Atingindo a marca de 100 dias de gestão, reitor Rodrigo Codes aponta os caminhos para Universidade do Semi-Árido
(Mônica Costa e José de Paiva Rebouças)
Rodrigo Codes está prestes a completar 100 dias como reitor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Sua posse oficial ocorreu na última quinta (12), em Brasília, durante cerimônia presidida pelo Ministro da Educação, Camilo Santana. Em entrevista ao Nossa Ciência, realizada de forma virtual, o reitor destacou como prioridades de sua gestão a permanência estudantil, a transformação do Núcleo de Inovação Tecnológica em uma Agência de Inovação e a criação de novos cursos, como os de Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia, além do curso de Psicologia, já aprovado.
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Outros dois fatos foram destacados pelo reitor. O primeiro é a inclusão da Ufersa como destinatária de recursos financeiros das chamadas emendas de bancada, o que não vinha ocorrendo nos últimos anos. O outro é a parceria da universidade com a Universidade Agrícola da China para transferência de tecnologia e que poderá beneficiar toda a cadeia da agricultura familiar, não só no RN como em todo o país.
A Ufersa tem suas raízes na Escola Superior de Agricultura de Mossoró, criada há 57 anos, que foi transformada em universidade federal em 2005. Em 2025, completará 20 anos como universidade. Atualmente, oferece 46 cursos de graduação, incluindo 14 em diferentes áreas da engenharia, além de 19 programas de pós-graduação. A comunidade acadêmica é composta por cerca de 12 mil estudantes e 1.300 servidores efetivos, entre docentes e técnicos administrativos.
A Ufersa possui campi em Mossoró, Angicos, Caraúbas e Pau dos Ferros. Seu restaurante universitário fornece mais de duas mil refeições diárias subsidiadas, com um custo de R$ 2,50 para os estudantes.
Metade dos cursos da instituição está concentrada nas áreas de ciências agrárias e tecnologia. Contudo, a Ufersa também se destaca com 11 licenciaturas, cursos na área das ciências sociais aplicadas, como Direito, e na área de saúde, com o curso de Medicina. O curso de Direito, por exemplo, apresenta altas taxas de aprovação na OAB, com índices em torno de 85%.
Entre os programas de pós-graduação, destaca-se o de Fitotecnia, com nota 6 pela CAPES, em uma escala que vai até 7, conferindo-lhe reconhecimento internacional. Outros programas, como Ciência Animal e Fitotecnia, possuem nota 5. A universidade também oferece quatro doutorados, incluindo o mais recente, em Cognição, Tecnologias e Instituições, de caráter interdisciplinar.
Além disso, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Universidades, lançado pelo governo federal, destinou à Ufersa R$ 24,7 milhões. Um dos projetos previstos é a construção de um edifício para a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, que incluirá auditórios modernos, espaços de estudo e infraestrutura avançada para os programas de pós-graduação.
Com foco na melhoria contínua, a Ufersa adquiriu o Sistema Stela, ferramenta que auxilia na autoavaliação e planejamento estratégico dos programas de pós-graduação. A instituição conta ainda com três pesquisadores de nível 1A da CAPES, o mais alto nível de reconhecimento científico no Brasil, incluindo o vice-reitor Nildo Dias, que tem escreve regularmente no Nossa Ciência.
Na área da saúde, o curso de Medicina da Ufersa foi recentemente reconhecido com conceito 5 pela avaliação do MEC, sendo que mais de 75% dos seus indicadores receberam conceito máximo. A universidade também planeja expandir sua atuação no campo da saúde com a criação dos cursos de Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia, além da implantação de um prédio dedicado a esses cursos, financiado pelo novo PAC.
A Ufersa também se destaca na promoção da ciência. Realizou a 14ª edição da Feira de Ciências do Semiárido Potiguar, reunindo estudantes do ensino fundamental e médio de 51 municípios. O evento contou com 1.600 participantes e cerca de 500 trabalhos apresentados, sendo os melhores classificados para representar a região em feiras nacionais e internacionais.
