Homenagem ao educador pernambucano inteligente de natureza criativa, contestadora e inquieta
Neste 19 de setembro o mundo celebra os 100 anos de um pernambucano espetacular que ousou misturar amor com educação, gerando uma semente que germinou e segue como o seu maior legado: a educação libertadora.
E como santo de casa não faz milagre (especialmente no Brasil), Paulo Freire precisou ser celebrado e homenageado mundo afora para poder ser (apenas em 2012) alçado à posição de patrono da educação brasileira. E mesmo depois de todo o impacto positivo de seu trabalho, suas palavras atravessam o tempo e encontram resistência por abalarem as estruturas das elites que tentam manter seu status quo. E isso se dá porque o seu método é eficiente não apenas por permitir com que a alfabetização de adultos se dê em 45 horas, mas principalmente por fazê-los entender que há outras (e muitas) melhores opções ao oprimido que não a de ser opressor.
Como outrora dissera o próprio Paulo Freire:
“Não basta saber ler que ‘Eva viu a uva’. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”
Com isso, Freire ousou acordar esse gigante em coma (o povo) lançando sobre ele gotas raras de uma substância que empodera, que destrói a “aprendizagem por repetição” e que volta a tornar diferentes aqueles que nunca foram iguais.
A natureza criativa, contestadora, inquieta e inteligente da educação que pulsava nas veias de Paulo Freire segue em seus livros, nas ideias de professores que amam o que fazem e nos estudantes que compreendem o poder transformador da educação. Este sentimento é ainda mais necessário nos tempos atuais de miséria, fome e de degradação da condição humana agravada por uma pandemia sem precedentes.
É inaceitável que em pleno século XXI tenhamos faíscas de fascismo escondidos sob um falso nacionalismo que insistentemente alimenta miséria, fome e morte, sob as custas da manutenção de uma escravidão que nunca foi extirpada de nosso território.
Se a história insiste em nos colocar no papel de uma nação descoberta, que seja Paulo Freire o verdadeiro descobridor do caminho para a dignidade de um povo.
Viva a educação libertadora.
Viva Paulo Freire.
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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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