Neuroengenheiras formadas pelo ISD são aprovadas em doutorados dentro e fora do país e agora têm o objetivo de expandir seus conhecimentos e seus estudos, levando-os para novos horizontes da pesquisa
A melhoria da qualidade de vida e da autonomia de pessoas com deficiência e o incentivo ao desenvolvimento e à inclusão social desde a infância estão entre os diversos objetivos das pesquisas desenvolvidas no mestrado do Programa de Pós-graduação em Neuroengenharia do Instituto Santos Dumont (ISD), localizado em Macaíba. Anualmente, dezenas de novos neuroengenheiros formados pelo instituto levam consigo os impactos de suas pesquisas, seja para o mercado ou para o cenário acadêmico.
É com essa visão que as neuroengenheiras Anna Karoline Almeida, Aline Roberta Silva, Ericka Serafini e Izadora Medeiros, recém-formadas pelo ISD, iniciam uma nova etapa de suas carreiras. Elas foram aprovadas em programas de doutorado dentro e fora do país e agora têm o objetivo de expandir seus conhecimentos e seus estudos, levando-os para novos horizontes da pesquisa.
Estudo do cérebro
Como a ciência aliada à prática clínica pode transformar o desenvolvimento da linguagem e a comunicação de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)? Essa foi a pergunta motivadora para a pesquisa de Anna Karoline Almeida no mestrado do ISD, que permanece como base para seu doutorado na Universidade do Sul da Flórida, nos Estados Unidos, onde já iniciou os estudos.
No ISD, Anna utilizou protocolos de avaliação da linguagem aliados à técnica da estimulação elétrica transcraniana, descobrindo que a combinação pode ser promissora para o desenvolvimento da comunicação. No doutorado, o objetivo da pesquisadora é expandir esses resultados, com foco no desenvolvimento infantil no TEA, especialmente para crianças que enfrentam dificuldades de aprendizagem no contexto do bilinguismo (domínio de dois idiomas).
Em Macaíba, Anna teve a oportunidade de explorar diferentes técnicas, como o rastreamento visual (eye tracking) e a eletroencefalografia (EEG). Agora, nos Estados Unidos, foi convidada para conduzir minicursos sobre a experiência das pesquisas conduzidas no Brasil e sobre a atuação do ISD na neuroengenharia.
“Durante o mestrado no ISD, vivi experiências que foram além dos limites da fonoaudiologia, o que foi verdadeiramente engrandecedor. No doutorado, espero aprofundar meus conhecimentos sobre desenvolvimento da linguagem e levar esse aprendizado para crianças e famílias que não têm acesso a esses recursos”, considera a pesquisadora.
Quem também enxergou a pesquisa científica com fins sociais foi a fonoaudióloga Aline Roberta Silva, que teve outro objeto de pesquisa: o zumbido. Descrito como uma sensação sonora que não se origina de uma fonte externa (ou seja, percebida só por quem a sente), este é um problema que pode surgir por diversos fatores e apresenta desafios para a qualidade de vida da pessoa afetada.
Por isso, Aline se debruçou sobre a análise neurobiológica e eletrofisiológica, avaliando como o cérebro responde à exposição constante ao ruído. O estudo passou por diversas etapas, como a manufatura de microeletrodos, experimentos eletrofisiológicos e análise e processamento de sinais biológicos.
Agora, no doutorado da Universidade de Freiburg, na Alemanha, Aline estudará a plasticidade do sistema auditivo central. Especificamente, a pesquisadora utilizará seu conhecimento adquirido sobre o cérebro auditivo para entender como melhorar a percepção espacial de pacientes com deficiência auditiva.
“No ISD, me reconheci como cientista e tive a oportunidade de expandir minha visão. Para mim, é uma honra dizer que sou a filha de um pedreiro e de uma manicure, a primeira pessoa da minha família a ingressar no ensino superior e que, em breve, serei doutora. Espero que seja um exemplo de que com oportunidades na educação, podemos chegar longe”, reforça a cientista.
Com a viagem para a Alemanha marcada, a cientista iniciou uma rifa solidária para auxiliar nos custos de transporte, alimentação e estadia no primeiro mês no exterior. Detalhes sobre a campanha podem ser acessados nesse link
Reabilitação motora
As fisioterapeutas Ericka Serafini e Izadora Medeiros possuem objetivos similares em suas pesquisas: utilizar as neurociências e a neuroengenharia para aprimorar a reabilitação de pessoas com deficiências físicas. Aprovadas em programas de doutorado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), elas irão para campi diferentes, mas com propostas inovadoras na área da saúde.
No programa de doutorado em Fisioterapia da UFRN (campus de Natal), Ericka Serafini continuará a expandir sua pesquisa sobre a reabilitação da Lesão Medular Espinal (LME) completa. Durante o mestrado, ela utilizou uma interface cérebro-computador (ICC) aliada ao Lokomat, um dispositivo robótico de auxílio da marcha, para entender os impactos eletrofisiológicos e clínicos
O estudo fortalece o uso da ICC enquanto tecnologia assistiva na reabilitação e reforça a capacidade do método de melhorar a conectividade cerebral, o planejamento, controle e a execução de atividades motoras voluntárias. No doutorado, planeja explorar novas abordagens terapêuticas que unam a neuroengenharia à terapia e que possam melhorar ainda mais a qualidade de vida de pessoas afetadas pela LME.
“Estou muito feliz e entusiasmada com esta nova etapa. A formação multidisciplinar no mestrado foi fundamental para minha evolução, pois me proporcionou uma base sólida em neuroengenharia e reabilitação, além de experiências práticas e uso de tecnologias que foram cruciais para o desenvolvimento das minhas habilidades de pesquisa”, conta Ericka.
Para Izadora Medeiros, o foco é a fisioterapia neurofuncional e a doença de Parkinson. Ela irá para o campus da UFRN localizado em Santa Cruz, onde focará sua pesquisa de doutorado na análise de movimento de pessoas afetadas pelo Parkinson ou por outras patologias neurológicas.
No ISD, Izadora escolheu investigar como a neuroengenharia pode ser uma aliada da reabilitação motora, especificamente para o treino de dupla tarefa, que se refere à ação de caminhar e de desempenhar uma tarefa cognitiva ao mesmo tempo (como andar e falar ao celular). Ela utilizou a estimulação elétrica transcraniana durante a caminhada em esteira com o treino de tarefas duplas, compreendendo esta união como uma alternativa promissora para a melhoria da função motora.
“Durante o doutorado, eu pretendo aprofundar ainda mais meus conhecimentos sobre fisioterapia neurofuncional, que é, desde a graduação, a minha área escolhida e que eu pude trabalhar também durante o mestrado. A minha experiência no ISD contribuiu não só para aumentar meu entendimento sobre esse campo, mas para minha trajetória de pesquisadora e profissional como um todo”, considera Izadora.
O Mestrado
O Mestrado em Neuroengenharia do ISD, criado em 2013, é o primeiro e único reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) no Brasil nesta área. Seu objetivo é formar profissionais altamente qualificados, capazes de contribuir de forma global e interdisciplinar para o desenvolvimento de pesquisas e produtos na Neuroengenharia.
O programa, gratuito e com duração de 24 meses, tem a Engenharia Biomédica como área de concentração e ocorre no Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), unidade do ISD localizada em Macaíba, cerca de 25 quilômetros de Natal. Todos os alunos têm direito a transporte gratuito de Natal a Macaíba oferecido pelo ISD.
Assessoria de Comunicação ISD
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