Quanto tempo tem o tempo de cada um? Ciência Nordestina

terça-feira, 1 outubro 2024

A grande fábrica de relógios do universo funciona a todo vapor há alguns bilhões de anos, produzindo relógios de todos os tamanhos e tic-tacs

A existência do tempo pode ser vista por diferentes perspectivas: será uma invenção humana ou algo que existe independentemente de nós? Neste texto, o professor Helinando Oliveira faz uma reflexão sobre a importância de se valorizar o tempo limitado de vida.

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Há quem diga que o tempo é invenção humana, há outros que acreditam que ele exista independente de cada um de nós. O fato concreto é que o tempo vem desde muito antes de todos os seres vivos. Embora as plantas e animais não tenham relógios amarrados em seus troncos e pulsos, eles respondem sincronamente aos ciclos de floração e reprodução.

A grande fábrica de relógios do universo funciona a todo vapor há alguns bilhões de anos, produzindo relógios de todos os tamanhos e tic-tacs. Na verdade, o que se sabe é que ela foi fundada no dia do Big Bang e sua motivação foi uma grande explosão que inundou de calor o espaço, enchendo de dinâmica aquele pedaço de nada. 

Antes que o leitor pergunte, permita-me antecipar: não se sabe o que era desta fábrica antes do Big Bang, nem mesmo se haviam relógios naqueles tempos. O fato é que a explosão meio que deletou o HD que continha estas informações. E o período que antecede o início dos tempos é tabu para a ciência.

Lutando contra a entropia

Atualmente existem relógios de todos os tipos: os que marcam o tempo de vida do sol, os dias e meses dos humanos… Há situações em que os relógios são desnecessários: os processos quânticos, por exemplo, são eternos. Não faz sentido perguntar a um elétron ou a um fóton qual é o dia da semana. Por sinal, é bem complicado pará-los sem os perturbar. Melhor deixá-los quietos quanto a isso.

Na verdade, e esta é uma verdade dura, o tempo só importa mesmo para quem tem data de validade. Isso vale para todos que lutam contra a entropia (ou que buscam manter um pouco de ordem diante da desordem que domina no resto do universo). Isso vale para todos os seres vivos e até mesmo para o sol, que queima incessantemente até que seu combustível acabe. Para quem não está nesta luta, pouco importa se é carnaval ou véspera de Natal.  A eternidade não mede o tempo.

Daí a importância de aproveitar cada momento de nossa estadia na Terra. Todos eles são únicos. Ao observar tantos jovens perdidos em suas telas de celular (redes socais) em meio a um almoço de família, me pergunto se eles não mereceriam ser apresentados à senhora Entropia (a dona da fábrica de relógios). Ela abre caminho para uma via só de ida na mesma batida com um só tic tac. Quanto tempo tem o tempo de cada um? Não sei. Só sei que o tempo é implacável. Como se fala pelas roças do sertão: “Cuida”!

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Leia o texto anterior da coluna Ciência Nordestina: Fome

Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência

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