O fenômeno vai na contramão da expansão recente das Universidades públicas no Brasil
(Helinando Oliveira)
Uma nova geração afetada por todas as mazelas do ensino remoto na pandemia se mostra cada vez menos interessada em adentrar às portas da Universidade. Por conversas com professores da área, temos percebido que nas escolas públicas o número de estudantes interessados em prestar o ENEM vem se mostrando cada vez menor. Haverão de associar em breve com as redes sociais este fenômeno que precisa ser entendido e remediado.
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O desinteresse pelo ensino formal vai na contramão da expansão recente das Universidades públicas no Brasil, que abriu caminho para a entrada da população pobre no ensino superior. No entanto, mesmo com a assistência estudantil, uma grande parcela dos jovens ainda não vislumbra possibilidades na Universidade. As razões podem passar pela desinformação, pelo afastamento da sociedade e da Universidade, da formalidade da academia e da necessidade imediata de solução para problemas que não podem esperar o tempo de uma graduação para serem resolvidos.
Os últimos anos mudaram as relações de trabalho e o planeta de forma tão profunda que as instituições não conseguiram acompanhar estas mudanças. As ferramentas de ensino foram remendadas para suportar um ensino remoto que formaria os estudantes para um novo e imprevisível futuro
Educação bancária, redes sociais e ciência
Os últimos anos mudaram as relações de trabalho e o planeta de forma tão profunda que as instituições não conseguiram acompanhar estas mudanças. As ferramentas de ensino foram remendadas para suportar um ensino remoto que formaria os estudantes para um novo e imprevisível futuro.
Desatenção nas aulas e o novo normal
Como resultado, estamos em pleno ano de 2024 reproduzindo uma educação bancária com livros texto de 1970. Esta desconexão com a realidade pode ser apenas uma das razões pela evasão / desinteresse no ensino superior. Por isso mesmo precisa ser amplamente debatida e enfrentada. As Universidades públicas federais formam melhor porque fazem pesquisa. A evasão se dá pela defasagem entre o que se deseja do profissional e o que se ensina na graduação. Remover a pesquisa nos Community College brasileiros não deve garantir melhor qualidade de ensino ou de formação. Se nada muda, ambas continuarão formando profissionais para o século XX em pleno século XXI. O ensino de todos os níveis precisa se reinventar e permitir com que a educação volte a ser grande solução na vida dos jovens brasileiros.
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Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência
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