Outro evento importante foi a 30ª edição da Semana de Iniciação Científica (SEMIC), que incluiu o lançamento de uma revista eletrônica para publicar os anais do evento, buscando profissionalizar ainda mais a disseminação das pesquisas realizadas.
Nessa entrevista, conduzida pelos jornalistas Mônica Costa, do Nossa Ciência, e José de Paiva Rebouças, diretor da Agência de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o reitor falou da marca de 100 dias à frente da gestão da Universidade. Acompanhe.
Mônica Costa: Qual é a principal marca de sua gestão nos primeiros 100 dias?
Reitor Rodrigo Codes: Nós estabelecemos a inovação como uma das prioridades, mas também a permanência estudantil. Se posso destacar uma marca desses primeiros 100 dias de gestão, seria o foco na permanência estudantil. Estamos revisando toda a Política Nacional de Assistência Estudantil para implementar ações concretas e efetivas no combate à evasão e retenção, além de atrair novos estudantes.
Criamos uma comissão que está finalizando os trabalhos, e nossa expectativa é aprovar, já no início do próximo ano, nos conselhos superiores, um novo programa de assistência estudantil. Com isso, esperamos expandir as ações e oferecer um suporte ainda mais robusto aos nossos estudantes.
Quanto à inovação, outra prioridade, estamos avançando para, em breve, aprovar a criação da nossa Agência de Inovação. Paralelamente, estamos em processo de licitação para viabilizar o funcionamento do nosso parque tecnológico. Esses passos são fundamentais para consolidar a Ufersa como uma referência em inovação e tecnologia.
Também estamos trabalhando para expandir nossos cursos, com prioridade na área da saúde. Temos o curso de Psicologia em andamento e estamos batalhando para implementar, o quanto antes, os cursos de Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia. Esses cursos serão de grande importância não apenas para a universidade, mas para toda a região, atendendo demandas sociais e profissionais urgentes.
Uma terceira prioridade que estamos desenvolvendo é o fortalecimento das ações de inclusão na nossa instituição. Com a implantação desses novos cursos e a chegada de pesquisadores especializados, acreditamos que alcançaremos um patamar de excelência que nossos estudantes, nossa comunidade acadêmica e a sociedade como um todo merecem.
Na última segunda-feira, tivemos uma reunião com a bancada federal (formada por deputados e senadores do Rio Grande do Norte). Fomos contemplados, juntamente com a UFRN, em uma das oito ações de apoio à educação que serão financiadas com emendas de bancada. Ainda não temos os valores exatos, mas acreditamos que em breve serão divulgados. Para nós, isso é uma conquista significativa, já que há muitos anos a universidade não recebia esse tipo de recurso. Esses investimentos certamente vão fortalecer as ações que estamos planejando e ajudar a consolidar os avanços que buscamos implementar.
Mônica Costa: A Ufersa tem o termo “semiárido” no seu nome. Qual é a principal contribuição da instituição para esse bioma, que é o único exclusivamente brasileiro? Qual é o impacto das pesquisas da Ufersa sobre ele? Há um foco específico no Nordeste Setentrional?
Reitor Rodrigo Codes: Com certeza, essa é sempre uma temática central para nós. Vou dar um exemplo: eu, particularmente, sou engenheiro de formação e faço parte, como integrante permanente, do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais. Minha pós-graduação é em Engenharia de Materiais, e nosso programa tem, em suas linhas de pesquisa, um foco em desenvolver tecnologias voltadas para a realidade do semiárido. Apesar da formação ser ampla, sempre buscamos direcionar as pesquisas para soluções inovadoras que atendam às demandas dessa região.
