Se queremos manter comunicação com o povo brasileiro, precisamos fazer uso dos canais efetivos
Vivenciamos nas últimas décadas uma grande transição das comunicações impressas para as plataformas digitais, que fez nascer a geração dos 140 caracteres (jovens nascidos em anos próximos à virada do milênio). Com a overdose de comunicação condensada em cards e postagens rápidas em redes socais, vimos o declínio dos jornais impressos que passaram a competir com os blogs e também o surgimento de uma situação o favorável às fake news, uma vez que o teor crítico das mensagens é extremamente afetado quando o conteúdo se resume aos poucos caracteres do título. Com isso, a ciência passou a ser frontalmente afetada, dada a tradição de criticidade embutida em seus longos artigos de discussão argumentativos.
Com uma população que cada vez menos lê e que é acondicionada em suas bolhas de conforto pelas inteligências artificiais, temos criada a atmosfera ideal para o crescimento do movimento anticiência, antivacina e demais vertentes. E neste ponto, a questão fundamental é: como reverberar a voz da ciência no meio da sociedade?
Publicando notas técnicas e artigos completos? Não! Já vimos que as pessoas não leem para além dos 140 caracteres. Imagine buscar artigos em revistas de alto fator de impacto em periódicos internacionais, escritos em inglês… Definitivamente não. Se queremos manter comunicação com o povo brasileiro, precisamos fazer uso dos canais efetivos.
As mensagens precisam ser figuras simples acompanhadas de textos de poucas palavras, que remetam a textos maiores que remetam a links com conteúdos mais completos, àqueles poucos interessados que queiram adentrar no assunto.
Ou seja, pouquíssimas pessoas leram esta matéria até aqui e certamente não terão entendido como as fake news tomam proveito da linguagem formal e distante dos cientistas para atuar desinformando. Àqueles que ficaram limitados apenas ao título, deixo um card-exemplo de como tudo pode resumido a poucas palavras. Digamos que este card seja o graphical abstract da matéria. E que aprendamos a levar nossos conteúdos para o bom e velho popular.
A coluna Ciência Nordestina é atualizada às terças-feiras. Leia, opine, compartilhe e curta. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag CiênciaNordestina.
Leia o texto anterior: Pandemia, guerra e fome
Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
Deixe um comentário