Regional versus global Ciência Nordestina

terça-feira, 26 julho 2022

Uma globalização verdadeira é construída pela soma de todos os regionalismos que atuem sem a condição de colonizador e colonizado

A discussão entre o global e o regional não foge à regra da história: a versão que vai para o livro é escrita pelos vencedores. E uma vez que certas regiões permaneçam sendo favorecidas, o discurso da globalização passa a prevalecer, caindo com uma luva parar “tornar iguais” os diferentes, mantendo-os inertes à desigualdade que os separa.

Dizer que todos somos iguais é o análogo a assumir que estudantes da rede pública e da rede privada concorrem em condições de igualdade na Universidade ou mesmo dizer que a condição de oportunidades dadas às crianças dos hemisférios norte e sul é a mesma.

É neste ponto que o regionalismo para a produção de conhecimento entra, permitindo a quebra severa de assimetrias maquiadas pela globalização.

Trazer os problemas da rotina para as comunidades estabelece um nível de protagonismo que viabiliza a inovação em vários níveis e a contextualização de suas situações reais. Este, sem dúvidas, é o caminho inverso da colonização, que impõe um modelo de beleza, religião, inteligência e sucesso.

Contrariamente a isso, cada região deve estabelecer o seu conceito de desenvolvimento à base do conhecimento construído por vias informais/ formais, reforçando a sua identidade e sua capacidade em resolver os próprios problemas.

Uma globalização verdadeira é construída pela soma de todos os regionalismos que atuem sem a condição de colonizador e colonizado, desenvolvendo em sua plenitude a capacidade de encontrar as soluções e enfrentar problemas com o conhecimento produzido por eles mesmos.

E isso parte do combate à síndrome de vira-lata que nos faz acreditar que tudo o que vem de fora é melhor. Precisamos acreditar na capacidade do brasileiro, nordestino, sertanejo produzir solução para os seus problemas… Ciência contextualizada integrada à sociedade. Vamos lá?

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Leia o texto anterior: A negação do vírus

Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

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