Nesse sentido, temos diversas ações e projetos de extensão voltados para questões como qualidade da água, irrigação e desenvolvimento de novos materiais que contribuam com soluções específicas para o semiárido. Esse é um eixo central de nosso trabalho. Um exemplo recente é a parceria com a Universidade Agrícola da China. Estive lá no final de outubro, e, dentro dessa colaboração, trouxemos 31 máquinas chinesas que estão sendo usadas na região de Apodi, em um projeto conjunto com a UERN (Universidade do Estado do RN) e o IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN). Trata-se da implementação de uma residência tecnológica, onde temos estudantes de pós-graduação atuando diretamente em propriedades da região.
O mais interessante nesse projeto é que essas máquinas agrícolas são projetadas para atender a agricultura familiar, com foco especial em mulheres agricultoras. Para se ter uma ideia, um trabalho que antes era feito manualmente em 15 dias, com o trator pode ser concluído em um único dia, com apenas duas pessoas, em vez de cinco. Isso é extremamente relevante, considerando que, no Brasil, apenas 14% dos agricultores familiares possuem tratores. No Nordeste, esse número cai para 3%. Assim, existe um potencial enorme para inovação. Além disso, os chineses têm interesse em abrir fábricas aqui, mas dentro de um plano de industrialização nacional, garantindo que um percentual mínimo dessa produção seja nacionalizada.
Essa parceria também envolve transferência de tecnologia, com o envio de pesquisadores e estudantes para a China. Organizamos um grande evento com professores da Universidade Agrícola da China, consolidamos esse convênio e abrimos grandes possibilidades para nossos estudantes e pesquisadores. A ideia é fortalecer a agricultura familiar da região, o que tem impacto direto no semiárido.
Além disso, na Ufersa, temos cursos em diversas áreas das ciências agrárias e em 14 modalidades de engenharia, distribuídas pelos campi de Mossoró, Angicos, Caraúbas e Pau dos Ferros. Essas formações certamente irão contribuir de forma significativa dentro dessa parceria e em outras iniciativas.
Outra ação importante é a transformação do nosso Núcleo de Inovação Tecnológica em uma Agência de Inovação, o que é uma prioridade de gestão. Damos atenção especial à permanência estudantil, à inovação e à inclusão. Isso permeia todas as áreas da universidade, seja no ensino, na pesquisa, na extensão ou na inovação tecnológica.
No campo da inovação, nossa região possui setores muito fortes, como fruticultura irrigada, a indústria salineira e a exploração de petróleo. Recentemente, realizamos o evento “Mossoró Óleo, Gás e Energia”, que reuniu mais de 9 mil inscritos e participantes de mais de 25 países. Esse evento foi um sucesso, com investimentos realizados na ordem de 50 milhões de reais, fruto de parcerias e articulações, como com a Rede Petro.
Além disso, nosso parque tecnológico está em construção, com um investimento de 7,3 milhões de reais, vinculado ao PAC das Universidades. Paralelamente, avançamos no projeto de criação da nossa agência de inovação e em programas que fomentam o desenvolvimento do semiárido.
Um exemplo disso é o evento “Inova Ufersa”, que realizaremos na próxima terça (17). Ele será um marco para discutir e apresentar nossas iniciativas em inovação. Temos tido um crescimento significativo na produção de patentes na instituição, algo que pretendemos intensificar, sempre com foco em pesquisas criativas e soluções que atendam às necessidades do semiárido.
Esses são alguns dos pontos em que estamos trabalhando e avançando, sempre com a missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável da região.
José de Paiva Rebouças: Professor, uma questão envolvendo as agências de inovação, especialmente projetos relacionados a patentes, é que nossas universidades públicas têm desenvolvido tecnologias importantes, mas nem sempre esses trabalhos estão vinculados à indústria. Com isso, muitas dessas criações não geram nenhum retorno para a universidade. A criação dessa agência de inovação já está pensando em solucionar esse problema?
