José Dias Nascimento Jr: “Pesquisa pioneira em IA terá impacto decisivo na busca por exoplanetas e vida fora da Terra”
Com seu trabalho em aprendizado de máquina e redes neurais artificiais, John J. Hopfield e Geoffrey E. Hinton apresentaram uma maneira completamente nova de usar computadores, o que foi fundamental para sua indicação ao Prêmio Nobel 2024, em Física.
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Os dois cientistas receberam hoje, terça-feira, o Prêmio Nobel de Física por descobertas que ajudaram os computadores a “aprender” e processar informações de forma semelhante ao cérebro humano. O prêmio reconhece globalmente a importância da IA na forma como vivemos, trabalhamos e nos comunicamos atualmente.
O professor José Dias do Nascimento Júnior, do Departamento de Física Teórica e Experimental, do Centro de Ciências Exatas e da Terra, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) falou sobre o impacto do trabalho dos ganhadores do Nobel na busca por exoplanetas e vida fora da terra.
Pesquisador associado ao Center for Astrophysics | Harvard & Smithsonianda que lidera pesquisas na área de astrofísica, especificamente na busca e classificação de exoplanetas, Nascimento Jr. tem utilizado redes neurais e aprendizado de máquina em suas pesquisas. Um de seus trabalhos recentes, em colaboração com o professor Luiz Felipe de Queiroz Silveira, do Departamento de Engenharia de Computação (DCA) do Centro de Tecnologia (CT) da UFRN, aborda o processamento digital de sinais.
Esse trabalho fez parte da pesquisa de Eduardo Nunes, no mestrado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação na UFRN. Nunes utilizou técnicas de processamento de sinais para tratar adequadamente processos não estacionários, como os sinais de luz emitidos por estrelas. Isso permitiu tanto a mitigação do ruído característico desses cenários, quanto uma análise espectral eficiente dos fenômenos astrofísicos de interesse. Além disso, o entendimento dos ciclos magnéticos do Sol e de suas estrelas gêmeas é extremamente complexo, e somente redes de aprendizado poderão desvendar o passado magnético do astro-rei.
“A IA expandiu a capacidade de interpretar grandes volumes de dados, e o aprendizado de máquina, por meio de redes neurais artificiais” explica Nascimento Jr. “Ela desempenha um papel fundamental na identificação de padrões, como aqueles que indicam a existência de exoplanetas em estrelas distantes e a periodicidade magnética”, afirma.
Sobre os ganhadores do Nobel em Física de 2024, o astrofísico da UFRN destaca que tanto Hopfield quanto Hinton reconhecem as preocupações com o aprendizado de máquina e sua possível influência negativa na sociedade. “No entanto, essa é uma questão que deve ser discutida globalmente por todas as gerações de seres humanos que compartilham este planeta azul”, completa o professor.
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