Entenda por que a inflação de alimentos está muito alta e, resultou na insegurança alimentar de mais de 125 milhões de brasileiros
A inflação de alimentos no Brasil está em alta e, existem produtos da cesta básica de aumentaram em até 50%. Para se ter uma ideia da alta dos preços dos alimentos no país, temos hoje o menor consumo de carne dos últimos 25 anos, ao passo que, o aumento do consumo de ovo aumentou na mesma proporção. Apenas no mês de agosto de 2021, a inflação oficial do país atingiu 0,87%, sendo o pior resultado dos últimos 21 anos desde o ano 2000. A principal vilã da alta inflacionária deste mês foi a gasolina que, ficou quase 3% mais cara no período e, isto reflete na elevação dos preços de toda a cadeia de bens e serviços, inclusive a de alimentos. De acordo com o IBGE, dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados por este Instituto para a composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA/IBGE), oito registraram aumentos de preços e, a inflação acumulada chegou a 9,68% – a mais alta desde fevereiro de 2016 que atingiu quase 10%. O preço do pimentão subiu 59%, da mandioca 41%, do etanol 40%, da gasolina 39%, da carne de músculo 39%, do arroz 63%, do botijão de gás 32%, do tomate 31%.
Existe vários fatores que podem explicar a alta dos preços e, consequentemente, a volta da Fome – insegurança alimentar grave – no Brasil. Dois fatores são relevantes neste contexto da insegurança alimentar: 1°) A extinção do Conselho de Segurança alimentar no país, um conselho que estudava a natureza e gênese da fome no país e, buscava as soluções para combater a fome – um problema já superado, inclusive comemorado pela ONU e; 2º) O brasil não trabalha mais com o estoque regulador, pois o ministério da agricultura e da economia entenderam que manter o estoque regular era mais caro do que eventualmente importar alimentos para baratear.
Na verdade, há uma demanda gigantesca por alimentos no mundo devido à crise sanitária da COVID 19 e, o Brasil está exportando muitos alimentos – são commodities agrícolas e, há uma equalização de preços no mercado interno e quem paga a conta é a população mais pobre e extremamente pobre.
Na cadeia produtiva de alimentos, registrou-se redução de 50% da área destinada a plantação de arroz, de 76% da área destinada feijão e, contrariamente, um aumento da área agricultável de 165% destinado ao plantio de soja e 146% destinado ao plantio de milho.
De fato, há registro de aumento de áreas cultivadas com produtos destinados à exportação denominadas de commodities agrícola que é importante para o país, pois gera divisas brasileira, no entanto, é necessário e urgente garantir a segurança alimentar da população brasileira oferecendo arroz e feijão a preços acessíveis. Deste modo, é preciso ter um governo com política pública para solucionar o problema da segurança alimentar do país, fazer intervenções e corrigir as distorções para a comida chegar na mesa de todos (as) os brasileiros (as).
Estamos completamente entregues às oscilações do mercado internacional e, não é aceitável termos 125 milhões pessoas vivendo em insegurança alimentar, sendo o Brasil o terceiro maior produtor e exportador de alimentos do mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos e China.
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Leia o texto anterior: Uso de percolado de aterro sanitário como fonte de nutrientes em cultivos agrícolas
Nildo da Silva Dias é Professor Titular da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa).
Nildo da Silva Dias
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