Mastodonte começa a ser estudado em Natal Pesquisa

segunda-feira, 9 janeiro 2017

Fóssil encontrado no município de Florânia vai ajudar a entender a mega fauna que habitou o estado há cerca de 10 mil anos

O fóssil do pré-histórico mastodonte que foi encontrado numa fazenda em Florânia, em agosto do ano passado, começará, este mês, a ser estudado pela equipe do Museu Câmara Cascudo (MCC), em Natal. Na ocasião, foram coletados fragmentos da defesa (presa de marfim) e da mandíbula com os dentes molares do animal. Após trabalho de limpeza e colagem para melhor preservação, o fóssil fará parte de exposição no município potiguar, localizado na região Central do Rio Grande do Norte, a 216 quilômetros da capital.

Para a paleontóloga e diretora do MCC, Maria de Fátima Ferreira dos Santos, que organizou a expedição para Florânia e confirmou a existência do fóssil, a descoberta é muito importante para o estado e para a Paleontologia. “Sempre que a gente encontra um fóssil ele sempre traz uma informação a mais. A paleontologia não faz só observar o osso, observamos aspectos diversos, nuances que nos ajudam a ver aspectos que antes não eram possíveis. Estudamos todo o contexto no qual o fóssil foi encontrado, não retiramos o osso somente. Esse trabalho nos ajudará na identificação e distribuição geológica da megafauna dentro do estado do RN”, explicou. Ela conta que após os estudos do fóssil, os planos incluem a revitalização do museu de Florânia para que a população local veja a importância científica do achado.

Megafauna

O mastodonte se assemelha ao elefante atual e viveu há cerca de 10 mil anos nas Américas do Norte e do Sul. Fósseis da espécie já foram encontrados em quase todos os estados brasileiros, exceto no Tocantins, e são registrados pela primeira vez em Florânia. De acordo com Maria de Fátima, o fóssil encontrado está bem conservado, com os dentes ainda presos na mandíbula, o que favorecerá os estudos a serem realizados. “Vamos investigar os aspectos tafonômicos, que dizem respeito ao processo de fossilização e às leis da preservação”, observa.

A paleontóloga explica que fazem parte da mega fauna animais acima de 400 kg. Os mais comuns no estado que tem essa associação faunística são preguiças, elefantes, tatus com mais de três metros de comprimento, toxodon (animal que se assemelha ao hipopótamo), tigres de dente de sabre e um tipo de macrauquênia (que lembra o camelo), formas completamente extintas. “Não é dinossauro, mas é algo igualmente importante. Essa fauna é nossa, não temos dinossauros, mas temos essa mega fauna que é fantástica. Imaginem esses animais caminhando no nosso estado”, provoca.

Os planos da equipe do MCC incluem uma nova expedição ao local da descoberta dos vestígios do mastodonte. “Pretende voltar ao local para fazer novas coletas, pois na primeira escavação rápida só colhemos material de mastodonte, que está no laboratório. Queremos primeiro fazer essa nova expedição para depois estudar o fóssil”, detalha Maria de Fátima.

Adolescentes encontraram o fóssil

Maria de Fátima destaca a forma como o fóssil foi achado, o que ela considerou muito especial, pois foi feito por dois jovens. A descoberta se deu graças ao adolescente Edivan Gaudino Neto e sua irmã Ana Karollina Santos Silva, de 16 e 12 anos, que encontraram os vestígios no leito de um rio e avisaram ao pai Edmilson Galdino, vaqueiro da fazenda. O dono da propriedade, Lirani Dantas acionou o arqueólogo Astrogildo Cruz (foto), o qual realizou a primeira análise juntamente com o também arqueólogo e professor de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Orlando Figueredo.

Ao identificar o potencial dos vestígios, os profissionais entraram em contato com a paleontóloga Maria de Fátima. A instituição da Rede Universitária de Museus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) possui um setor de paleontologia que abrange metodologias de coleta de amostras e dados em campo para embasamento e organização das coleções científicas.

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