Mesmo com todos os sinais das mudanças climáticas, não há nenhuma mudança de comportamento da espécie humana com relação à sua casa, o planeta.
Há uma infinidade de documentários nas redes que descrevem as mortes nas ondas de calor recentes no Paquistão. E não apenas lá, os verões estão cada vez mais severos (como o último verão de Tóquio, mostrado para o mundo todo com as olimpíadas). As queimadas no Brasil e toda agressão que se tem feito à Amazônia mostra o que nos espera no verão que se aproxima. E mesmo que os sinais sejam claros de que o clima e as pandemias estão nos levando a uma condição irreversível de extinção, não há nenhuma mudança de comportamento da espécie humana com relação à sua casa, o planeta.
É óbvio e claro que a ciência vem levando-nos a um prolongamento da vida humana. Não fossem os antibióticos, continuaríamos na expectativa de vida de 30 anos de idade. A tecnologia, no entanto, vem conduzindo a humanidade a um nível de letargia e domínio digital que a impede de usar a própria inteligência para fins de salvação da espécie. A solução para as ondas de calor definitivamente não é individual. Entupir as residências de aparelhos de ar condicionado apenas aumenta ainda mais a temperatura das cidades e expõe os pobres às condições mais agressivas que essas ondas vêm acompanhadas. Portanto, o isolamento em bolhas não pode ser pensado como solução.
É chegado o momento de pensar a coletividade acima dos lucros das grandes corporações. Fazer tecnologia para manter as fortunas e devastar o planeta é manter a velocidade de cruzeiro de uma espécie que decidiu se autossabotar.
Precisamos nos reconhecer como parte do planeta, revertendo toda a degradação ambiental já promovida pela espécie humana. Plantar mais arvores nos centros urbanos, fazer uma arquitetura integrada com a natureza, desenvolver tecnologias que revertam os perfis de desertificação… Tudo isso é bem mais relevante que desenvolver gerações futuras de eletrônicos. Possivelmente pode não haver gente para usá-los em seus lançamentos.
É hora de entender que as consequências de toda a ação antrópica podem já estar fora do alcance e reversão. Para isso, todos, exatamente todos precisam sair de sua zona de conforto.
E isso começa com a redução no consumo de combustíveis fósseis (ande mais de bike ou a pé), com o fim do uso de plásticos (use papel ou sacolas reutilizáveis, compre recipientes de vidro ao invés dos de plástico, abandone os canudos e copinhos de café), com o plantio de árvores (quando você plantou uma muda?), com a coleta seletiva… Conte dessa situação para seus vizinhos, envolva as crianças.
É hora de desfazer todo o mal que acumulamos ao longo dos anos. Aliás, no dia em que escrevo esta matéria (21 de setembro) é dia da árvore. Aproveitemos então para plantar mais um pouco de esperança.
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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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