Reitor Rodrigo Codes: Sim, essa é uma realidade que reconhecemos e queremos mudar. Um dos nossos objetivos é buscar também a captação de recursos privados. Para você ter uma ideia, atualmente, na nossa fundação de apoio, 95% dos recursos captados são públicos e apenas 5% vêm de fontes privadas. Esse dado nos mostra a necessidade de diversificar e aumentar a participação do setor privado no financiamento de projetos da universidade.
Grande parte dos recursos que recebemos hoje é de origem pública, provenientes de TEDs, emendas parlamentares ou editais de financiamento público. Temos vários projetos importantes que dependem desse tipo de apoio. No entanto, eventos como o Mossoró Oil and Gas mostram que é possível captar recursos privados para iniciativas da universidade. Já temos algumas empresas financiando projetos, mas ainda há um longo caminho para fortalecer essas parcerias.
Paralelamente, é essencial reduzir a burocracia dentro da universidade. Para isso, criamos um programa chamado Tramita Fácil, como parte da nossa proposta de gestão. Ele tem como objetivo, em parceria com a procuradoria, simplificar os trâmites administrativos, tornando mais ágeis os processos que envolvem a captação de recursos e a execução de projetos. Muitas vezes, vemos projetos sendo operacionalizados por universidades de outras regiões do país, quando temos pleno potencial para realizá-los aqui na nossa instituição. É um desafio que estamos enfrentando com determinação para vencer essa inércia.
Nossa meta é alcançar um nível de captação que amplie a sustentabilidade financeira da universidade. Recentemente, visitei a Unifesp, onde fiquei impressionado com o modelo deles: metade do orçamento de custeio vem do governo, enquanto a outra metade é obtida por meio de recursos prospectados. Esse é um patamar que podemos e queremos alcançar. Sem dúvida, isso contribuirá significativamente para o fortalecimento e o desenvolvimento da nossa universidade.
José de Paiva Rebouças: Professor, a ESAM ficou conhecida como uma universidade agrícola, e a Ufersa surgiu com essa mesma perspectiva. Hoje, como o senhor acha que a Ufersa é vista? Além disso, na gestão anterior havia uma discussão sobre a expansão da Ufersa para outros locais, como a Serra de São Bento. Queria saber como está essa questão e, considerando que a Ufersa é uma universidade do semiárido, se há alguma perspectiva de expansão para o Nordeste Setentrional, onde o semiárido está amplamente presente.
Reitor Rodrigo Codes: Quanto à expansão, isso exige uma alteração no projeto de lei, mas é, sem dúvida, um interesse nosso e algo que estamos discutindo. Respondendo à primeira parte da sua pergunta, a Ufersa, de fato, carrega esse forte viés agrícola, que é uma característica marcante e deve ser preservada. Porém, a Ufersa é muito mais do que isso. Ela tem ampliado suas áreas de atuação e promovido ações em diversos campos do conhecimento.
Vou citar um exemplo que me orgulha bastante, especialmente no âmbito da pesquisa. Na área das engenharias, em parceria com colegas da medicina, principalmente da ortopedia, desenvolvemos um projeto que resultou em duas cartas-patentes. Um desses projetos envolveu a criação de um parafuso biodegradável e bioabsorvível para a fixação do ligamento cruzado anterior, produzido com impressora 3D a um custo reduzido. Essa tecnologia tem grande potencial para beneficiar o Sistema Único de Saúde, tornando procedimentos mais acessíveis.
Além disso, temos um curso de Direito que se destaca com altíssimas taxas de aprovação na OAB, geralmente acima de 85%, o que também reforça a excelência da universidade em áreas além do campo agrícola. Essa ampliação de horizontes é algo que nos orgulha muito.
Quanto à expansão de cursos, um dos focos atuais está na área da saúde. Já temos um curso de Psicologia autorizado e planejamos iniciar as aulas em breve. Além disso, estamos trabalhando para criar os cursos de Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia, que são extremamente necessários para a região. Esses três cursos já estão incluídos nos recursos destinados a uma nova edificação que será construída com verbas do PAC das Universidades.
