Escrita Científica: conclusões bem estruturadas garantem impacto e relevância Ciência Nordestina

terça-feira, 4 fevereiro 2025
Um artigo deve ser escrito quando algo de fato relevante precisa ser apresentado à comunidade (Imagem: Canva)

Aprenda a escrever conclusões científicas eficazes, evitando resumos repetitivos e destacando a relevância dos resultados para a pesquisa

(Helinando Oliveira)

Chegamos ao final de cinco semanas em que detalhamos exaustivamente o tema “Escrita científica”. E, para fechar essa sequência, nada melhor do que discutirmos a escrita das conclusões do trabalho. Esta seção fica reservada para aqueles que encontraram motivação para percorrer todo o texto e chegar ao seu final. Ou seja, como prêmio aos leitores mais interessados, precisamos sair do óbvio.

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A seção de conclusões não pode e não deve resumir tudo o que os autores já disseram ao longo do artigo. Iniciar a escrita com “Como já vimos” é algo extremamente perigoso, pois conduz o leitor a entender que se iniciará uma revisão sobre o que ele acabou de ler. As conclusões precisam ser mais do que a soma de todos os resultados. A conclusão é uma panorâmica geral do trabalho com vistas ao ponto central que justifica sua publicação. Ou seja, se conseguimos resumir em poucas palavras tudo o que mostramos e como isso pode afetar a ciência ou a tecnologia a partir de então, temos a verdadeira noção do que devemos escrever nas conclusões.

Resultados isolados

É importante ressaltar que isso precisa ser construído de maneira única e concisa. Em particular, acredito que muito se perde em conclusões escritas na forma de tópicos. Com a separação em “tópico 1” e “tópico 2”, os autores dão a entender que os resultados estão isolados e não dialogam entre si, nem mesmo para eles. Na área experimental, quando os pesquisadores usam diferentes técnicas para estudar um problema, precisam entender o que cada uma delas revela sobre o estudo completo.

Imagine que um elefante precise ser fotografado, mas tudo o que se pode fazer é obter imagens de partes de seu corpo. Então, você recebe fotos de parte da pata, da tromba, do rabo e dos olhos. Ao longo do artigo, você analisará cada uma dessas partes e, na conclusão, munido de todos os elementos, lançará a hipótese de que se trata de um elefante, sem a necessidade de voltar a discutir cada uma das fotos, mas chegando a uma concepção que isoladamente não seria possível ao analisar cada parte separadamente.

Enfim, para concluir esta série de cinco artigos, o que posso dizer é que um artigo deve ser escrito quando algo de fato relevante precisa ser apresentado à comunidade. Antes de começar, pergunte-se: o que eu fiz de novo para a ciência? Como isso se compara com o que os outros fizeram? Para isso, baixe muitos artigos que embasem sua argumentação. Se, ao final dessa etapa, você estiver convencido de que tem algo novo e bom em mãos, siga para a escrita. Caso contrário, volte para a bancada, lembrando que somos os primeiros críticos de nossos próprios trabalhos e que a qualidade vem antes da quantidade.

Espero que tenham gostado desta série. Deixem suas impressões aqui. Ficarei feliz em lê-las.

Até a semana que vem.

Você pode ler os outros artigos que compõem essa série. Acesse

Como escrever um resumo científico

Introdução

Materiais e métodos

Resultados e discussões

Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência.

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