Insights para a saúde pública amanhã Disruptiva

quinta-feira, 29 maio 2025
Gláucio Brandão vai falar sobre a saúde do amanhã no Congresso da Liga. (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

Projeções acerca do microfuturo da saúde pública no Brasil

(Gláucio Brandão)

Estamos nos aproximando do Congresso da Liga, que começa no próximo 05 de junho. Lá guiarei o bate-papo “TRIZTORMING – Insights Radicais em Saúde”, assim como geraremos (a audiência, eu e uma IA) insights baseados em minha metodologia e em tempo real. Tentaremos criar um microfuturo para a saúde do amanhã. Nos novos tempos, quem sabe se arrisca ao vivo. Vou falar um pouco da saúde no espectro Brasil, na carreira do profissional de saúde e, no final, se a Internet ajudar, plotarei uma proposta para a saúde pública do amanhã utilizando a mais famosa das 25 ferramentas que adaptei: a nine windows ou 9W. Pra começar a passar vergonha antecipadamente, vou treinar minha fala nesse canal que tanto gosto pois, como diria Sun Tzu, “mais treino, menos sangue”.

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A saúde pública no Brasil: grande desafio.

Apesar de alicerçada no grandioso Sistema Único de Saúde (SUS) – um dos maiores do mundo em acesso universal –, enfrenta uma tempestade persistente de desafios. O subfinanciamento crônico é uma âncora pesada, limitando investimentos em infraestrutura, tecnologia e na valorização de seus profissionais. Filas extensas para consultas, exames e cirurgias são a dura realidade para milhões, expondo as dificuldades de acesso e a sobrecarga do sistema. E não falei no fisiologismo (a parentada e indicados de político em primeiro lugar), que sobrecarrega ainda mais o sistema com corrupção.

Nada igual

As desigualdades regionais pintam um Brasil de muitos contrastes na saúde: enquanto alguns centros urbanos concentram recursos e especialistas, vastas áreas, especialmente no Norte e Nordeste, sofrem com a escassez e a dificuldade de fixação de profissionais. Soma-se a isso o peso dos determinantes sociais – saneamento básico precário, baixa escolaridade e insegurança alimentar – que minam a saúde da população antes mesmo que ela chegue ao posto de saúde. Doenças crônicas em ascensão, o envelhecimento populacional e a constante ameaça de novas epidemias completam este cenário complexo, exigindo respostas urgentes e inovadoras para garantir o direito fundamental à saúde para todos os brasileiros. A gestão eficiente dos recursos e a integração das políticas de saúde com outras áreas sociais são cruciais para começar a virar esse jogo.

O que é um insight no contexto Triztorming

Na TT, apelido que uma IA deu à metodologia Triztorming, insight é percepção profunda e não óbvia (ativa) capaz de catalisar a criatividade (reativa) para soluções inventivas e eficazes. Logo, quando TT promove insights direcionados ao mercado, a criatividade resultante é negocial. Entretanto, você pode usar a TT para qualquer área do conhecimento. Vamos ao tema.

Como opera a 9W de Triztorming

Em TT, a 9W é utilizada como ferramenta de expansão temporal e espacial. No supersistema ela descreve o contexto no qual o sistema (alvo) está mergulhado, e no subsistema tudo que o compõe. No modo manual, você escolhe uma das janelas como semente (ou alvo) e depois tenta definir as outras oito, utilizando seu conhecimento e varrendo a Web. Utilizo a técnica de backcasting, onde se parte de um futuro desejado com o intuito de criar as instâncias necessárias para que ele possa acontecer. Chamei isto de microfuturo.

Frisei “modo manual” porque, nos quinze anos anteriores às GenAIs, eu levava horas criando as instâncias. Em tempos hodiernos, levo horas brincando com prompts que geram estas mesmas respostas – muito melhoradas por sinal – em segundos. Desenvolvi, então, um prompt para a 9W, que pode ser acessado na aba Rodando a Metodologia do site Triztorming , para desenvolver microfuturos. Vou aplicá-lo ao tema de nossa AC.

Um microfuturo: jogando tudo isso na 9W

Desenhei o seguinte futuro ideal, desejado por qualquer cidadão, e coloquei na janela supersistema futuro, aquela na cor azul:

Sociedade com alta literacia (instruída) em saúde e participativa, sistema de saúde integrado e preventivo, regulação ágil e focada na qualidade, políticas intersetoriais de bem-estar consolidadas, financiamento estável e baseado em valor.

Depois pedi à IA que completasse as oito quadrículas restantes. O resultado está na figura 9W.

Uma das oito janelas geradas mostra uma figura central no nível de sistema e em tempo presente (aqui e agora), o qual será figura principal da mudança: o médico de hoje. (Algum médico pode atestar se a janela amarela, gerada pela IA, corresponde à realidade?). Como nossa intenção é “criar futuro”, ou melhor, microfuturo, para alcançá-lo, teremos que desenvolver um novo perfil para o médico, que foi apontado na janela com bordas vermelhas. Massa, né não?

O novo médico, maestro da transformação…

Nesse horizonte de transformação, emerge a figura crucial de um novo perfil médico, um verdadeiro navegador para águas mais saudáveis. Esqueça a imagem do profissional isolado, focado apenas na doença e em respostas reativas. O médico do futuro (que eu espero que seja próximo) é um gestor proativo da saúde, utilizando dados e tecnologia não só para curar, mas, principalmente, para prever riscos e promover o bem-estar antes que a enfermidade se instale. Este profissional terá de ser um “cientista de dados da saúde” do paciente, interpretando informações genômicas, de estilo de vida em um grande sistema que providencie wearables (tecnologias vestíveis) para que se possa personalizar o cuidado.

… que não conseguirá fazer nada sozinho!

O médico – ou o profissional que ocupará este espaço – terá de ser um comunicador empático e um educador, capacitando indivíduos e comunidades para o autocuidado e a tomada de decisões conscientes sobre sua saúde. Atuando em equipes multidisciplinares, terá de colaborar intensamente com enfermeiros, agentes de saúde e outros especialistas, entendendo que a saúde é construída (ou destruída) a várias mãos. Estes novos médico e profissionais de saúde transcenderão os muros do consultório, influenciando positivamente os determinantes sociais e advogando por políticas públicas mais saudáveis. Com uma formação contínua, adaptável e humanizada, tornar-se-ão agentes de mudança, essenciais para que o SUS alcance sua plena potência e transforme a saúde no Brasil.

Três insights Triztorming radicais

  • O profissional de saúde do futuro será um orquestrador de dados e emoções. Quem não quiser, será substituído por um sistema: ou evolui ou será engolido.
  • O SUS do futuro será movido a prevenção preditiva e inteligência de rede, e começará por comunidades periféricas, não por laboratórios suíços, o que caracteriza uma inversão do vetor de inovação: de fora pra dentro, não o contrário.
  • Toda transformação em saúde começa com uma pergunta: qual é o propósito do cidadão querer estar vivo e bem? O resto é ruído.

Conclusão
Utilizando insights Triztorming e uma IA, criamos um futuro como engenheiros da realidade. Não prevemos o que virá, mas o que deve vir. A saúde do amanhã não é utopia, mas um grande, e necessário, projeto. Começará por aqui, nesse sistema e no presente, com quem se atrever a pensar diferente.

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Gláucio Brandão é professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e autor do livro Triztorming

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