A demanda por esses profissionais é imensa. Psicologia, por exemplo, é frequentemente mencionada pela comunidade local, e o curso terá grande procura. Da mesma forma, há um déficit significativo de terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos na nossa região. Posso falar por experiência pessoal: meu filho mais velho é autista, e mesmo com recursos financeiros, enfrentamos dificuldades para encontrar profissionais qualificados. Agora, imagine o impacto positivo que esses cursos terão, especialmente para quem depende do Sistema Único de Saúde.
Com esses novos cursos, a Ufersa não apenas atenderá a uma necessidade urgente da região, mas também fortalecerá suas ações voltadas à inclusão. A contratação de docentes e técnicos especializados permitirá que desenvolvamos projetos de pesquisa, extensão e ações que contribuirão para tornar nossa universidade ainda mais inclusiva e alinhada às demandas sociais. Sem dúvida, esses esforços consolidam o papel da Ufersa como uma instituição de ensino superior que vai muito além de sua origem agrícola, abraçando múltiplas áreas do conhecimento.
Mônica Costa: Professor, a minha pergunta é voltada para a educação. Alguns professores que escrevem regularmente para o Nossa Ciência apontam o grande desafio de reter estudantes na universidade. A evasão tem sido um problema significativo, representando também um custo elevado para o país. O senhor vislumbra alguma solução para essa questão? Como essa situação impacta a Ufersa?
Reitor Rodrigo Codes: Sem dúvida, isso é uma prioridade para nós. Como mencionei no início, a permanência estudantil é a nossa ação prioritária. Desde o início da gestão, criamos uma comissão específica para tratar do tema, especialmente em virtude da nova Lei Nacional de Assistência Estudantil, aprovada em julho. Essa comissão já está finalizando os trabalhos para elaborar o programa de assistência estudantil da Ufersa, devidamente atualizado com base na nova legislação.
Estamos atentos aos índices de evasão e retenção e trabalhamos em diversas frentes para mitigar esses problemas. Além disso, temos outra preocupação decorrente do contexto pós-pandemia: a dificuldade de preencher todas as vagas oferecidas pela universidade, algo que não enfrentávamos até 2019, quando o problema se restringia à evasão. Por isso, estamos fortalecendo não apenas as ações de permanência, mas também as políticas de atração de novos estudantes.
Especificamente no campo da assistência estudantil, temos tratado esse ponto como prioritário. No âmbito do novo PAC, estamos planejando a construção de complexos poliesportivos que ofereçam suporte ao estudante, pois acreditamos que o incentivo ao esporte é uma estratégia eficaz para fortalecer a permanência universitária. Temos várias iniciativas de sucesso nessa área. Por exemplo, no campus central, em Mossoró, contamos com diversas assessorias de corrida. O campus é um espaço seguro e atrativo, utilizado diariamente por pelo menos 15 assessorias.
Temos ainda projetos em busca de recursos para construir pistas específicas de cooper e ciclismo no campus, com iluminação adequada e marcações de quilometragem, que não só incentivam o esporte, mas também estreitam a relação da universidade com a comunidade local.
Quanto às ações diretamente ligadas à assistência estudantil, já oferecemos uma variedade de bolsas acadêmicas, além de auxílios para os residentes universitários e para estudantes que participam de atividades esportivas. Também estamos discutindo novas medidas para levar aos conselhos superiores. Um exemplo é a proposta de gratuidade no restaurante universitário para estudantes bolsistas, mesmo os voluntários. Atualmente, o RU serve mais de duas mil refeições por dia, subsidiadas a R$ 2,50 cada. Nosso objetivo é ampliar essa política para garantir que os estudantes possam permanecer integralmente na universidade, sem barreiras financeiras.
