Painéis solares abrigam microrganismos com potencial aplicação microbiológica Pesquisa

segunda-feira, 1 novembro 2021

Pesquisadores encontraram sobre placas fotovoltaicas bactérias e levedura tolerantes a radiação solar, escassez hídrica e variações de temperatura

Só os organismos mais adaptados podem sobreviver a um ambiente exposto diariamente ao sol e às variações de temperatura que ocorrem ao longo do dia. Onde a água, quando aparece, não permanece por muito tempo.

Pesquisadores apoiados pela FAPESP encontraram um conjunto de bactérias e uma levedura adaptadas a essas condições em painéis fotovoltaicos, aqueles que transformam a energia solar em elétrica, instalados nas cidades de Sorocaba e Itatiba, no interior de São Paulo.

O estudo foi publicado na revista Microbiology Letters, da Federação das Sociedades Europeias de Microbiologia, e foi escolhido pelos editores do periódico como um dos destaques da edição.

Por suas características, os microrganismos encontrados têm grande potencial para o desenvolvimento de produtos que possam ficar expostos por longos períodos à radiação solar, como protetores solares, pigmentos para as indústrias de alimentos, química, têxtil, farmacêutica e cosmética, além de detergentes mais eficientes para a limpeza dos próprios painéis, com ação antimicrobiana.

“Observamos que a composição dessa microbiota é muito parecida com a encontrada em painéis fotovoltaicos em Valência [Espanha], Berkeley [Estados Unidos] e mesmo no Ártico e na Antártica”, conta Juliane Moura, que realizou o estudo durante seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Monitoramento Ambiental (PPGBMA) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Sorocaba, com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes).

“Ainda que as condições climáticas sejam diferentes entre os painéis dos países estudados, a superfície do equipamento abriga uma comunidade de microrganismos adaptada à radiação solar, à flutuação de temperatura, à escassez de água e ao material de que as placas são constituídas”, explica Iolanda Duarte, professora do Departamento de Biologia do Centro de Ciências Humanas e Biológicas (CCHB) da UFSCar e coordenadora do estudo.

Para coletar as amostras, os pesquisadores passaram um tecido de algodão embebido em uma solução estéril sobre módulos fotovoltaicos em Sorocaba e Itatiba. O material foi então acondicionado e levado para o Laboratório de Microbiologia Aplicada da UFSCar, onde teve o DNA extraído.

Usando sequenciamento parcial do gene 16S rRNA, as pesquisadoras encontraram uma composição microbiana similar entre as amostras analisadas, embora a de Sorocaba, coletada na zona rural, apresentasse uma diversidade levemente maior.

Os resultados foram parecidos aos dos trabalhos feitos na Espanha, nos Estados Unidos e nos polos, apesar da distância geográfica e das diferenças climáticas. Os gêneros bacterianos Methylobacterium-methylorubrum e Hymenobacter representaram mais de 90% da diversidade observada no estudo.

 

Veja a matéria na íntegra em https://agencia.fapesp.br/paineis-solares-abrigam-microrganismos-com-potencial-aplicacao-biotecnologica/37177/

Fonte: Agência Fapesp

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