Estudo revela detalhes sobre os lantanídeos, essenciais na tecnologia moderna, e é destaque em periódico internacional.
O cotidiano da maioria das pessoas é repleto de equipamentos de alta tecnologia. O mais popular deles, que se tornou quase uma extensão do corpo humano, é o telefone celular, cuja composição inclui elementos como o lantânio e o gadolínio.
Pesquisadores das Universidades Federais da Paraíba (UFPB) e de Pernambuco (UFPE) desenvolveram um estudo sobre esses dois elementos químicos, que pertencem ao grupo dos lantanídeos.
O artigo Theoretical insights into the vibrational spectra and chemical bonding of Ln(iii) complexes with a tripodal N4O3 ligand along the lanthanide series (Percepções teóricas sobre os espectros vibracionais e a ligação química de complexos de Ln(III) com um ligante tripodal N4O3 ao longo da série dos lantanídeos, em tradução livre) buscou investigar o comportamento e as propriedades dos compostos dos íons lantanídeos.
A primeira autora do artigo é Francielle Carolinne Machado Santos, aluna de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Química da UFPE. O estudo foi destaque na capa da edição de janeiro da revista científica Physical Chemistry Chemical Physics – um periódico de alto impacto na área de Química, editado pela Royal Society of Chemistry, do Reino Unido.
Em uma abordagem teórica inovadora, os pesquisadores desenvolveram um novo protocolo – LmodeAGen – aplicado para compreender os espectros vibracionais dos complexos de íons lantanídeos (Ln(III)). A análise quantitativa explorou toda a série dos lantanídeos, que vai do lantânio (La) ao lutécio (Lu). Como resultado, os pesquisadores conseguiram uma interpretação precisa desses espectros, revelando detalhes sobre o processo de interação e deformação molecular.
A série dos lantanídeos inclui elementos presentes em uma grande variedade de equipamentos tecnológicos que usamos atualmente. A indústria utiliza o lantânio na fabricação de câmeras de celulares e de painéis solares. Os íons lantanídeos fazem parte do grupo das terras raras, composto por 17 elementos químicos. Embora não sejam raros na natureza, esses elementos são chamados assim devido à dificuldade de extração dos metais das jazidas minerais, como explicou o pesquisador Renaldo Moura Júnior, coordenador da pesquisa (na época docente do Departamento de Química e Física do Centro de Ciências Agrárias da UFPB e, atualmente, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE).
Segundo Moura Júnior, os elementos desse grupo desempenham papel fundamental na indústria tecnológica, o que torna a descoberta ainda mais relevantes. Ele destaca três lantanídeos pelas suas aplicações atuais: neodímio, európio e disprósio.
O professor explicou que o neodímio é essencial na fabricação de ímãs de alta potência, utilizados em motores elétricos, turbinas eólicas e diversos dispositivos eletrônicos, contribuindo significativamente para avanços em veículos elétricos e energia renovável. “O európio é indispensável na produção de fósforos que emitem luz vermelha, sendo crucial para a qualidade das cores em TVs, monitores LCD e sistemas de iluminação LED. Já o disprósio aumenta a resistência térmica dos ímãs de neodímio, garantindo o funcionamento confiável de equipamentos, mesmo em altas temperaturas”, garantiu.
A pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores da Southern Methodist University (EUA) e da Universidade de Aveiro, em Portugal. O design da capa da edição do periódico foi desenvolvido pela estudante de graduação em Química do campus de João Pessoa, Melissa Costa.
Com informações da Agência de Notícias da UFPB
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