É fundamental colocar a ciência a serviço do povo e o primeiro passo para isso é contextualizando-a e permitindo com que as pessoas se apossem de seus frutos.
Com o retorno do portal Nossa Ciência, volta também a coluna Ciência Nordestina, que acompanha o portal desde 2015. Para quem não acompanhou a primeira fase da coluna, permitam-me uma breve apresentação: eu sou Helinando, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco, trabalho com física da matéria condensada e aplicações na nanotecnologia. Quanto ao “Ciência Nordestina”, sua missão é de descomplicar as coisas e mostrar que ciência não é nada de outro mundo. Aliás, a ciência é nordestina e sertaneja, com sotaque e cheirinho de cuscuz saindo do fogo. É fundamental colocar a ciência a serviço do povo e o primeiro passo para isso é contextualizando-a e permitindo com que as pessoas se apossem de seus frutos.
Desde o início do Nossa Ciência foram mais de 150 semanas ininterruptas de matérias inéditas toda terça bem cedinho. Estas matérias foram reunidas em um e-book “Semanário de um cientista brasileiro” disponível neste link. Um detalhe histórico que merece atenção é o recorte do período que estas matérias cobrem: foram os piores momentos da história recente da ciência no Brasil. Atualmente vivemos outro momento, de esperança.
E tão logo a editora Mônica Costa me fez o convite, aceitei retomar a coluna e reforçar o desafio de escrever para fora da bolha acadêmica: despido da nomenclatura técnica e rigorosa dos artigos acadêmicos, o chão parece sumir sob os nossos pés.
No entanto, o letramento cientifico é urgente, pois suas sequelas podem ser mortais, vide chloroquina e terraplanismo. O combate à ignorância científica é missão de todos os pesquisadores, dado que em última instância isso põe em risco a própria democracia. O povo não lê artigos qualis A em periódicos internacionais de alto fator de impacto.
É óbvio que publicar artigos é importante para o avanço da ciência. No entanto, as pessoas buscam informação nas redes sociais, youtube, nos podcasts. O conteúdo do artigo precisa ser compreensível por uma criança ou uma senhora que pouco saiba ler. Mas como falar de mecânica quântica para um quase analfabeto? Ora, se ele paga imposto que financia a pesquisa dos doutores, são os doutores que precisam provar ao povo a importância de sua pesquisa- e até mais, precisam dar uso desta ciência na vida das pessoas. E este é o espírito desta coluna.
Falaremos de ciência e também de política científica. Que os bons ventos da V Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (encerrada em 01 de agosto de 2024) sejam o início de um novo momento para o Brasil. Novas e melhores histórias serão contadas nesta volta da ciência nordestina.
Próxima terça estaremos aqui novamente, descomplicando e dialogando. Foi um prazer voltar. Até semana que vem.
Helinando Oliveira é professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf. Atualmente, é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciências.
Helinando Oliveira
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