Educação bancária, redes sociais e a ciência Ciência Nordestina

terça-feira, 30 agosto 2022

O interesse da população em ciência passa a ser cada vez menor e isso torna a sua disposição cada vez maior de aderir a crenças, superstições e charlatanismos

O incentivo à educação bancária (aquela que priva o protagonismo do nosso povo e o substitui pelo conteudismo encerrado e acabado dos livros texto) em associação ao controle das redes sociais estabelece a condição ideal para a propagação do obscurantismo do pensamento crítico, já previsto desde o século passado por Carl Sagan em sua obra “O mundo assombrado pelos demônios”.

O processo de “emburrecimento”, já ressaltado por Sagan naquela época, veio em meio a uma avalanche de conteúdos cibernéticos, tornando as manchetes e pequenas expressões dominantes na construção da opinião púbica. Com isso, o aprofundamento em todo e qualquer tema adquire ares de impossibilidade completa – e como consequência, a ciência e correlatos sofrem as principais consequências (em todos os níveis). Então vejamos: o interesse da população em ciência passa a ser cada vez menor e isso torna a sua disposição cada vez maior de aderir a crenças, superstições e charlatanismos como as curas quânticas, por exemplo.

A divulgação científica, por sua vez, passa a ser uma atividade para lá de complexa. Vídeos de divulgação com mais de 1 minuto já trazem consigo um risco tremendo de não terem adesão alguma de público. Esta matéria, por exemplo… Façamos um teste. Se você leu até aqui, deixe, por favor, um comentário qualquer no sítio do Nossa Ciência – logo ali embaixo. Na próxima semana informaremos quantas pessoas chegaram a ler todo o texto.

Chamar a atenção com poucas palavras e em curtos intervalos de tempo requer criatividade e edição de imagens que impactem o púlbico. E isso requer o engajamento de muita gente da ciência operando em divulgação científica. Obviamente que publicar um artigo em periódico qualificado é o sonho de todo cientista, todavia, para manter este sonho possível é necessário manter a ciência viva. E para isso, só resta o apoio popular, que precisa se apossar da ciência que ele financia.

Divulgação científica, presente.

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Leia o texto anterior: Ciência com impressoras 3D

Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

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