Abrindo a seção Letras e Artes, Nossa Ciência traz uma entrevista com a poeta Rizolete Fernandes, que lança o livro Alguidar de Memórias – Pinceladas.
Nesta quinta, 12, a poeta Rizolete Fernandes lança seu oitavo livro Alguidar de Memórias – Pinceladas. O evento será na Pinacoteca, na Praça Sete de Setembro, no Centro, em Natal, a partir das 18h. Com esta notícia, Nossa Ciência passa a divulgar também as Letras e as Artes, expressões fundamentais que nos caracterizam como humanos.
Apoie o Nossa Ciência. Faça um pix para contato@nossaciencia.com
Rizolete Fernandes foi tema de um dos episódios do Podcast O que dizem essas mulheres?, realizado por esta editora do Nossa Ciência com a jornalista Luana França.
Antes deste, ela havia lançado os livros Luas Nuas (2006), Canções de Abril (2010), Vento da Tarde (2013), Cotidianas (2015) e Frutar (2022), todos de poesia. O livro Tecelãs, de 2017, é composto de crônicas sobre mulheres que a autora considera que fazem parte da História. Além dos autorais, Fernandes já integrou cerca de 18 coletâneas, algumas das quais publicadas na Europa.
Em 2004, seu primeiro livro publicado foi um ensaio sobre duas décadas do movimento feminista do RN. O livro A História Oficial Omite, Eu Conto: Mulheres em Luta no Rio Grande do Norte de 1980 a 2000 é resultante de sua principal atuação no movimento de mulheres, entre os anos 1970 e 2000.
O tema das lutas sociais volta nesta nova publicação. Para Rizolete Fernandes, a necessidade de falar desse assunto surgiu a partir do reconhecimento de que os jovens pouco sabem sobre os governos autoritários da Ditadura Militar no Brasil. Ela afirma que esse fato ficou muito evidenciado no período que vai do impeachment contra a presidente Dilma Roussef até a eleição do presidente Lula.
A autora reconhece que o Alguidar de Memórias tem um caráter autobiográfico. O livro é dividido em seis partes: Do lugar de origem; Da raiz familiar; De Caraúbas a Natal; Da participação nas lutas políticas e sociais contra a ditadura militar no Brasil na segunda metade do Século XX; Da democracia brasileira sob ameaça na segunda metade de Século XXI; e Da luta com as palavras.
Nossa Ciência: Depois da pandemia de Covid-19, ocorrida entre 2020 e 2022, você já lançou dois livros. Seu processo de produção aumentou depois da pandemia?
Rizolete Fernandes: Não, meu processo criativo não aumentou na pandemia. O Frutar já estava quase pronto, então. Só acrescentei algumas frutas.
NC: Qual foi sua principal motivação para esse novo livro?
RF: Eu tinha muita vontade de prestar algum pequeno tributo à minha terra, ao meu lugar e, de certo modo, fazer uma prestação de conta comigo mesma, do que eu fiz de lá até aqui. Como eu não sou uma pessoa que gosta de escrever prosa, eu fiz uma parte em forma de poemas. A outra parte, onde eu descrevo, por exemplo, a minha luta feminista, sindical, é mais descritiva mesmo, é prosa. Então, tem muito de escrita no formato de poesia, sem ser necessariamente poético, lírico e tem prosa também.
É o que eu estou chamando de miscelânea. Esse é um estilo que está muito em voga hoje. Tem muita gente boa publicando poesia e poesia.
NC: E qual é a sua temática do livro?
RF: Foi aquela história de resgates, pinceladas de resgates da minha história, desde o nascimento, do lugar de origem. E o livro tem uma espécie de seis divisões, que é do lugar de origem, depois da transferência para Natal, as lutas políticas. Eu cheguei em Natal em 1971, em plena ditadura militar, e fui para a universidade logo em seguida, e depois caí de corpo e alma nas lutas contra a ditadura. E desenvolvi todas as outras lutas.
Mas o que eu quero dizer é que a ditadura acabou em 1985. Mas 35, 40 anos depois veio de novo um golpe. O golpe do impeachment de Dilma e todo esse retrocesso político que se abateu sobre o nosso país. Então, eu retomo essas pinceladas das lutas. Quando começou esse novo golpe na democracia brasileira, a gente começou a notar a ausência de informação da turma jovem, o pessoal mais jovem. Muita gente não tinha a menor ideia daquelas lutas políticas.
Eu retomo isso aí, e eu me demoro um pouco mais nessa retomada das lutas. Eu peguei toda a luta contra a extrema-direita instalada no país e vou até a eleição de Lula em 2022, a retomada democrática.
NC: De onde veio a inspiração para o título?
RF: O título nomeia um objeto de barro que existe no interior. Eu sou interiorana, de Caraúbas, no sertão oeste. E Alguidar é uma vasilha de barro. Ela lembra muito uma fruteirazinha, com o pezinho mais fino e, em cima, as abas largas. Esse objeto é de muita utilidade. Serve para se botar grãos, feijão, milho, espigas de milho, depois de colhidas. E eu acho esse nome lindo. Então (decidi) que esse livro vai ser um Alguidar de minhas memórias. E parece que está agradando. Porque os primeiros elogios vêm para o título.
NC: Você já conseguiu apoio de algum dos instrumentos de financiamento cultural? Como ocorre o financiamento de seus livros?
RF: Eu diria que não consegui (financiamento público), porque não busquei. Eu fiz questão de não buscar apoio. Meus amigos até me recriminam muito por isso. Neste ano, pela primeira vez, eu pensei em conseguir apoio de um dos editais. Eu até pensei, mas depois que eu vi o atraso, E sabe como é, eu não tenho paciência de ficar esperando. Peguei meus trocados, investi no livro, que é meu barato mesmo. Então, nenhum dos oito tem um tostão que não seja meu.
Serviço:
Lançamento de Alguidar de Memórias – Pinceladas, de Rizolete Fernandes
12 de setembro de 2024, às 18h, na Pinacoteca – Praça Sete de Setembro, Natal
Deixe um comentário