O desafio de criar motores para impulsionar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030
Muitas vezes em sala de aula, sou confrontado com a pergunta-mãe dos alunos: “Criar o quê, professor?”. Para perguntas como esta, convoco sempre o “mago” da motivação Simon Sinek, e rebato: “Antes disso, gafanhoto, deveríamos perguntar ‘Criar por quê?’, pois é o propósito que move a mente!”. Bem ancorado então, completo a resposta: “… Porque, do contrário, estaremos todos desempregados!”. Incrivelmente, começam a pulular centenas de ideias das mentes à minha frente. Mas para não deixar a galera “viajando” muito, gosto sempre de dar dicas focais de por onde começar. Minhas pistas favoritas para perguntas como estas repousam sempre nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, proposta pela ONU. De forma resumida, os 17 ODS.
Acredito que você concorda que a coisa não seja moleza, pois precisaremos de quase 8 bilhões de mentes para resolver esse quebra-cabeças-mundi! Como não tenho tempo ou recursos para juntar essa galera, convoquei as melhores cabeças que tinha em mãos: 24 estudantes da turma da disciplina Arranjos Produtivos Tecnológicos 2022.1 (APT) e a estrela das teorias inovadoras, a Profª Zulmara de Carvalho. Missão: criar motores para impulsionar os 17 ODS. Esta sentença contempla a segunda pergunta de Sinek, “Como?”, e a ferramenta é óbvia: claro que falo de Startups! Falta a última, “O quê?”. O desafio da aula foi exatamente esse, e como a tarefa não é simples para mim, contratei essas mentes brilhantes para dizer o que devo fazer, como diria Jobs.
Esquentando os tamborins: a aula do dia 05/04/2022
Acredito que uma das formas mais eficazes de aprimoramento de uma instituição, seja ela pública ou privada, passa pela geração de um novo motor, a consolidação desse projeto e a posterior troca de motores. Rascunhei esse modelo na AC #Partiu Lean Ocean, na qual defendi que o nível mais avançado de inovação que uma uma empresa pode alcançar, o quinto – “Descoberta de um princípio” -, se dava quando a empresa promovia a Transmutação Organizacional ou TmO, trocando seu antigo “casco” por um novo. A inspiração ocorreu-me por observação da natureza: a geração anterior tende a passar adiante seus melhores genes, ávidos por abandonar a casca antiga (pais) pela que será a nova (filhos). Para mim, ainda é o melhor significado para vida… O mesmo princípio biológico pode ser aplicado a corporações, as quais utilizariam como gametas a Transferência Tecnológica e novo corpo uma futura startup. Com este pensamento evolutivo em mente, utilizando os 17 ODS para os “Por quê’s?”, as Startups para os “Como’s?”, faltou responder “O que fazer?”. E a resposta saiu como que empurrada: via inovação! Podemos, então, criar motores inspirados na belíssima equação do Prof. Ed. Robert (MIT): Inovação = Invenção x Comercialização. Outros corolários podem ser derivados:
Conceitos apresentados, discutidos e aprimorados por 26 cabeças na aula do dia 05/04/22, estávamos prontos para mudar o mundo na aula seguinte.
Exercício proposto à turma de APT em 07/04/22
Com a clareza da região mais abissal dos oceanos, a Fossa das Marianas – já que a dúvida era minha, para isso contratei pessoas inteligentes para resolver -, mergulhamos em direção à concepção dos motores capazes de impulsionar nossas promissoras Startups, aplicando a equação de Robert aos 17 ODS. A meta é encontrar o princípio atômico de cada um dos ODS e tentar criar modelos de P2S2 ou GovTech que orientem a execução de cada um dos ODS. Fácil de dizer, né não? Passamos “a bola” à turma e demos aos estudantes infinitos 20 minutos: Tomando os corolários derivados da equação de Robert e as palavras escritas na lousa pela Profª Zulmara como exemplos, encontrem ações que auto-multiplicadas sejam capazes de gerar inovações para cada um dos 17 ODS! Que os jogos comecem!
E os motores começam a rugir…
À medida que os estudantes se apresentavam, fui para o fundo da sala assistir, e “bingo!”: vários estalos mentais aconteceram, e a turma à minha frente começou a destravar minha mente. A Profª. Zulmara batizou mais tarde esse momento de “A arte do encaixe de peças!”.
A primeira conclusão que chegamos é que o ODS #01, Erradicação da pobreza, é, na verdade, a meta global que se deseja alcançar à medida que os outros ODS sejam contemplados. Aula encerrada, com quase metade da turma ainda por dar seu show – o que ficou para a aula seguinte -, corri para casa a fim de anotar meus espasmos Eureka. Agora já sei o que sugerir quando a pergunta “O que fazer?” vier à baila.
Finalizando…
Acredito que o resultado preliminar ao qual chegamos, professores e turma, seja um excelente guia de objetivos para a geração de P2S2s e GovTechs baseados nos 17 ODS. Compilei o momento Eureca na tabela que trouxe para vocês. A turma avançará neste sentido e criará motores ainda melhores, pois a cobrança não é apenas acadêmica, feita por Zulmara e Gláucio, mas pelo Mercado! E porque não dizer, pela vida?
Nota pós-texto. Agradeço a cada um dos estudantes as magníficas contribuições que deram a essa experiência incrível, por isto tive que registrá-la. Em especial a minha colega e amiga Zulmara de Carvalho, com quem, pela primeira vez, divido o mesmo espaço e tempo à frente da lousa.
Referências:
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 (https://brasil.un.org/pt-br/sdgs)
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Leia a edição anterior: Criando coisas com o mais poderoso dos brainstormings
Gláucio Brandão é Pesquisador em Extensão Inovadora do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Gláucio Brandão
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