Outro ponto importante é a criação de espaços de convivência, algo que tem sido muito demandado pelos estudantes. Esses espaços seriam fundamentais para proporcionar conforto e atrair os alunos a permanecerem na universidade durante todo o dia.
São diversas ações que estamos discutindo e planejando implementar em breve, sempre com o objetivo de enfrentar o problema da evasão e promover um ambiente mais acolhedor e acessível para os nossos estudantes.
José de Paiva Rebouças: Professor, recentemente a Ufersa iniciou uma iniciativa para obter um canal de televisão e uma rádio, mas parece que isso vai funcionar em rede. O senhor pode explicar melhor?
E também gostaria de saber se há alguma ação voltada à promoção e popularização da ciência.
Reitor Rodrigo Codes: Sobre a questão da rádio e da TV, estive recentemente em visita à EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e a ideia é que esse projeto seja estruturado em rede. Aqui na Ufersa, não temos cursos na área da comunicação, mas contamos com outras áreas de destaque, como as ciências agrárias e a tecnologia, que juntas representam uma boa parte da instituição, além de 11 licenciaturas. Essas últimas são mais consolidadas na nossa instituição irmã, a UERN, que está ao lado, mas ainda assim temos um papel importante em outras áreas, como medicina e ciências sociais aplicadas.
A proposta é trabalharmos em parceria. A EBC obteve uma emenda de 10 milhões de reais para contemplar várias cidades, incluindo Mossoró. Nesse contexto, temos mantido diálogo com a UERN, pois nessas cidades as instituições estão atuando juntas. Eles estão mais avançados nesse processo, mas nossa intenção é nos inserir e contribuir.
No que diz respeito à rádio, também estamos buscando recursos para implementar esse projeto. Claro que isso demanda planejamento cuidadoso, pois haverá necessidade de contratar profissionais, o que envolve custos e estrutura. Ainda assim, definimos como prioridade porque a divulgação e popularização da ciência são essenciais.
Temos, por exemplo, a proposta de criar salas de cinema nos nossos quatro campi. Para você ter uma ideia, cidades como Angicos, Caraúbas e Pau dos Ferros, onde temos campi, não possuem cinemas. Além de oferecer cinema como lazer, queremos usar essas salas para divulgar nossas produções internas, como trailers de ações de pesquisa, extensão e curtas-metragens produzidos na universidade. Essa é uma forma de aproximar a comunidade da Ufersa e mostrar o que está sendo feito aqui. Já estamos dialogando com a RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) sobre a viabilização desse projeto, mas dependemos de recursos para infraestrutura.
Sobre a popularização da ciência, um exemplo recente é a Feira de Ciências do Semiárido Potiguar, que está em sua 14ª edição e foi realizada em nosso campus, no ExpoCentro. Recebemos estudantes do ensino fundamental e médio de 51 municípios da região, totalizando 1.600 inscritos e cerca de 500 trabalhos apresentados. Foi um evento de grande impacto, uma verdadeira celebração da ciência que aconteceu ao longo de quatro dias.
Os vencedores dessas feiras, como de costume, avançam para etapas nacionais em São Paulo, e muitos já alcançaram prêmios internacionais. Esse tipo de ação tem sido um dos principais instrumentos de popularização da ciência para nossa universidade.
Vale destacar que, recentemente, estive em Brasília para a Feira Nacional de Ciências, que foi organizada por três instituições federais: a Ufersa, a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e o Instituto Federal do Espírito Santo. É algo que nos enche de orgulho.
Além disso, dentro das obras previstas pelo novo PAC, uma delas será voltada para a popularização da ciência, oferecendo infraestrutura para projetos desse tipo. A feira de ciências já nos abriu portas em editais nacionais, com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, via CNPq, além de iniciativas promovidas por embaixadas. Esse trabalho tem se tornado uma vitrine importante para a Ufersa e para o Semiárido Potiguar.
Mônica Costa