Ouro: das joias às nanopartículas #HojeÉDiadeCiência

terça-feira, 3 janeiro 2017

Um dos elementos químicos mais cobiçados em sua forma pura, o ouro desempenha papéis diversificados na sociedade, serve de adorno, sendo símbolo de poder e também é vital para a tecnologia. Esses e outros aspectos históricos, científicos e sociais serão explorados neste texto.

Características Químicas e Tecnológicas

Metal de cor amarela e intenso brilho, o ouro se apresenta inerte na maioria das situações, podendo ser dissolvido em “água régia”, uma mistura de ácido nítrico e ácido clorídrico. O ouro não é um metal duro, podendo ser facilmente riscado, porém, suas características de condutividade elétrica e enorme resistência à corrosão, são extremamente úteis em um mundo dependente da energia elétrica.

Estamos cercados de ouro, sabe aquela parte dourada nos contatos de materiais eletrônicos? É ouro! Boa parte dos eletrônicos que utilizamos possuem contatos elétricos de ouro, celulares, computadores e todo tipo de equipamento onde é necessário que a corrente elétrica flua de maneira eficiente.

O ouro também é utilizado na formação de nanopartículas, que são estruturas com o tamanho de um bilionésimo do metro, podendo possuir aplicações das mais variadas, desde o transporte de fármacos em nosso organismo até aplicações em eletrônica.

No transporte de fármacos, estes podem ser ligados ou encapsulados nas nanopartículas, permitindo um transporte mais eficiente, protegendo o fármaco da degradação e diminuindo a quantidade administrada.

Com os componentes eletrônicos cada vez menores, em um futuro próximo, as nanopartículas farão o trabalho dos resistores e transistores nos chips do “futuro”.


Figura 1: Variação da cor das nanopartículas de ouro com o aumento do seu tamanho.

O ouro no Brasil

O interesse pelo metal no país iniciou-se com o abaixamento dos preços do açúcar no mercado internacional devido ao sucesso do cultivo em colônias inglesas e holandesas. A coroa portuguesa necessitava de outra fonte de renda, passando a organizar expedições com o intuito de destruir comunidades quilombolas, apresar índios e buscar por novas fontes de renda, tais expedições eram chamadas de “entradas”. As “bandeiras” imortalizadas pela figura do bandeirante, foram expedições pelos mesmos motivos, porém organizadas por particulares ao invés da coroa portuguesa.

É preciso desvincular a imagem de herói atribuída à figura do bandeirante, foram personagens que contribuíram para a interiorização do país e para a descoberta do ouro, porém também são responsáveis pelo apresamento de povos nativos, quilombolas e pela exploração indevida de recursos naturais.

Outra corrida do ouro no Brasil ocorreu no início dos anos 1980, onde o achado de uma pepita de ouro deu origem ao maior garimpo a céu aberto do mundo, o garimpo de Serra Pelada no sul do Pará. Conhecido popularmente como “o formigueiro humano”, Serra Pelada possui uma história conturbada com diversas tentativas de fechamento, péssimas condições de trabalho.


Figura 2; Garimpo de Serra Pelada – Pará

A extração do ouro em Serra Pelada era feita pela adição de mercúrio à terra retirada dos barrancos da mina. O mercúrio possui uma afinidade química pelo ouro, permitindo que todo o ouro fosse extraído. Sendo o mercúrio o único metal líquido à temperatura ambiente, este era evaporado com a ajuda de maçaricos, restando o ouro praticamente puro. Tal processo libera o mercúrio extremamente tóxico para a atmosfera, contaminando de maneira quase irreversível os trabalhadores e o meio ambiente.

O ouro se mostra com um elemento versátil, que é utilizado pela humanidade como provedor de desenvolvimento, mas também como símbolo de distinção e poder, nos mostrando mais uma vez que ciência e sociedade estão totalmente interligadas.

Referências 

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