Revista Nature denuncia ataque à ciência Geral

Nature é uma das mais importantes publicações de divulgação científica do mundo.

Em editorial, publicação alerta para graves consequências das ações do governo Donald Trump

“É difícil colocar em palavras a extensão do dano que está sendo causado ao ecossistema de pesquisa nos Estados Unidos, que é de valor quase incalculável tanto para a própria nação quanto para o mundo em geral.”

O texto foi publicado em editorial, no dia 25, por uma das mais importantes publicações de divulgação científica do mundo, a Revista Nature. Com mais de 155 anos de história, a revista denuncia as grandes violações que estão sendo cometidas pelo atual governo de Donald Trump à ciência. No texto, a publicação afirma que “Um ataque à ciência e aos cientistas em qualquer lugar é um ataque à ciência e aos cientistas em todos os lugares.”

Palavras proibidas

Lembrando o papel preponderante que os Estados Unidos desempenham no progresso da ciência no mundo, a Nature afirma que Trump logo depois de assumir a presidência, fez um ataque à ciência, às instituições de pesquisa e às organizações e iniciativas internacionais vitais como nunca visto antes. Foram classificadas como orwellianas as restrições que o governo americano impôs às pesquisas. Estão proibidos os estudos que mencionam palavras específicas relacionadas a sexo e gênero, raça, deficiência e outras características protegidas. Financiamentos de dezenas de bilhões de dólares para pesquisa e assistência internacional foram cancelados, além da demissão de muitos servidores e pesquisadores.

Com o subtítulo Fogo e Fúria, a revista relata que as ações do governo. “A administração está demitindo funcionários federais de agências nacionais, incluindo aquelas que empregam pesquisadores e que dependem de pesquisa, geralmente em disciplinas que são essenciais para proteger a saúde pública, o meio ambiente e a segurança das pessoas. Ela está fazendo cortes repentinos e drásticos nos gastos públicos. Os afetados incluem instituições globalmente respeitadas, como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, a Agência de Proteção Ambiental e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH). As reuniões dos painéis de revisão de subsídios para pesquisa do NIH foram suspensas no início da presidência de Trump e permanecem assim. A Administração Nacional de Arquivos e Registros, a guardiã dos registros oficiais do país, também é afetada, assim como bibliotecas e museus públicos.”

Indiferente às desigualdades e às mudanças climáticas

Na frente internacional, as medidas atingem milhões de beneficiários de bolsas de programas de assistência dos EUA. Os cortes vão afetar severamente o plano mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) para acabar com a pobreza e alcançar a sustentabilidade ambiental, conhecido como Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). O mesmo ocorre com as áreas de saúde e mudanças climáticas. Responsável por cerca de 20% da Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo estadunidense já notificou sobre sua saída da Organização.

“Trump também cancelou o financiamento federal dos EUA para projetos internacionais de mudança climática, que totalizaram cerca de US$ 11 bilhões em 2024, totalizando cerca de 10% do financiamento climático público global anual. Junto com sua decisão de se retirar do acordo climático de Paris de 2015, este é um golpe severo para o enfrentamento da mudança climática e atrasará os esforços para aumentar o financiamento para os países mais afetados pelo aquecimento global.”

Alertando para as graves consequências dos atos de Trump, a Nature indica como a comunidade mundial que integra o empreendimento global de educação, saúde, ciência e engenharia deve se contrapor. “Uma prioridade deve ser denunciar essas ações, gritar sobre seus efeitos negativos, apoiar pesquisadores e defender sua capacidade de trabalhar e estudar sem medo de perder seus empregos”, conclama.

Mônica Costa