Interface cérebro-máquina para contenção de epilepsia Pesquisa

quinta-feira, 12 dezembro 2024
Erika Garcia Cerqueira, neuroengenheira formada pelo ISD, assina artigo publicado em periódico internacional. (Foto: ISD)

Estudo de pesquisadores do ISD visa detectar crises epilépticas em um “momento ideal” para que a estimulação medular atenue, ou até mesmo anule, as convulsões.

Cerca de 50 milhões de pessoas vivem com epilepsia globalmente, segundo a OMS. A condição tem como característica convulsões causadas por uma atividade atípica dos impulsos elétricos no cérebro, sendo a eletroestimulação medular uma das possíveis alternativas para o controle desses sintomas. Pensando nisso, pesquisadores do Instituto Santos Dumont (ISD), localizado em Macaíba (RN), desenvolveram uma interface cérebro-máquina capaz de detectar automaticamente o período da crise a partir de sinais neurais, ativando a eletroestimulação na medula espinal no momento da crise.

Os pesquisadores descrevem a tecnologia como uma interface cérebro-máquina. Ou seja, o estudo estabelece um caminho direto entre o cérebro e um dispositivo externo, aliada à estimulação elétrica da medula espinal. O objetivo é detectar crises epilépticas em um “momento ideal” para que a estimulação medular atenue, ou até mesmo anule, as convulsões.

Superar barreiras

Quem assina o estudo como autora principal é Erika Garcia Cerqueira (foto). Ela é engenheira biomédica de formação e neuroengenheira formada pelo Programa de Pós-graduação em Neuroengenharia do ISD. A pesquisa fez parte de seu trabalho de mestrado na instituição, em 2022. 

A interface teria, em uma versão futura, o potencial de transformar a qualidade de vida dos pacientes, pois sua configuração e resultados esperados permitiriam superar barreiras ligadas aos impactos das crises que impedem a vivência plena do paciente. “Com um maior número de participantes e depois de fases de validação suficientes, seria extremamente relevante que essa interface pudesse ser utilizada na prática, com pessoas com epilepsia”, complementa Erika. 

Publicação

A “Biomedical Physics & Engineering Express”, da IOP Science, publicação mantida pelo Instituto de Física do Reino Unido, publicou o estudo . A ideia central é a Interface cérebro-máquina baseada em potencial de campo local para inibir crises epilépticas utilizando estimulação elétrica da medula espinal.

Hoje doutoranda na Espanha, Érika Cerqueira explica que a ideia do trabalho veio a partir de uma observação da associação entre a epilepsia e o excesso de conectividade cerebral. 

“Ao me aprofundar na área de neuroengenharia no ISD, percebi o quão prevalente é a epilepsia, tanto na sociedade brasileira quanto no contexto global. Apesar de já ter amigos e conhecidos que convivem com a condição, foi ao analisar os dados que compreendi a magnitude do impacto que a epilepsia tem na sociedade”, considera. A pesquisa tem como coordenador Denis Delisle-Rodriguez.

O ISD e a epilepsia

Além de fomentar pesquisas que têm como tema de estudo a epilepsia, o ISD é referência no acolhimento de pessoas com epilepsia farmacorresistente. Essa condição atinge os casos em que os medicamentos não estão controlando as convulsões. 

O Centro Especializado em Reabilitação da instituição (CER ISD) possui uma linha de cuidado específica para a epilepsia. Lá pessoas de todas as idades e de todo o estado do Rio Grande do Norte são atendidas.

ISD, edição Redação Nossa Ciência

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