Bairrista como quase todo pernambucano, o autor deste texto exalta a rica cultura do povo de sua terra
Helinando Oliveira
O dia nacional da cultura foi estabelecido como sendo 5 de novembro por ser este o dia em que nasceu Ruy Barbosa (5 de novembro de 1849). Este grande soteropolitano foi, sem sombra de dúvidas, um dos maiores intelectuais brasileiros de todos os tempos.
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Sua versatilidade como político, jurista, advogado, diplomata, escritor e tradutor tornou o brilhante Ruy Barbosa uma das mais pessoas mais importantes de seu tempo, seja pela contribuição na primeira Constituição da República como também pela luta em prol da abolição da escravatura. E como representante de nossa cultura, Ruy Barbosa segue iluminando este rico repertório de memórias, tradições, conhecimentos formais e tácitos de uma população tão rica culturalmente como é o povo brasileiro.
E com todo o respeito a todos os outros estados, Pernambuco (minha terra e meu lugar) sabe preservar sua cultura como poucos. O bairrismo de seu povo é totalmente favorável e ter o hino cantado por Alceu Valença também.
O fato é que este sentimento de pertencimento e da defesa de seus bens imateriais mantêm vivos os ritmos, as danças, as paixões e todas as conquistas de nossos ancestrais. Ser ao mesmo tempo descendente de africanos, indígenas e europeus, em uma terra que deu o primeiro grito de independência do Brasil e que, aliás, já foi país (mesmo que por poucos dias) e que não se ressente de ser imortal, é celebrar todos os dias como sendo dia da cultura.
O auge de tudo isso vem no carnaval, quando todos os anos as pessoas fazem reverência a seus caboclos de lança e passistas de frevo pelas ruas de Recife e Olinda, mas também surge da rotina do dia a dia, quando todo recifense raiz fortalece a sua torcida em Sport, Santa Cruz e Náutico, em um país em que a mídia torna o interesse por times do sul e sudeste algo quase compulsório.
Recife e seu povo nos mostra como preservar nossas raízes, costumes e tradições. Mesmo que para isso sejam necessários exageros como a maior avenida em linha reta do planeta, melhor praia do Brasil, melhor bolo de rolo de todos, entre tantos outros atributos.
Poderíamos dizer que a overdose de cultura em que está mergulhado o povo pernambucano garante esse exagero escrachado de sua população, que decidiu se manter assim, multicultural e consciente da história de seus antepassados, de suas lutas e de suas conquistas.
Resumindo, como se entoa todos os anos do alto de algum trio elétrico no centro de Recife, em homenagem a um outro gênio, Capiba:
Nós somos madeira de lei que cupim não rói
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Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência
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