe do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema, através do Parque das Dunas e conta com o apoio do Exército. O biólogo Alan Roque, a ecóloga Brenda Suellen, e a engenheira agrônoma, Auxiliadora Sertão, formam a equipe que percorre a área da UC para coletar espécies também com o intuito de atualizar o acervo do herbário do Parque. As primeiras coletas botânicas foram feitas no início da década de 80, e o atual grupo responsável pelo levantamento florístico realiza um trabalho de restauração desse material histórico.
“O levantamento florístico é importante para revelar novas ocorrências de plantas que acontecem em uma área, além de descobrir novas espécies e fazer o acompanhamento das ameaçadas de extinção, raras ou endêmicas (só ocorrem em uma determinada região). Se não soubermos o que existe, não saberemos como cuidar”, disse o biólogo Alan Roque.
Banco de dados digital
Após a coleta em campo de amostras férteis, estado imprescindível para a identificação, as plantas passam por um processo de secagem no laboratório. Depois desse procedimento, a amostra é arquivada junto às suas informações e inseridas em um banco de dados digital. A ideia é padronizar o herbário para quando ele atingir a quantidade de 5.000 plantas, ser indexado, ou seja, tornar-se um fiel depositário.
“A importância de todas as pesquisas na área do Parque das Dunas se dá em virtude de que ele é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral. Nesse contexto, o acesso à informação e às descobertas contribuem para a valorização do espaço, justificando a sua preservação e indicando medidas a serem adotadas de acordo com o que for levantado ao longo do tempo”, afirmou a gestora do Parque das Dunas, Mary Sorage.
A cobertura vegetal do Parque das Dunas é representada, em sua maior parte, pela mata de duna litorânea, caracterizada por espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas, registrando ainda a ocorrência de praias e sopés de dunas, e formação vegetal tabuleiro litorâneo. Nela predominam espécies peculiares da Mata Atlântica, com destaque para a amescla-de-cheiro, antúrio selvagem e pau-brasil. A flora reúne mais de 270 espécies arbóreas distintas e 78 famílias, representada por mais de 350 espécies nativas.
Herbário
Cinco espécies ameaçadas de extinção são encontradas no Parque: Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr (garapa), Cattleya granulosaLindl (orquídea-catleya) Cryptanthus zonatus (Vis.) Beer (xinxózinho), Melocactus violaceus Pfeiff (coroa-de-frade) e Paubrasilia echinata Lam (pau-brasil). Também no Parque, duas espécies são recém-descobertas para a Ciência: ubaia-azeda (Eugênia azeda Sobral), descoberta em 2009 e burra-leiteira (Pradosia restingae Terra-Araújo), em 2014.
O herbário do Parque das Dunas, localizado no Centro de Pesquisa, é uma coleção de plantas secas que, atualmente, guarda cerca de 300 amostras botânicas (exsicatas) do Parque. Uma das metas da equipe, é que, em até dois anos, esse número aumente para cinco mil plantas, quando abrigará material botânico de todas as Unidades de Conservação do Estado.
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