Estudo ecossistêmico desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz PE promove seminário que reunirá representantes de comunidades de cinco estados nordestinos
No próximo dia 28 de março, no auditório da Fiocruz Pernambuco, representantes de diversas comunidades atingidas pelos canais do projeto de transposição do rio São Francisco, em cinco estados nordestinos, estarão reunidos para discutir os impactos econômicos e socioculturais dessa obra nas suas vidas. São mulheres, quilombolas, indígenas e pequenos agricultores que, com pesquisadores em saúde e membros da comunidade acadêmica, irão discutir formas de enfrentamento dessa nova realidade.
O evento é parte de uma pesquisa ecossistêmica que vem sendo desenvolvida desde 2012, junto às populações vulnerabilizadas nos territórios de abrangência do Projeto de Integração do Rio São Francisco. O estudo é coordenado pelo pesquisador André Monteiro (foto), do Departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz PE. “Investigamos desde alterações nas condições de vida, de habitação, na dimensão cultural, na gestão da água, assim como, obviamente, nos aspectos da saúde desses grupos vulneráveis. O que encontramos foi uma série de problemas”, explicou Monteiro.
O seminário Rio São Francisco: margens em tensão – transposição, (in)justiças e territorialidades, é aberto ao público. No evento serão discutidos alguns dos seguintes aspectos: modelo de projetos para o semiárido, como o combate a seca; a convivência nesse ecossistema e os interesses e conflitos no acesso à água. No campo epistemiológico será debatida a construção compartilhada de conhecimentos para uma ciência emancipatória e a efetivação de diálogos entre saberes; além do lançamento do Portal Beiras d´Água e do documentário Invisíveis.
O filme concebido e dirigido pelo coordenador da pesquisa, dá vozes a grupos afetados pela transposição do rio. Nele, as pessoas narram suas perdas materiais, simbólicas, os agravos à saúde e as suas compreensões sobre o processo de vulnerabilização ao qual foram expostas. Os depoimentos foram colhidos entre moradores de oito municípios de Pernambuco e em Monteiro, na Paraíba. Esta será a primeira exibição do filme, que servirá de documento da pesquisa, além de favorecer o debate junto à sociedade civil sobre as consequências de intervenções como essa.
Já o Portal Beiras d´Água, que também será lançado na ocasião, abrigará um acervo sobre o tema do seminário, com atualização permanente, composto por vídeos, fotografias, textos e áudios, cujas principais fontes são comunidades, movimentos sociais, academia e acervos institucionais.
No segundo dia de evento, 29 de março, será realizada uma oficina dirigida aos grupos atingidos pela transposição. A atividade será fechada ao público externo.
Inscrições através do email: transposicao@cpqam.fiocruz.br
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